Prevenção e cuidados são medidas indispensáveis de
orientações dos especialistas e do MS meio à epidemia de dengue
A
epidemia de dengue no Brasil é um desafio crescente para o sistema de saúde,
com o Ministério da Saúde registrando um alarmante número de casos, que já
ultrapassam 2.3 milhões até o último levantamento em 27 de março de 2024. Essa
situação tem sobrecarregado os serviços de emergência por todo o país,
evidenciando a gravidade do problema.
A
dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti,
que pode causar grande variedade de formas clínicas, desde quadros pouco
sintomáticos, até quadros graves e potencialmente fatais. Entre os sintomas
clássicos, destacam-se febre alta associada a dores no corpo, cefaleia,
fraqueza e perda do apetite. Sintomas gastrointestinais podem estar presentes,
com náuseas, vômitos e até mesmo diarreia. Metade dos pacientes apresentam
manchas avermelhadas na pele.
Todos
os pacientes com dengue que apresentem algum sinal de alerta para complicações,
tais como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento de mucosa,
queda da pressão arterial, devem receber prontamente atendimento médico,
hidratação endovenosa e realizar exames laboratoriais.
Pacientes
com doenças cardíacas, mesmo que não tenham sinais de alerta, devem realizar
hemograma já na sua avaliação inicial. Este é o exame mais importante, não
sendo imprescindível a realização dos testes diagnósticos de dengue. O
hematócrito, medido no hemograma, permite melhor avaliação da necessidade de
hidratação endovenosa, ou apenas oral, e a contagem de plaquetas é fundamental
para que o médico possa dar a melhor orientação sobre a continuidade de
medicamentos comumente prescritos para cardiopatas: os antiagregantes
plaquetários e os anticoagulantes.
A
infecção pode comprometer a coagulação sanguínea, aumentando o risco de
hemorragias, o que é especialmente preocupante para pacientes em uso dessas
medicações. Ocorre que a interrupção inadvertida das mesmas também pode ser
extremamente deletéria. “A decisão de suspender esses medicamentos deve ser avaliada
individualmente”, destaca a Dra. Daniela Calderaro, médica cardiologista da
Unidade de Medicina Interdisciplinar do InCor.
A
recomendação do Ministério da Saúde é seguir protocolos específicos para
pacientes cardiopatas com dengue, em uso de antiagregantes ou anticoagulantes.
A depender do nível de plaquetas, indica-se internação hospitalar,
monitorização diária do hemograma e conforme a evolução: substituição de
anticoagulantes orais por anticoagulantes injetáveis e em casos mais extremos,
suspensão transitória da terapia antitrombótica. “Quando as plaquetas estiverem
muito baixas, contagem inferior a 30.000, recomenda-se a total cessação de
anticoagulantes e antiagregantes”, explica a cardiologista.
A
médica alerta que a condição do paciente com dengue pode se deteriorar
rapidamente, exigindo reavaliação frequente até a completa recuperação. Um
momento importante para estar alerta é quando cessa a febre, pois é à partir
desse momento que alguns pacientes evoluem para a fase crítica, quando surgem os
sinais de alarme e a possibilidade de evoluir para formas graves.
“A
prevenção da dengue é essencial, não apenas para evitar a propagação do vírus,
mas também para proteger grupos de risco, como os pacientes cardiopatas, de
complicações graves”, conta a especialista.
A
prevenção continua sendo a melhor estratégia contra a dengue, incluindo medidas
de controle do mosquito vetor, como eliminação de criadouros e uso de
repelentes. Além disso, é essencial que pacientes cardiopatas estejam cientes
dos riscos associados à dengue e sigam as orientações médicas rigorosamente
para garantir sua segurança durante a epidemia.
InCor
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