Especialistas afirmam que
consumidores com histórico de pontualidade encontram credores mais flexíveis
para renegociar dívidas. Em abril, fatura brasileiro ficou em R$ 1.125
Um levantamento inédito da Serasa
Experian feito com base nas informações do Cadastro Positivo revela que os
consumidores da região Sul do Brasil são os que mais pagam suas faturas de
cartão de crédito em dia. De acordo com a pesquisa, os Estados de Santa
Catarina (88,8%), Rio Grande do Sul (88,6%) e Paraná (88,3%) são os mais bem
colocados no ranking de pagamento da fatura até a data de vencimento. A lista é
seguida por Minas Gerais (87,8%) e São Paulo (87,2%). Já os Estados do Amapá
(81,5%), Maranhão (81,6%) e Amazonas (81,7%) obtiveram o índice mais baixo de
pontualidade no cartão. Para o pagamento em dia é considerado tanto a quitação
integral da fatura quanto valores intermediários ou o pagamento mínimo.
De modo geral, 86,7% dos brasileiros
que estão inscritos no Cadastro Positivo e que pagaram sua última fatura (seja
o valor total ou ao menos parte), o fizeram até a data de vencimento, enquanto
13,3% realizaram o pagamento com atrasos. A pesquisa revela que 3,6% das
pessoas pagaram apenas o valor mínimo, sobretudo consumidores com renda de até
R$ 1 mil (6,4%), moradores da região Norte (6,6%) e acima dos 60 anos (11,3%).
“Para ter uma vida financeira
saudável e organizada, é importante que o consumidor tenha consciência sobre a
pontualidade de seus pagamentos, pois isso influencia a sua pontuação de
crédito, conhecido como score e, consequentemente, as suas chances de obter
crédito, como financiamentos e empréstimos, por exemplo”, analisa o economista
da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Rabi ainda esclarece que um bom
histórico de pagamento tende a facilitar negociações com credores em momentos
de dificuldade. “Consumidores que possuem um bom histórico de pontualidade em
seus pagamentos podem encontrar mais facilidades para renegociar dívidas ou
mesmo buscar crédito em momentos instáveis como o atual. Quem não conseguir
manter todas as contas em dia pode procurar o credor para explicar a situação e
tentar uma renegociação justa para ambos os lados”, orienta Rabi.
50%
dos brasileiros que estão no Cadastro Positivo têm mais de dois cartões
A pesquisa revela ainda que a renda é
outro fator que influencia na pontualidade do pagamento. Indivíduos com renda
mensal acima de R$ 10 mil possuem 93,5% de pontualidade nas compras realizadas
no cartão de crédito. Índice próximo (91,4%) visto entre os que ganham de R$ 5
mil a R$ 10 mil por mês. Nas faixas intermediárias (renda de R$ 1 mil até R$ 2
mil e de R$ 2 mil até R$ 5 mil), a taxa de pontualidade é de 84,6% e 87,6%,
respectivamente. O índice mais baixo fica com os brasileiros que ganham até R$
1 mil (82,5%).
Outra constatação é que vem se
tornando comum a posse de vários cartões de crédito. Metade (50,0%) dos
brasileiros usa dois ou mais cartões, sendo que 9,6% deles estão na faixa de
quatro ou mais. Já os outros 50,0% lidam apenas com um na hora de fazer
compras.
Brasileiro
gasta, em média, R$ 1.125 no cartão de crédito
De acordo com o estudo, a média de
gastos com cartão de crédito no país é de R$ 1.125. Este valor cai praticamente
pela metade entre a população jovem de 18 a 25 anos (R$ 581) e atinge o valor
mais elevado entre os adultos de 36 a 60 anos (R$ 1.263)
Na visão por UF com maior gasto
médio, o Distrito Federal aparece na liderança: R$ 1.667. Em seguida estão Roraima
(R$ 1.640), Amapá (R$ 1.431) e Mato Grosso (R$ 1.316). Já os gastos mais baixos
estão, em sua maioria, concentrados no Nordeste, com liderança do Maranhão (R$
868), Piauí (R$ 880) e Sergipe (R$ 893).
Brasileiros
de baixa renda comprometem 60,7% da renda com gastos no cartão
O levantamento também descobriu que
os consumidores de mais baixa renda são os que mais comprometem parte do
salário com pagamentos no cartão de crédito. Entre os consumidores que ganham
até R$ 1 mil por mês, o gasto médio com cartão ficou em R$ 524,00 no último mês
de abril. Isso significa que 60,7% da renda destes brasileiros foi usada para
cobrir as despesas feitas no chamado ‘dinheiro de plástico’, percentual acima
da média geral (29,2%).
O índice de comprometimento de renda
com os gastos no cartão de crédito diminui conforme cresce o poder de compra do
consumidor. Dentro da faixa de R$ 1 mil a R$ 2 mil, a taxa fica em 48,4%,
também acima do resultado geral. O menor comprometimento (14,2%) pode ser
verificado na faixa acima de R$ 10 mil. Veja na tabela abaixo as informações de
todas as faixas.
Para Rabi, o cartão de crédito é um
meio de pagamento que traz conveniência e segurança, ao reduzir a circulação do
dinheiro em papel, mas seu uso indevido pode transformá-lo em uma ferramenta
perigosa nas mãos de pessoas indisciplinadas. “Se bem utilizado, o cartão é uma
excelente modalidade de pagamento, que pode auxiliar na organização dos
consumidores e auxiliar até na preservação da saúde, visto que o dinheiro em
papel pode ser um agente de contaminação de doenças. Os problemas surgem quando
o limite pré-aprovado vira uma extensão da renda e os gastos ultrapassam a
capacidade de pagamento. Como os brasileiros de menor renda têm menos margem de
manobra com o próprio orçamento, muitos recorrem ao cartão para concentrar
despesas e ganhar fôlego até o vencimento da fatura”, alerta o economista.
Metodologia
A partir das informações da base de
dados do Cadastro Positivo da Serasa Experian, o levantamento inédito
considerou uma fotografia de abril dentro de uma amostra de 1,7 milhão de
pessoas que utilizam algum produto financeiro em todo o país para identificar o
comportamento dos brasileiros em relação ao cartão de crédito como:
representatividade, pontualidade e comprometimento da renda, com visões por
faixa de renda, idade, Estados e Regiões do Brasil.
Serasa Experian
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