Como advogada, começo este texto dizendo que o Pedrão não tem culpa do caos que tem se espalhado pela cidade de São Paulo durante as chuvas de dezembro e janeiro. São Pedro é completamente inocente dessa vez.
Tem chovido quase que diariamente nos últimos meses na cidade de São Paulo e a cena tem se repetido: dezenas de pessoas enfrentando a fúria das águas que invade casas, empresas e tudo o que vê pela frente, deixando um rastro de destruição e desespero para quem lutou e suou uma vida inteira para construir patrimônio.
Sim, em grande parte, a culpa é da administração municipal, que deixa de realizar os investimentos necessários para a limpeza de córregos, piscinões, bocas de lobo, entre outros. Não podemos nos esquecer da importância de limparmos os rios, riachos e córregos com frequência, para evitar o lixo se acumule em áreas problemáticas.
Quando falamos de lixo, precisamos debater com a sociedade melhores formas de descarte daquilo que não utilizamos mais, a adoção de coleta seletiva, a realização de mais ações de cata bagulho e, principalmente, tornar consciência da importância que todos temos no combate a enchentes.
Faço questão de destacar que enchentes não são fenômenos novos. Faz mais de 20 anos que esse assunto é tema de reportagens, estudos, mas, ações que é bom, nada. Parece que os governantes só lembram desse problema quando algum veículo de comunicação solicita entrevista para comentar o vídeo-tape do ocorrido, quando “Inês é Morta”.
Nada tenho contra o atual prefeito, afinal, ele assumiu a prefeitura numa consequência eleitoral. Também, quando falo de Poder Publico, me refiro as ações que podem ser tomadas pelos integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo. Se, por um lado, o prefeito tem a obrigação de fazer melhorias, por outro, os vereadores podem fazer sugestões, apresentar emendas que visem as ações que vão contribuir com a vida de toda a população que reside nas terras paulistanas. Não é responsabilidade de apenas um lado! A Câmara de Vereadores tem que fazer o papel dela.
Indo além nessa discussão, sou obrigada a reconhecer que, na vida real, móveis e outros utensílios não possuem pernas e se deslocam até a beira dos córregos e rios. Isso só funciona nos desenhos animados. Alguém, que pode ou não sofrer as consequências das chuvas torrenciais, depositou o objeto ali.
Consciência ambiental é preciso. As ações em prol do Meio Ambiente salvam vidas, principalmente quando explicam a importância de a população não contribuir com o descaso governamental e jogar entulho, lixo e outros objetos nas proximidades dos rios.
Civilidade também entra no contexto que estamos discutindo. De nada adianta reclamarmos das enchentes se jogarmos bitucas de cigarro, palitos e chiclete, por exemplo, no chão. Por incrível que pareça, grandes quantidades deles se aglomeram e impedem a passagem da água. Tudo o que soma 1 milhão, começou com uma unidade.
Luto para que a população sofra menos com problemas como esses. É nisso que confio e acredito.
Mariana Lacerda - advogada, coordenadora executiva estadual da Rede Sustentabilidade
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