Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook,
anunciou nesta segunda-feira (16) que o aplicativo de mensagens WhatsApp -
empresa adquirida pela gigante em 2014 - irá liberar a possibilidade de lançar
pagamentos pelo Facebook Pay. A novidade estará disponível inicialmente para
alguns usuários.
No Brasil, são mais de 130 milhões de pessoas
que utilizam o aplicativo, portanto a nova funcionalidade é uma significativa
oportunidade para as empresas. Muitos varejistas já sonham em transformar o
canal não apenas na principal carteira digital (e-wallet) de consumidores, como
também torná-la uma interface para se conectar com eles com a mesma facilidade
com que são realizadas as trocas instantâneas de mensagens por esse canal.
A pandemia do novo coronavírus atestou o
poder do WhatsApp no varejo. Empresas como ViaVarejo, Magazine Luiza, Reserva e
Riachuelo tiveram que se reinventar durante esse período e passaram a utilizar
a ferramenta como meio para os vendedores alcançarem seus consumidores diante
do fechamento dos estabelecimentos físicos.
O comércio imagina agora como prover uma
experiência única e viabilizar as vendas no canal. Muitas das inspirações podem
partir da China, onde vimos o Wechat promover uma mudança na forma de consumir
daquele país.
Certamente ainda é muito cedo para saber o
que teremos disponível, pois os bancos legíveis - Nubank, Banco do Brasil,
Sicredi, assim como a Cielo, processador de pagamento - precisam liberar suas
APIs (Interface de Programação de Aplicações) para o mercado e, assim, oferecer
os recursos para as empresas disponibilizarem a experiência. Os desafios
técnicos para o WhatsApp são grandes para torná-lo um “super app”. Poucos
aplicativos – caso do Wechat - conseguiram concentrar em uma única plataforma
todos os serviços essenciais do dia a dia.
É importante destacar que as duas vias
(consumidor e empresa) precisarão ter conta nos bancos citados. O Facebook não
divulgou quando outras instituições financeiras passarão também oferecer esse
serviço.
Ainda levará algum tempo para a atualização
chegar a todos usuários. O recurso será gratuito para pessoas físicas e uma
taxa será paga pelas empresas via Merchant Discount Rate, de 3,99%, por
transação pelo aplicativo, tanto no crédito como no débito.
Além de limitar a moeda - nesse primeiro
momento somente em real - não será possível ultrapassar R$ 1 mil por transação,
R$ 5 mil por mês de venda pelo canal e 20 transações por dia.
Fica evidente a cautela do Facebook para
lançar este novo recurso e a concorrência que enfrentará com outras carteiras
virtuais já popularizadas no Brasil, como PicPay, Ame e Mercado Pago.
Mas afinal, o que podemos sonhar para o
futuro com essa mudança no varejo? Quais são os recursos que estarão
disponíveis? Quais cuidados teremos que ter? Abaixo alguns exemplos do que
podemos imaginar:
-
De
início, podemos pensar em consumidores acessando uma loja online via WhatsApp.
Eles poderem usar o próprio aplicativo como um sistema de cobrança para efetuar
o check-out por meio de um "pagamento com um clique". Os consumidores
estarão logados automaticamente, sem a necessidade de inserir manualmente
e-mail ou senha, permitindo assim coletar dados como número de telefone e
endereço. Isso viabiliza uma experiência para o consumidor significativa, bem
como um aumento relevante na taxa de conversão de vendas, possibilitando também
para alguns setores fazer a recompra dos produtos;
-
Do
ponto de vista do consumidor, os motivos para o sucesso serão: navegação fácil
e conhecida, simplicidade nos modelos, modo intuitivo de usar, recursos
avançados para comércio eletrônico, além de integração profunda com os
principais recursos do Facebook;
-
Sabemos
que as interações humanas são importantes, mas o bot passa a ser um grande
aliado com este avanço, permitindo automatizar as interações até o fechamento
do pedido. O bot não servirá apenas para esclarecer dúvidas de produto ou sobre
o pedido, mas será um grande aliado para direcionar o usuário em toda jornada
de venda;
-
Integração
do WhatsApp com o Instagram (que passou a ser uma empresa do Facebook até mesmo
antes do WhatsApp, em 2012) a partir do direcionamento do link da campanha de
um influenciador para uma página de produto, proporcionando uma experiência
única sem sair do aplicativo;
- O avanço do Facebook Pay no Brasil
passa ser um propulsor para as empresas explorarem o serviço de marketplace do
próprio Facebook, que permite a compra e a venda de produto por este canal -
lançado há algum tempo, mas que não ganhou a notoriedade que merece.
-
Chance
de popularizar ainda mais o QR Code no Brasil, permitindo que as pessoas
utilizem dessa interface para fomentar ainda mais as compras nos
estabelecimentos físicos sem a necessidade de dinheiro ou cartão de crédito,
apenas por meio dos dispositivos móveis como smartphone e smartwatch.
Além deste meio ser uma alternativa a mais para aquecer o Omnichannel no país,
permite que as empresas ofereçam uma maneira integrada e intuitiva não só por
todos os aplicativos do Facebook, como para todos os canais da marca,
possibilitando promover um atendimento único no online, como no offline, para
seus consumidores;
-
Enviar
cupom de desconto por Whatsapp também será um outro grande avanço e integrado.
Os usuários serão mantidos atualizados sobre as promoções vigentes e mantidos
engajados com a marca e entre grupos de bate papos;
-
A segurança é algo imprescindível e o Facebook já se preocupou
com a questão, principalmente após inúmeros escândalos de vazamento de dados
enfrentado nos últimos anos. As transferências e pagamentos terão camadas de
segurança, como o PIN do Facebook Pay (Número de Identificação Pessoal)
exclusivo para cada pessoa, em que cada indivíduo terá um identificador único e
o dado não poderá ser compartilhado com outros usuários. Além disso, será
oferecida a possibilidade da biometria em dispositivos compatíveis para
garantir a segurança. Importante conscientizar que o WhatsApp não mandará
nenhuma notificação ou link para os usuários aderirem a nova funcionalidade,
por isso muito cuidado quando receber mensagens por e-mails e por outros
canais.
Acredito que a possibilidade de
efetuar transações pelo WhatsApp será um grande passo para revolucionar os
meios de pagamento e mudar o comportamento de consumo do brasileiro. Sem dúvida
será uma mudança gradativa, mas algo que as empresas precisam acompanhar
constantemente.
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