Setembro Amarelo completa 5 anos, quebra tabus e provoca mudanças no enfrentamento de problemas emocionais. Psicóloga fala sobre como o assunto passou a ser mais abordado por pacientes
Criada em 2015 no Brasil, a campanha mundial
Setembro Amarelo, completa cinco anos com saldo positivo. É no que acredita a
psicóloga Ana Lídia Agel, que atende no Centro Clínico do Órion Complex. Ela
conta que houve um aumento da sensibilização e diminuição da resistência e
tabu. “A nossa cultura não era aberta para esse profissional por puro
desconhecimento da sua importância, e por isso negava o combate acessível às
doenças depressivas. Era considerado “coisa de doido”, pontua.
Segundo informações no portal oficial da
campanha, encabeçada pelo do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho
Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 32
pessoas tiram a própria vida diariamente no Brasil. Dados mais recentes da
Organização Mundial da Saúde, mostraram que 800 mil pessoas cometem suicídio em
todo mundo. No Brasil, foram registrados mais de 13 mil casos, a grande maioria
entre homens, que correspondem a 76% dos casos.
Para Ana Lídia, uma das maiores contribuições da
campanha é que o tema passou a ser tratado com mais abertura dentro do
consultório, o que contribui com o tratamento e prevenção de doenças mentais
que podem levar ao ato de tirar a própria vida. “Nitidamente foi perceptível a
abertura das pessoas, inclusive homens em procurar o tratamento e se abrirem
mais em busca da estabilidade emocional”, confirma.
Mais que palavras, a psicóloga explica que é
preciso ficar atento à linguagem não verbal, para perceber atitudes que indicam
o início da depressão e os comportamentos destrutivos. “A pessoa está sempre
cabisbaixo, mostrando desânimo, desmotivação, falta de energia para atividades
básicas, isolamento social e diminuição de apetite. Os sinais verbais são
manifestos através de frases bem expressivas como: Eu não aguento mais;
Estou com vontade de sumir; Vou dar descanso para vocês; Ninguém vai sentir
minha falta; Por que eu nasci”, detalha.
Entretanto, é possível que uma pessoa doente
consiga mascarar a tristeza e por isso, nem sempre é possível compreender os
reais motivos que levam um indivíduo a tirar a própria vida. “Já tiveram muitos
casos que a pessoa se mostrava sempre alegre e divertido, mas mas sempre com
algum tipo de compulsão como bebida, drogas, sexo, compras, remédios ou jogos
que podem ser “válvula de escape” da dor emocional. “Fiquem de olho nos
detalhes, da demonstração na intimidade, nas postagens nas redes sociais, nas
mudanças de comportamentos, pois serão norteadores mesmo em uma pessoa que camufla
com aparente alegria”, aconselha Ana Lídia.
No dia a dia é possível ajudar familiares a
preservar a vida tentando não ignorar os sinais depressão e tristeza e
demonstrando acolhimento. “Temos que transmitir o amparo através do amor diário
para as pessoas que estão ao nosso lado então conseguiremos evitar que as
estatísticas aumentem. O mais comum é sermos mais educados e pacientes com as
pessoas de fora, clientes, amigos, colegas de trabalho, mas com pais, cônjuges
e filhos agimos com menos paciência. Esse tratamento gera o sentimento de falta
de pertencimento social familiar”
A profissional lembra que existem várias formas
acessíveis de combater a tristeza como exemplo a prática de
esportes constantes, grupos de apoios sociais, parentes e amigos próximos,
prática de hobbies e outras fontes de prazer como meditação diária, e
fortalecimento do pilar espiritual. “Praticar a gratidão ao invés da reclamação
e com certeza a psicoterapia também é uma forma eficaz de combater o suicídio,
muitas vezes com acompanhamento em conjunto com psiquiatra e em alguns casos
com uso de medicação de apoio”, finaliza
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