Pesquisa IPC Maps
estima retração de 5,39%, a maior desde 1995
Com a pandemia do novo coronavírus, o consumo das
famílias brasileiras ficará comprometido ao longo de 2020, se igualando aos
patamares de 2010 e 2012, descartando a inflação e levando em conta apenas os
acréscimos ano a ano. A projeção é uma movimentação de cerca de R$ 4,4 trilhões
na economia — um crescimento negativo de 5,39% em relação a 2019 —, a uma taxa
também negativa do PIB de 5,89%. A previsão é do estudo IPC Maps
2020, especializado há mais de 25 anos no cálculo de índices de
potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.
Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC
Marketing Editora e responsável pela pesquisa, esse crescimento
negativo após a pandemia cria um efeito déjà-vu, já que a economia “retomará os
índices dos últimos anos em que houve um progresso vigoroso”. O especialista
ressalta que no início de março, antes desse cenário de pandemia e isolamento
social, “a previsão do PIB para 2020, conforme o Boletim Focus do Banco
Central, era de +2,17%, o que resultaria numa projeção do consumo brasileiro da
ordem de R$ 4,9 trilhões, superando os R$ 4,7 trilhões obtidos no ano passado.”
O levantamento aponta que, a exemplo de 2019, as
capitais seguirão perdendo espaço no consumo, respondendo por 28,29% desse
mercado. Enquanto isso, o interior avançará com 54,8%, bem como as regiões
metropolitanas, cujo desempenho equivalerá a 16,9% neste ano.
Esta edição do IPC Maps destaca,
ainda, a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1, o que elevará
o número de residências nos demais estratos sociais. Para Pazzini,
“essa migração das primeiras classes impactará positivamente o consumo da
classe B2, com uma vantagem de 6,8% sobre os valores de 2019”, explica. As
outras classes, por sua vez, terão queda nominal do potencial de consumo de
2,94% em relação a 2019.
Perfil básico – O Brasil
possui mais de 211,7 milhões de cidadãos, sendo 179,5 milhões só na área
urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 23.091,50, contra os R$
9.916,75 gastos individualmente pela população rural.
Base consumidora – Como já
citado, neste ano a classe B2 lidera o cenário de consumo, representando mais
de R$ 1 bilhão dos gastos. Junto à B1, estão presentes em 20,9% dos domicílios,
sendo responsáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado
pelas famílias brasileiras. Se para a classe média a migração da classe alta
para os demais estratos é positiva, para quase metade dos domicílios (48,7%),
caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475
trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019). Já a classe D/E, que ocupa 28,3% das
residências, consome cerca de R$ 437,9 bilhões (10,6%). Mais enxuto, em apenas
2,1% das famílias, o grupo A reduz seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8%
contra 13,68% do ano passado).
O mesmo acontece na área rural que, embora no ano
passado tivera uma evolução significativa, neste ano perde de R$ 335,9 para R$
319,6 bilhões.
Cenário Regional – O destaque
vai para a Região Centro-Oeste que, ampliou em 7,9% sua participação no
consumo, respondendo por 8,86% dos gastos nacionais. Encabeçando a lista,
embora com pequenas contrações, aparece o Sudeste com 48,42%, seguido pelo
Nordeste, com 18,53%. A Região Sul, que em 2019 tinha reduzido sua fatia, volta
a subir para 17,97% e, por último, aparece a Norte, representando 6,23%.
Mercados potenciais – O
desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a 38,7%, ou R$ 1,759
trilhão, de tudo o que é consumido no território nacional. No ranking dos
municípios, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São
Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a 3ª posição,
deixando Belo Horizonte atrás. Já, Curitiba sobe para o 5º lugar, ultrapassando
Salvador. Na sequência, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia — esta em 10º
—, ocupam os mesmos lugares de 2019.
Cidades metropolitanas ou interioranas como,
Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (18º), São Bernardo do Campo
(19º) e São José dos Campos (21º), no Estado paulista; São Gonçalo (16º) e
Duque de Caxias (24º), no Rio de Janeiro; bem como as capitais Belém (14º),
Campo Grande (15º) e São Luís (17º) também se sobressaem nessa seleção.
Perfil empresarial – Houve
declínio de 13% no número de empresas instaladas no Brasil, totalizando hoje
20.399.727 unidades. Deste montante, mais da metade (10,6 milhões) tem
atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos setores Comércio, com 5,7
milhões; Indústrias, 3,3 milhões e, por último, Agribusiness, com 703 mil
estabelecimentos.
Geografia da Economia – Como de
costume, a Região Sudeste concentra 51,98% das empresas nacionais, seguida
novamente pelo Sul, com 18,15%. Em caminho inverso, as demais regiões reduziram
suas atividades: O Nordeste conta com 16,96% dos estabelecimentos, Centro-Oeste
com 8,27%, e o Norte com apenas 4,65% das unidades existentes no País.
Partindo para a análise quantitativa das empresas
para cada mil habitantes, o levantamento aponta uma retenção geral. As Regiões
Sul e Sudeste seguem liderando com folga, respectivamente, 122,63 e 119,12
empresas por mil habitantes; o Centro-Oeste aparece com 102,17 e, ainda muito
aquém da média, vêm as regiões Nordeste, com 60,30, e Norte, que tem apenas 50,77
empresas/mil habitantes.
Hábitos de consumo – A
pesquisa IPC Maps detalha, ainda, onde os consumidores gastam sua
renda. Dessa forma, os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os
demais, conforme a seguir: 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação
(incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,1% outras despesas
(serviços em geral, reformas, seguros etc); 14,1% vão para alimentação (no
domicílio e fora); 13,1% a transportes e veículo próprio; 6,6% são medicamentos
e saúde; 3,7% materiais de construção; 3,4% educação; 3,4% vestuário e
calçados; 3,3% recreação, cultura e viagens; 3,3% em higiene pessoal; 1,5%
eletroeletrônicos; 1,5% móveis e artigos do lar; 1,1% bebidas; 0,5% para
artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2% referem-se a joias,
bijuterias e armarinhos.
Faixas etárias – Em
crescimento, a população de idosos supera a margem de 30 milhões em 2020. Na
faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128
milhões, o que representa 60,5% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua
maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vem perdendo
presença e somam 24,1 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que
seguem a média de 29,4 milhões.
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