O formato de trabalho atual, com telefones e
dispositivos eletrônicos conectados o tempo inteiro, permite que donos de
empresas tenham acesso aos funcionários quase que instantaneamente, gerando um
estresse e um esgotamento mental que antigamente não existiam. Para acompanhar
as mudanças nas relações de trabalho, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
atualizou a Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que entrou em
vigor no dia 1º de janeiro de 2022, e oficializou a Síndrome de Burnout como
uma doença crônica associada a fatores que influenciam o estado de saúde.
O reconhecimento de uma nova doença (ou síndrome,
no caso do Burnout) facilita a gestão de dados médicos para que seja possível
observar de forma mais clara e precisa a condição de um paciente, facilitando a
classificação de síndromes crônicas. Isso não significa que vai aumentar ou
diminuir o número de trabalhadores atingidos pelo problema, mas sim que ele
será reconhecido com mais facilidade e, consequentemente, será possível
acompanhar o crescimento dos dados de forma mais apurada. Afinal, enquanto não
existia a opção de classificação da doença, o paciente era incluído nas
estatísticas de outro problema qualquer.
Além disso, a entrada do Burnout no CID-11
permitirá às empresas, através dos serviços de medicina ocupacional,
identificar e acompanhar os motivos dos afastamentos. A tendência é percebermos
um cuidado maior no sentido de ações de prevenção e cuidado com a saúde, com
medidas diárias para evitar o absenteísmo. E aqui entra a telemedicina, que
acaba sendo o canal mais rápido, prático e direto para isso, pois o empregado
não precisa se deslocar e nem perder um dia de trabalho para receber uma
consulta médica especializada.
Claro que não podemos tratar a promoção da saúde
como uma obrigação das empresas. Ainda assim, ela é vantajosa para todos os
envolvidos, pois quando falamos em custos, perder um funcionário ativo,
engajado e com boas entregas é sempre um grande prejuízo. Para se ter uma
ideia, uma síndrome de Burnout já muito instaurada pode levar meses de
tratamento. Por outro lado, se for identificada logo no início e tiver um
acompanhamento adequado, o trabalhador pode nem precisar se afastar. Ou seja,
um olhar atento para a saúde interna da equipe pode fazer uma empresa ganhar
tempo -- e tempo é dinheiro!
O grande desafio agora é quebrar o paradigma
cultural brasileiro de resistência e preconceito com tratamentos psicológicos.
Muitas pessoas querem economizar com a saúde, mas poucas percebem que, dessa
forma, vão ter um custo muito mais elevado com a doença. Ações preventivas e de
promoção da saúde são muito mais baratas que perder um funcionário. E as
empresas que se aproveitarem desse momento para inserir debates e estratégias
de saúde dentro da equipe com certeza vão se beneficiar e ganhar destaque a
curto prazo.
Aier Adriano Costa - especialista em Medicina do Trabalho e Médico Responsável Técnico da Docway, empresa referência nacional em soluções de saúde digital. (CRMPR 32640, RQE 24453 / CRMSP 182437).
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