Especialista explica em que ponto a internação
psiquiátrica é necessária
A saúde mental é um campo cheio de estigmas e
preconceitos. Muitas pessoas, até hoje, são ridicularizadas e têm seu
sofrimento minimizado ao dizerem que fazem terapia, mais ainda se falarem que
vão ao psiquiatra, que tomam algum tipo de remédio ou que seu caso necessita de
internação.
Para o Dr. Fábio Cantinelli, psiquiatra da Clínica
Maia, todo esse tabu que envolve a saúde mental vem do medo do
desconhecido.
“É uma doença que eu desconheço a natureza, que eu
não sei muito bem como funciona e que de repente pode me atingir e mudar meu
jeito de pensar, de sentir, de me comportar, meu jeito de ser. É o medo do
desconhecido e do que ele pode causar em mim que gera esse temor nas pessoas”,
explica o especialista.
Esse cenário de marginalização dos que sofrem com
transtornos mentais contribui para aumentar o sentimento de desamparo e, muitas
vezes, acaba atrapalhando as pessoas de receberem o tratamento adequado para
suas doenças e, em alguns casos, dificultando o processo de internação.
Segundo o Dr. Fábio, existem três motivos
principais que podem levar uma pessoa à internação psiquiátrica: quando ela
oferece risco para si mesma, quando coloca em risco a vida dos que estão ao seu
redor e quando a ela perde a capacidade de cuidar de si própria (não consegue
tomar banho, controlar os horários dos remédios, fica em um estado de abandono
de si devido ao transtorno mental).
“É importante lembrar que a decisão leva em conta
as condições físicas e psicológicas do paciente, com o objetivo de protegê-lo,
acolhê-lo e tratá-lo de forma integral por meio de uma equipe médica
multidisciplinar”, comenta o psiquiatra.
Na internação, o paciente tem um acompanhamento
diário bem de perto, com uma grade terapêutica planejada e com a assistência de
uma equipe integrada, que inclui neuropsicólogos, psicólogos, psiquiatras,
terapeutas holísticos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas,
educadores físicos, assistentes sociais, entre outros profissionais.
Fábio Cantinelli reforça que precisamos
desmistificar a internação psiquiátrica, porque ela, muitas vezes, é um recurso
que salva e preserva vidas.
“De forma alguma a internação deve ser vista como
um aprisionamento ou punição, pelo contrário, é um ato de zelo e acolhimento,
para garantir a segurança e o bem-estar da pessoa que está com a saúde
emocional e a qualidade de vida gravemente afetadas”, conclui o profissional.
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