Especialista alerta sobre sintomas comuns que podem estar associados a doenças gastrointestinais graves Crédito: Pexels |
Receio de buscar atendimento médico e automedicação têm colocado a vida de pacientes em risco
Náuseas, diarreia, dores e desconforto abdominal,
sintomas comumente tratados com automedicação ou receitas caseiras, podem, na
verdade, estar relacionados a doenças graves. Foi o caso da assistente de
atendimento Franciele Oliveira da Paz Silva, de 38 anos, que, em março deste
ano, começou a sentir dores no estômago. Achando que se tratava de uma gastrite
e com receio de buscar um pronto atendimento devido ao surgimento dos primeiros
casos de COVID-19 em Curitiba (PR), a atendente preferiu recorrer a antiácidos
e diversos remédios que amigos e parentes indicaram.
“Por duas semanas senti dores no estômago e tentei
diversos remédios, até que a dor aumentou tanto que eu mal podia andar. Foi
quando procurei atendimento médico, fui diagnosticada com colecistite aguda e
imediatamente encaminhada para um hospital”, relata Franciele. No mesmo dia,
ela passou por uma cirurgia que comumente demoraria 30 minutos, mas que, no seu
caso, durou cerca de duas horas: a inflamação causada por cálculos na vesícula
biliar tinha se agravado, necessitando de maior tempo de cirurgia e não foi
possível retirar completamente a vesícula pelo quadro inflamatório grave que
havia se instalado. “O cirurgião me alertou que, devido à gravidade a que meu
quadro chegou, seria necessário acompanhamento e eventualmente nova cirurgia”,
relata. Após 15 dias com dreno e um mês após a cirurgia, ela passou por novo
procedimento, desta vez uma endoscopia (colangiografia endoscópica retrógrada),
para retirada de cálculos residuais.
“É comum sentirmos azia, náuseas, diarreia,
causadas por mudanças na alimentação, hábitos e até mesmo estresse. No entanto,
os mesmos sintomas podem estar relacionados a doenças mais graves como
colecistite e pancreatite”, relata o cirurgião e coordenador do serviço de
cirurgias de emergência do Hospital Marcelino Champagnat, Wagner Sobottka. A
colecistite é uma inflamação ou infecção causada pela obstrução do ducto que
transporta a bile vinda da vesícula biliar. Já a pancreatite aguda é uma
inflamação súbita do pâncreas, geralmente causada também por cálculos biliares,
porém mais grave e com maior risco de complicações e de morte, se não tratada
em tempo.
Principal causa de cirurgias abdominais de
emergência, a apendicite aguda geralmente é causada por um fecalito, pequena
pedra formada por fezes, que obstrui o apêndice e causa infecção. A demora no
tratamento da doença pode causar quadro severo de infecção, podendo, inclusive,
evoluir para sepse e morte. Os sintomas geralmente iniciam com uma dor na parte
superior do abdômen, que depois migra para o umbigo e para o lado inferior
direito.
Apesar dos sintomas comuns, alguns cuidados podem
ser tomados. Pacientes com pedra na vesícula devem seguir as recomendações
médicas e buscar atendimento ao sentirem dores. Pessoas com histórico familiar
de câncer em região abdominal devem fazer exames mais frequentes e pessoas
acima de 50 anos, realizar endoscopia e colonoscopia periodicamente. “É
importante evitar a automedicação, pois pode mascarar sintomas de doenças mais
graves. Tendo sintomas, mesmo leves, e não melhorando em algumas horas, é
necessário buscar o médico de confiança ou serviço de emergência, mesmo sem
apresentar febre”, recomenda Wagner.
Hospital Marcelino Champagnat
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