Programas de
vigilância comunitária e maior presença policial em áreas estratégicas são
algumas estratégias essenciais para reforçar a segurança durante as festas,
alerta o especialista em Segurança Pública
Com a chegada das festas de fim de ano, surge a preocupação com a segurança física, patrimonial e on-line em meio à agitação típica da temporada, quando os riscos de furtos, golpes e roubos se intensificam. Especialista em Segurança Pública e professor de Direito do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Antônio Suxberger explica que a época é propícia para a ação de criminosos, dada a distração e o aumento das movimentações, tanto em residências quanto em áreas comerciais. O professor lista os principais riscos e medidas preventivas para proteger-se de furtos e roubos.
Confira a entrevista na íntegra:
Quais são os principais riscos de
furtos e roubos na temporada de festas de fim de ano?
AS: Anualmente, aumentam os casos de furto em residências, especialmente nas regiões em que os moradores costumam se ausentar do Distrito Federal em período concomitante ao das férias escolares. Além disso, verifica-se aumento de pedintes nas áreas urbanas e isso resulta em aumento das ocorrências de furto em comércio ou estabelecimentos em geral.
Também acontece em grande volume a prática de
crimes contra o patrimônio sem violência contra a pessoa (furtos) em
residências e comércios locais. Além disso, quando os furtos alcançam aparelhos
celulares e dispositivos eletrônicos, não raro se seguem fraudes e furtos
qualificados por fraude eletrônico. São os casos, por exemplo, em que se acessa
o aplicativo da instituição bancária em aparelhos celulares e são realizadas
transferências a contas de terceiros ou em favor da própria pessoa que subtraiu
o aparelho.
Quais precauções os indivíduos
devem tomar para proteger suas casas nas festas de fim de ano?
AS: A recomendação para prevenir furtos em residências é o fortalecer redes comunitárias, que hoje dispõem de contatos diretos com a Polícia Militar (responsável pelo policiamento ostensivo). Além disso, o uso inibitório de equipamentos de videovigilância (câmeras) tem sido igualmente fator que incrementa o risco da ação criminosa e, por isso, mostra-se como fator de prevenção de ações criminosas em geral.
Os contatos entre vizinhos e moradores de uma região costumam auxiliar quando se percebe que casas e blocos são vigiados e sondados para práticas criminosas. A ação preventiva consiste, então, no conjunto de ações que dificultem a prática desses furtos, de maneira a desestimular tais ações que nem sempre resultam em grandes ganhos a quem as realiza, ainda que impliquem inestimável prejuízo às pessoas vitimadas.
Quais são as melhores práticas para evitar furtos
em áreas comerciais ou de grande circulação durante as compras de Natal?
AS: É preciso, então, atentar para os pertences
pessoais nos locais de grande circulação. Se possível, evitar os locais de
grande aglomeração para compras. Adotar horários alternativos (como o início do
expediente comercial) e a circulação em áreas de comércio local são
providências eficazes, especialmente quando se trata de grupos vulneráveis
(tais como pessoas de idade mais avançada e idosos em geral).
Existe alguma orientação
específica para prevenir roubos em viagens durante as férias?
AS: A difusão de avisos de videovigilância e a
divulgação das redes comunitárias podem prevenir em alguma medida a prática
desses furtos. Não são medidas absolutamente eficazes, mas, por representarem
fator de dissuasão, auxiliam na prevenção de furtos e crimes mais simples. Nos
casos de ações mais sofisticadas, geralmente antecedidas de monitoramento e com
disponibilidade de uso de força por criminosos, as providências de prevenção
passam pela presença das forças de segurança pública que mapeiam, acompanham e
focam nas áreas reconhecidamente mais vulneráveis e de preocupação vitimaria.
Qual é o papel das autoridades
policiais e da comunidade na prevenção desses crimes durante a temporada de
festas?
AS: O Distrito Federal, que décadas atrás
experimentava redução substancial de sua população nos períodos de dezembro,
janeiro e fevereiro, já ostenta quadro oposto ao do passado. Hoje é um destino
de familiares de outros estados que vêm ao DF para turismo, encontros
familiares e, enfim, para conhecer. Isso reclama mapeamento e foco nas ações de
policiamento ostensivo das forças policiais e intervenções reativas, a partir
do uso massivo de instrumentos de monitoração e videovigilância espalhados pela
cidade. Além disso, a intervenção de assistência social, especialmente para a
população em situação de rua, tem se mostrado mais eficaz na prevenção desses
crimes contra o patrimônio que a única resposta punitiva.
Roubos e furtos no Brasil
De acordo com o Anuário de Segurança Pública, em
2022, o Brasil teve um aumento nos crimes: 999.223 ocorrências de roubo e furto
de celulares, totalizando 4.726.913 casos entre 2018 e 2022. Quanto aos
veículos, 373.225 foram roubados ou furtados, um aumento de 8% em relação ao
ano anterior, apesar da tendência decrescente ao longo de uma década. Já os
estelionatos e fraudes eletrônicas, o relatório aponta a marca de 1.819.409
casos em 2022, com um salto de 37,9% desde 2021, impulsionados pelo aumento do uso
da internet e redes sociais durante a pandemia, permitindo golpes mais
diversificados, inclusive emocionais, explorando relacionamentos virtuais para
ganho financeiro. Outros, no entanto, seguem em queda, como os roubos a
estabelecimentos comerciais -15,6% e a residências -13,3%.
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