- A
osteomalácia oncogênica é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento
de tumores pequenos e de difícil localização;
- Comumente
confundida com doenças mais comuns, o atraso em seu diagnóstico pode
agravar o quadro clínico do paciente;
Sintomas inespecíficos e difusos atrasam o diagnóstico da
osteomalácia oncogênica, também conhecida por osteomalácia induzida por tumor
(TIO), doença rara caracterizada pelo aparecimento de tumores pequenos e de
difícil localização, que ocasionam a perda renal de fosfato, mineral
responsável pela saúde óssea. Enquadrada como síndrome paraneoplásica -- quando
os sintomas ocorrem em locais distantes do tumor -- estima-se que a condição
afeta menos de mil pessoas no mundo todo.
A osteomalácia oncogênica, traduzida para termos leigos, significa “ossos
moles”, e se dá pelo aparecimento de um ou mais tumores pequenos e benignos,
que podem se alojar nos ossos ou tecidos moles e não causam sintomas locais. Esses
tumores produzem em excesso a substância FGF-23, proteína responsável por
regular o fósforo e a vitamina D ativa -- minerais essenciais para a formação e
manutenção da qualidade óssea -- que acabam sendo eliminados em altas
quantidades pela urina. Desta forma, os ossos se tornam frágeis e suscetíveis a
fraturas.
A condição acomete, frequentemente, homens e mulheres na idade adulta, entre 40
e 45 anos, e causa dor óssea, muscular, fraturas patológicas ou raquitismo em
pacientes mais jovens, além de fraqueza muscular. “A característica inicial da
doença se dá pelo aparecimento de dores pelo corpo, seguida de múltiplas
fraturas nos pés, pernas e vertebras. Pelo desconhecimento da doença, muitos
médicos tratam apenas os sintomas, não a doença em si, o que torna a jornada do
paciente, até o diagnóstico, longa e angustiante. O tempo médio varia de acordo
com os estudos, mas há casos de pacientes que demoraram três, cinco e até 28
anos para obterem o diagnóstico correto”, explica Dra. Marise Lazaretti Castro,
endocrinologista e chefe do grupo de doenças osteometabólicas da disciplina de
Endocrinologia da UNIFESP.
Embora seja uma doença rara, a osteomalácia oncogênica pode ser diagnosticada e
tratada corretamente, oferecendo ao paciente uma melhor qualidade de vida. “Em
caso de dúvidas, é necessário procurar um especialista e solicitar exames de
sangue e de urina, para que se possa avaliar os níveis de fósforo, cálcio,
vitamina D ativa e o FGF-23, além de exames de imagem, como tomografia
computadorizada e cintilografia, para investigar o tumor. O diagnóstico precoce
permite ao paciente a oportunidade de resolução completa dos sintomas e
anormalidades bioquímicas, seja por método cirúrgico ou por via medicamentosa”
finaliza a endocrinologista.
Tratamento
A remoção do tumor costuma ser a primeira opção de
tratamento. Entretanto, nem sempre é viável, já que estes tumores, por serem
muito pequenos, podem não ser localizados. Além disso, dependendo de sua
localização, não podem ser removidos.
No Brasil já existe terapia medicamentosa disponível para
osteomalácia oncogênica. O tratamento inibe a atividade biológica do FGF23,
restaura a reabsorção renal de fosfato, aumenta a produção de vitamina D ativa
e ajuda a melhorar os sintomas.
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