Já ouviu falar em "ano sabático"? A
expressão evoca imagens de viagens pelo mundo, de dias sem pressa, de
redescobertas interiores. Mas o que realmente significa tirar um ano sabático?
É um período, geralmente de um ano, em que uma pessoa
decide se afastar de suas atividades profissionais e rotineiras para se dedicar
a outros projetos, interesses ou simplesmente para descansar e reavaliar a
vida. O termo "sabático" deriva do hebraico, "shabbat", que
significa descanso. Na tradição judaica, a cada sete anos, a terra deveria ser
deixada em repouso, sem cultivo, um ano de descanso e renovação.
Se você é como eu, caro leitor, estimada leitora, ainda
não tirou o seu. Entretanto, depois dos filhos estarem crescidos, é algo que
quero me dar ao direito para ter um período de descanso e renovação. Como
veremos, não pode ser considerado uma super férias ou até um refúgio dos que
não são afeitos ao batente; vai muito além disso.
A prática do ano sabático tem suas raízes na antiguidade. Originalmente,
o conceito era agrário, mas com o tempo foi adaptado para o campo acadêmico.
Nos séculos XIX e XX, universidades começaram a adotar o ano sabático para que
professores pudessem dedicar-se à pesquisa, atualização de conhecimentos ou
simplesmente para recarregar as energias. Hoje, o conceito se expandiu
além da academia e pode ser encontrado em várias profissões.
Quem apenas leciona e não se dedica à
pesquisa corre o risco de ficar desatualizado. Atualmente, esse risco acaba
sendo mitigado por rotinas duplas ou triplas, mas se o tema exigir um estudo
mais aprofundado, conciliar essas duas coisas é desafiador; nesse contexto, o
ano sabático pode ser fundamental.
Mas quem pode tirar o ano sabático?
Qualquer pessoa, na teoria. Na prática, isso depende de
condições financeiras e estruturais. Profissionais autônomos, freelancers e empresários
têm maior flexibilidade para planejar um período sabático, mas é preciso
organização financeira.
Empresas também começam a oferecer essa possibilidade como
um benefício, especialmente em setores de tecnologia e inovação, onde a criatividade e o bem-estar dos funcionários são
valorizados.
Várias personalidades conhecidas já desfrutaram de um ano
sabático. Bill Gates, por exemplo, é famoso por seus "think weeks",
períodos de afastamento dedicados à leitura e reflexão. J.K. Rowling, autora de
Harry Potter, tirou um ano sabático para se concentrar na escrita. Até mesmo
personalidades do mundo esportivo, como Michael Jordan, já fizeram pausas em
suas carreiras para buscar renovação e novos desafios.
O que fazer durante o seu ano sabático?
As possibilidades são infinitas. Alguns optam por viajar,
conhecendo novas culturas e lugares. Outros dedicam o tempo a projetos
pessoais, como escrever um livro, aprender um novo idioma ou desenvolver uma
habilidade artística. Há quem utilize o período para voluntariado, contribuindo
com causas sociais e humanitárias. O importante é ser um tempo de crescimento pessoal
e renovação.
E, sobretudo, haver disciplina para manter-se longe do
trabalho. Quando penso em mim, levando o computador a tiracolo na viagem de lua
de mel, ter essa disciplina seria um desafio. Já imaginou, leitor, não ficar
olhando para a tela do celular em busca de mensagens e atualizações de e-mails?
A cabeça precisará aprender outras funções e superar a vigília constante.
Quanto custa tirar um ano sabático?
Os custos de um ano sabático variam significativamente,
dependendo do estilo de vida e das atividades planejadas. Viagens
internacionais, cursos, projetos pessoais, tudo isso pode variar de alguns
milhares a dezenas de milhares de reais. O planejamento financeiro é crucial. É recomendável
economizar com antecedência e considerar todas as despesas possíveis, desde
moradia, até saúde e lazer.
Se possível, crie um investimento no qual você destine
todo mês uma parte da sua renda ao seu projeto sabático. Ou, se houver espaço,
fale com seu chefe sobre a possibilidade do aprendizado do ano ser focado em
algo interessante para a empresa. Por exemplo, uma pós-graduação ou experiência
em algum lugar referência em conhecimento.
Prós e contras do ano sabático
As diferentes gerações têm percepções variadas sobre o ano
sabático. Os baby boomers, por exemplo, podem ver a iniciativa como um luxo ou
até mesmo como uma ideia estranha, algo fora do comum em suas carreiras
lineares. A geração X tende a ser pragmática, valorizando o planejamento
cuidadoso e o balanço entre trabalho e vida pessoal. Os millennials e a geração
Z, por sua vez, encaram o ano sabático como uma oportunidade valiosa de
desenvolvimento pessoal, refletindo seu desejo por experiências significativas
e flexibilidade de vida.
Afinal, quais são os prós e contras para se tomar esta
decisão?
Como prós, destaco renovação pessoal e profissional.
Um ano sabático pode proporcionar uma pausa necessária para refletir, redefinir
metas e buscar novos conhecimentos. Também pode ser um período importante para desenvolver
novas habilidades, pois aproveitar esse tempo para aprender
algo novo pode enriquecer tanto a vida pessoal quanto a carreira.
Por fim, destaco a importância deste período para a saúde
mental; uma pausa das pressões diárias pode ajudar a reduzir o estresse e
melhorar o bem-estar geral.
Como toda grande decisão, avalio, como contras, três
pontos principais. Um deles é o impacto financeiro; ausência de renda regular
pode ser um desafio, especialmente se não houver um planejamento adequado.
Também há um risco de desconexão, pois um ano fora do mercado de trabalho pode
resultar em desafios para a reintegração profissional. Por fim, cuidado com
expectativas irrealistas: idealizar o ano sabático pode levar a frustrações, se
as expectativas não forem correspondidas.
Em todo caso, decidir por um ano sabático é uma escolha
pessoal, que requer planejamento e reflexão. Os benefícios podem ser imensos, proporcionando
renovação e crescimento, mas é essencial estar ciente dos desafios e se preparar
para eles. Ao fim, um ano sabático bem planejado pode ser uma experiência
transformadora, impactando positivamente a vida pessoal e profissional de quem
se permite essa pausa para redescobrir-se e evoluir.
E você, já tirou um sabático? Como foi a sua experiência?
Virgilio Marques dos Santos,
sócio-fundador da FM2S Educação e
Consultoria
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