Conscientização e mobilização sobre o risco de suicídio são resultados do crescimento da visibilidade do Setembro Amarelo
Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais de 800 mil
pessoas tiram a vida, sendo que 75% desses casos são pessoas de classe média e
baixa. Há uma estimativa que no mundo a cada 40 segundos ocorre um suicídio.
Ainda segundo a Organização essa é a segunda maior causa de morte entre jovens
de 15 e 19 anos.
A
campanha do setembro amarelo foi criado em 2014 com o intuito de conscientizar
as pessoas sobre o valor da vida, chamar atenção para o sofrimento emocional e
sobretudo para o adoecimento mental, já que cerca de 96,8% dos suicídios, são
causados por transtornos mentais. Mesmo com tantos casos crescendo a cada ano,
ainda existem, em nossa cultura, um grande tabu para se falar sobre o assunto.
Há
quase duas décadas a psicóloga e psicoterapeuta, mestre e PhD em saúde mental
pela UNICAMP, Dra. Daniela Ghorayeb, vem ajudando pessoas através do
tratamento do adoecimento mental, atuando quando necessário, em conjunto com
sua equipe multidisciplinar em saúde mental. “Encontrar bem-estar emocional
inclui buscar ajuda profissional qualificada, que acompanhe o paciente de forma
integral, reconhecendo conflitos, sofrimentos e suas causas, além de
desenvolver novos modos de se colocar no mundo, ao mesmo tempo em que se trata
a psicopatologia que acomete o paciente”, diz a psicóloga.
A
especialista acredita que o setembro amarelo “é a luz no fim do túnel em
relação ao preconceito que é relacionado aos assuntos, transtorno mental e
suicídio” e acrescenta que “iniciativa de criação do setembro amarelo por parte
do CFM (conselho federal de medicina), junto com a ABP (associação brasileira
de psiquiatria) deve ser fortalecida com a participação cada vez mais cada vez
mais enfática, seja por parte dos profissionais de saúde, seja por instituições
do setor público e privado. “Acima de tudo e além da conscientização social, a
prevenção está fortemente relacionada com a ação dos profissionais que atendem
pacientes com risco de suicídio na rede de saúde como um todo, tanto no sentido
de reconhecer fatores de risco, assim como no sentido das ações preventivas”,
diz Daniela.
Nesse
sentido, é fundamental desconstruir tabus e estigmas, que levam as pessoas em
sofrimento ao isolamento, por medo da discriminação e da vergonha, dificultando
a busca por ajuda. Ressaltando que embora seja valioso o acolhimento e apoio de
amigos e familiares, isso não substitui o tratamento e acompanhamento
profissional. Para a doutora, o Centro de Valorização à Vida (CVV) “é um
trabalho muito importante, um recurso de valor, que também deve ser
sistematicamente divulgado.”
A
recomendação da psicóloga é buscar ajuda sempre que for necessário, e que
qualquer adoecimento, seja físico ou mental, deve ser levado a sério. “ Quando
o assunto for saúde mental, precisamos encarar o que se passa com a atenção e
tratar adequadamente.”
A
informação pode trazer avanços: levando em conta os dois fatores de risco
fundamentais, têm-se a tentativa prévia de suicídio e a presença de transtorno
mental, que em alguns casos, não foi diagnosticado, não tendo sido tratado, ou
se foi, não de modo adequado. Outros fatores de risco relacionam-se com perdas
recentes e com o isolamento social, assim experiências na história de vida,
relacionadas a abusos e diversas naturezas na infância. Outro fator é o gênero
masculino, as idades entre 15 e 30 anos e acima de 65, além de aspectos de
saúde limitantes como doenças crônicas. “Portanto, buscar ajuda profissional
para o sofrimento mental é a ação primária e mais importante para prevenir o
suicídio,” finaliza a especialista.
Daniela Ghorayeb - psicóloga e psicoterapeuta, Mestre e PhD em
Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médica da UNICAMP. Há quase duas
décadas ajuda as pessoas a encontrar bem estar emocional, reconhecendo e
tratando conflitos, sofrimentos e suas causas.
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