A agricultura brasileira caminha a passos largos para se tornar a maior potência agrícola mundial. Atualmente, o Brasil é responsável por alimentar 1 em cada 8 habitantes do planeta, ou seja, cerca de 1 bilhão de pessoas. Esse gigante é o principal produtor de importantes culturas, como soja, milho, algodão, café, laranja e cana-de-açúcar.
A
constante quebra de recordes de produção está alicerçada sobre um solo ácido e
pobre em nutrientes, principalmente os solos de Cerrado. Em muitas situações,
são feitas duas ou três safras em uma mesma área. Essa situação faz com que a
nossa agricultura seja totalmente dependente do uso de fertilizantes. Assim,
qualquer problema no preço ou no abastecimento desse insumo, afeta
consideravelmente o nosso setor agrícola.
O
Brasil é o 4º maior consumidor mundial de fertilizantes minerais e importa 85%
da sua necessidade, ou seja, produzimos apenas 15% do nosso consumo. Os dados
são mais preocupantes quando avaliamos os três principais nutrientes aplicados
na adubação das culturas agrícolas, o NPK, revelando que o país importa 95% do
nitrogênio, 75% do fósforo e 91% do potássio que consome.
A
alta dos preços dos fertilizantes minerais e o conflito entre Rússia e Ucrânia,
somado às sanções impostas sobre a Bielorússia, criou um alerta para a possível
escassez de fertilizantes. Quase 23% das importações são provenientes da
Rússia, incluindo metade do potássio consumido nacionalmente. Já a
Bielorrússia, que fornece quase 7% dos fertilizantes usados no Brasil, anunciou
que não pode mais honrar seus compromissos, com o fechamento de sua fronteira
com a Lituânia.
Esse
cenário aqueceu os preços dos fertilizantes, mas o produtor rural brasileiro
tem consciência da necessidade do uso desse insumo para manter o rendimento das
culturas. As informações atuais são de crescimento no volume importado de
fertilizantes, quando comparadas com o mesmo período de 2021.
A
pergunta que não quer calar é a seguinte: até quando o Brasil será refém da
importação de fertilizantes? O governo brasileiro anunciou, no início de março,
o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que tem como principal objetivo, até
2050, reduzir o volume de importação dos atuais 85% para 45%. Para isso
acontecer o Brasil deseja aumentar a exploração das fontes minerais nacionais.
Dentre
os principais nutrientes a serem explorados, o potássio é particularmente
visado. As minas de cloreto de potássio estão presentes em nosso território,
mas apresentam dois problemas particulares. As localizadas em Sergipe são
tecnicamente de difícil acesso, o que compromete o interesse econômico. A outra
limitação é relacionada às minas localizadas na Amazônia, que muitas vezes
estão em territórios indígenas e protegidos.
Inevitavelmente,
com todo o panorama da crise de fertilizantes, os custos de produção irão
aumentar significativamente e o produtor rural vai buscar caminhos e
alternativas para continuar produzindo o nosso alimento de cada dia. Alguns
poderão utilizar fertilizantes com menor tecnologia, outros poderão reduzir a
adubação ou mesmo diminuir a área plantada. Esse é o momento para avaliar cada
situação e encontrar a melhor solução diante da crise.
Pode-se
afirmar que sem fertilizantes a produção das culturas será reduzida
significativamente. Se o Brasil pretende se firmar como potência agrícola
mundial, esse é o momento para investimentos no setor de fertilizantes. O país
não pode seguir na dependência da importação para exercer a sua principal
vocação, que é a agricultura.
O
raciocínio por trás do uso de fertilizantes está na geração de alimentos para
uma população crescente, com a nutrição equilibrada das plantas por meio da
adubação. É dessa forma que esses insumos ajudam na segurança alimentar do
planeta e nosso país tem grande responsabilidade nessa missão.
Dr.
Valter Casarin - Coordenador Científico da Nutrientes para a Vida
NPV - Nutrientes para a Vida
https://www.nutrientesparaavida.org.br/
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