Pandemia trouxe dificuldade para a efetivação de um novo currículo. Especialista destaca quais soluções elas terão de encontrar até próximo ano
Com
a aprovação da reforma do Ensino Médio em 2017, que promoveu mudanças na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), instituições de todo o país passaram a rever os conteúdos
que seriam ensinados no último ciclo da educação básica. E agora, com a
suspensão das aulas presenciais afetando o cronograma de ações na maioria das
redes públicas e particulares de ensino, essa nova etapa da educação
brasileira, apesar da grande relevância, ficou em segundo plano.
De
acordo com o documento, as instituições de ensino deverão, a partir de março de
2022, mudar sua estrutura curricular. Ao invés de os alunos do ensino médio
terem um currículo com disciplinas fixas em três anos, a reforma prevê que eles
passem a ter uma parte do currículo fixa, uma Formação Geral Básica – para
todos os alunos -, e se aprofundem em uma área de conhecimento desejada por
meio dos itinerários formativos.
A
mudança é vista como promissora para a educação brasileira, que teve nos
últimos 30 anos dados sobre atraso e evasão escolar, baixo nível de
aprendizado, desmotivação e desinteresse dos estudantes muito negativos. “Os
anseios desses alunos estão a cada ano em maior descompasso com um Ensino Médio
que não considera a necessidade de trazer significado para todos os
conhecimentos, o protagonismo, a responsabilidade, os projetos de vida e as
decisões dos próprios alunos”, explica André Freitas, gerente de projetos
pedagógicos do Sistema de Ensino pH.
Freitas
diz que um dos principais desafios que as redes de ensino terão é distribuir os
objetos do conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos
- em áreas do conhecimento, para cumprir com as determinações da BNCC. “Cada
competência prevista na BNCC não está necessariamente ligada a alguma
disciplina específica. Por isso, caberá às redes de ensino e às escolas
pensarem como cada disciplina pode desenvolver ao máximo as habilidades
requeridas no documento”, comenta.
A
maneira como os arranjos curriculares a partir dos itinerários formativos serão
feitos também é um ponto de atenção. Para ele, temas como escravidão, história
do Brasil, ecologia e interpretação de texto ganharão ainda mais destaque na
Formação Geral Básica, já que são temas mais atuais e presentes na vida dos
estudantes brasileiros. Os itinerários formativos, por sua vez, ficarão
responsáveis por ampliar as aprendizagens de uma determinada área do
conhecimento do jovem, partindo de conteúdos que dialoguem com a sua realidade.
Outra
questão importante que a reforma traz para o debate será a responsabilidade do
estudante na escolha de parte do seu currículo segmento. Para que seja feita de
forma correta, escolas deverão traçar estratégias para orientação vocacional e
profissional, autoconhecimento, formação para convivência ética, cidadania,
organização para alcance de metas, autoconfiança e resiliência.
“Além
dos itinerários formativos, o projeto de vida é uma das mudanças mais
expressivas para esse ensino médio. Os jovens agora poderão exercer seus pontos
de vista sobre a maneira como a escola vai contribuir no seu aprendizado, num
movimento que beneficiará os dois lados”, finaliza.
Em
todo o país, pelo menos 16 estados estão em processo de implementação do novo
currículo, com apenas o estado de São Paulo oficializando essa mudança até
agora. Mesmo com os projetos prontos, a participação de estudantes, comunidade
escolar e especialistas em educação ainda é esperada para acontecer.
Já
na rede privada, o Sistema de Ensino pH é um dos pioneiros a já terem o
material em produção. A previsão é de que o currículo seja
implementado progressivamente aos alunos do primeiro ano do ensino médio em
2021. Na sequência, em 2022, para os estudantes do segundo
ano, e em seguida, para o terceiro ano, em 2023.
Sistema
de Ensino pH
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