“SEMPRE DEVEMOS PROCURAR POR UMA PSICOTERAPIA, ASSIM TEREMOS UMA RELAÇÃO SEMPRE SAUDÁVEL, PSICOLOGIA É SAÚDE”, PONTUA A PROFISSIONAL
Não existe mais diálogo em seu relacionamento? O clima
entre o casal não está bom? A libido está cada vez mais baixa? Então, chegou o
momento de procurar uma ajuda psicoterapêutica e iniciar uma terapia de casal, que nada mais é do que um processo
centrado nas soluções do casal, onde as pessoas são direcionadas ao poder da
escuta e o cuidado com o parceiro (a) em um aconselhamento matrimonial.
“A psicoterapia de casal serve para identificar e cuidar de
sintomas que por algum motivo levaram este casal à procura de um psicólogo,
podendo ser inúmeras as questões. A psicoterapia não é um movimento para salvar
casamentos, tampouco para se separar, como escutamos muito no contexto social.
Ela vem com a missão de junto aos pacientes buscarem por soluções através de
ferramentas que serão construídas e identificadas por eles próprios a partir da
escuta clínica do profissional. Este processo em especial traz consigo a
promoção do diálogo, algo que é perdido com o passar do tempo e as dificuldades
encontradas na convivência relacional”, explica a psicóloga Michele Bouvier.
“Por vezes ao longo da terapia, camadas mais profundas são
trazidas à tona, questões que afligem um dos parceiros muito antes da relação
começar, mas que ficou lá escondida, adormecida em algum lugar, e com a
intervenção clínica percebe-se que este traz interferências em todo o
processo de construção da vida a dois. É isto, a psicoterapia não salva
casamentos, esta é a verdade, mas ajuda certamente a todos os que a procuram a
reconstruírem a autoestima individual e coletiva, ela tem o poder de
trazer a luz dos pacientes suas potencialidades, e também aquilo que os derrubam,
com isso entrega e constrói junto ao paciente, pontes para uma vida melhor e
mais equilibrada”, acrescenta.
Infelizmente, os casais procuram ajuda de um psicólogo
quando literalmente a "casa está caindo", quando mal conseguem se
olhar nos olhos ou se aproximarem com tantas dores que os atravessam. O
trabalho para os profissionais é árduo, pois operar e encontrar um caminho
propício em meio a brigas e muros que parecem
quase indestrutíveis leva tempo, e exige paciência e principalmente a
entrega de ambos os parceiros. Então, quando procurar pela terapia? Sempre.
Certamente, você já deve ter se questionado – existe algum
perfil do casal que necessita iniciar o processo de terapia? “Não, a
psicoterapia é para todos”, frisa a psicóloga Michele Bouvier. “Nós, inclusive, indicamos que um
casal em crise, ou não, tenha o profissional psicólogo do casal, e façam suas
terapias individuais com psicólogos distintos. Pois o processo quando
direcionado ao casal, ou a família, por exemplo, este profissional atua no campo
do coletivo ali presente, e não individualmente. Inclusive é bem comum que um
dos cônjuges tente dominar por vezes o processo trazendo apenas questões de sua
particularidade, isso ocorre muito no início das sessões onde o processo está
sendo construído, e isso permite que possamos enquanto profissionais,
identificar pontos fortes e aqueles que trazem situações prejudiciais na
relação. Caso o casal não faça terapia individual, eu costumo trazer a
indicação da importância deste processo, para seu autoconhecimento e
autocuidado, independente de sua relação conjugal”, detalha a
profissional.
A psicoterapia pode atuar pontualmente e imediatamente em
uma situação que exige atenção e escuta clínica redobrada naquele momento,
assim como quando procuramos um médico, pois sentimos dor em algum lugar do
corpo físico, o paciente procura o psicólogo, pois sente uma dor que não
consegue nomear – uma
dor invisível.
Essas dores e sintomas serão tratados e o paciente estará fortalecido para
seguir seu caminho. Mas tudo depende de como este indivíduo, ou este casal
consegue receber e trazer para si o processo terapêutico, pois não é uma
pílula que se coloca na boca e engole, exige uma construção, e cada um tem
seu tempo para que isso aconteça, para que as conexões passem a fazer sentido
para ambos, pois falamos de um "casal" composto por "dois
indivíduos" que foram constituídos e construídos de formas diferentes
por suas famílias de origem e construção social.
E existe alguma diferença da terapia de um casal
homoafetivo para um casal heterossexual? “Eu particularmente enxergo
pessoas. Sendo assim, compreendo que a linguagem do ‘ser humano’ é a mesma, e
os desconfortos de cada ser humano é individual e único. Não existe receita
pronta para cuidar de construções e desconstruções psicoemocionais, mas posso
compartilhar que temos uma gama enorme e profissionais que atuam em áreas
distintas, assim como eu atuo na área de casal e família, violência doméstica e
na área de psicologia hospitalar e oncológica, temos profissionais que atuam
apenas com crianças, outros com adolescentes, outros com a maior idade, outros
com psicomotricidade, temos certamente profissionais que se especializaram para
o público Lgbtqia+, que talvez possam ter uma leitura e uma compreensão de
questões que envolvem o social deste público de forma mais sensível que um
profissional que desconheça por completo talvez. A escolha pelo profissional
ocorre essencialmente a partir de algo que chamamos de ‘transferência’, quando
ela ocorre a partir do paciente, ele saberá se é com aquele ou outro
profissional que ele quer seguir seu acompanhamento”, detalha Michele Bouvier.
“Façam psicoterapia, ela traz a oportunidade de você se
enxergar a partir de seu autoconhecimento, isso pode evitar inúmeras situações
de conflitos para com sua continuação e construção de vida - Psicologia é
Saúde”,
finaliza.
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