O ano começou com uma perspectiva boa para o empresariado brasileiro. Era janeiro quando o país ganhou um novo unicórnio, a Loft. Parecia que caminhávamos para um período de desenvolvimento econômico. E o empreendedorismo teria um papel fundamental nisso. Afinal, não é de agora que ele aparece como protagonista na geração de empregos, aumento da concorrência, apresentação de soluções rápidas e úteis para a sociedade. Nessa onda, inclusive, as startups viraram febre e os investidores anjos, o pote de ouro no fim do arco-íris.
Chegou fevereiro e todo mundo foi curtir o Carnaval
como se não houvesse amanhã. Errados não estavam. Mas em meados de março, a
pandemia do coronavírus, que já circulava por outros continentes, veio parar no
nosso. E, com ela, além das milhares de vidas perdidas e do caos na saúde, veio
um tapa na cara do empresariado brasileiro. Pelo menos aquele que seguia a
linha mais tradicional, aquele que se dizia digital quando não era, aquele que
via o seu dia a dia baseado em processos, que justificava na lentidão a
eficiência.
Centenas de empresas fecharam as portas, deixando
milhares de desempregados. Na contramão, no entanto, outras companhias deram um
salto. Registraram crescimentos recordes. Oportunismo? Não, adaptação. A
pandemia mostrou que quem tinha a alma digital e era capaz de se adaptar
rapidamente à uma nova realidade surfou na onda. No caso das startups, que
temeram o sumiço dos investidores no primeiro semestre, elas viram os aportes
chegando por todos os lados.
Surpresa? Não. Toda crise expõe as empresas, revela
dados até então omitidos, mostra as dores que cada companhia carrega consigo. E
uma dor que o Brasil tinha era a da morosidade. Talvez por isso, as startups
andavam ganhando um espaço cada vez maior no mercado. Talvez por isso o
empreendedorismo, que esperávamos que tivesse um papel fundamental na economia
este ano, foi além. Foi a prancha reluzente que chamou todas as atenções em
pleno mar agitado.
Passado mais da metade do ano, o que você fez? O
ecossistema das startups mostrou o seu brilho. O seu dinamismo contribuiu para
a geração de emprego em um momento em que a palavra “demissão” liderou o
vocabulário das empresas mais tradicionais. A sua inovação garantiu a
produtividade dos setores industriais. A difusão do seu conhecimento gerou oportunidades.
As startups tendiam a ser reconhecidas por oferecerem soluções a problemas
emergentes. Ouso dizer que isso muda: a partir de agora, elas serão
reconhecidas por oferecer um modelo de negócio inabalável durante uma crise.
Modelo que valoriza a inovação e não mais a tradição.
Edson Mackeenzy - investidor de Startups e mentor de negócios em
busca de escalabilidade, aceleração e internacionalização. Atua como Diretor de
Investimentos da TheVentureCity e é membro do conselho da IBS-Américas. Em
2004, fundou a primeira plataforma de compartilhamento de vídeos do mundo, o
Videolog.tv, e, em 2013, foi reconhecido como um dos empreendedores mais
influentes do Brasil pela revista IstoÉ Dinheiro. Desde então, passou por
posições estratégicas na Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, Bossa
Nova Investimentos e iMasters/E-Commerce Brasil. Desenvolve e colabora com
vários programas de fomento à inovação, o que lhe rendeu, em 2018, o prêmio de
melhor mentor de negócios do país durante o Startup Awards, oferecido pela
Associação Brasileira de Startups e AWS.
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