Iniciativa é da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul
(SPRS)
Assim como a indústria do cigarro passou a ser
obrigada a alertar sobre os riscos do tabagismo com dizeres nas embalagens,
fabricantes de celular poderão, em breve, ter a obrigação de dispor de um
alerta nos seus equipamentos. O objetivo é informar os males que o uso
excessivo de telefones celulares, televisão e tablets causam no desenvolvimento
da criança.
A iniciativa é da Sociedade de Pediatria do Rio
Grande do Sul (SPRS) e a proposta será apresentada em forma de Projeto de Lei
pelo deputado estadual Pedro Pereira. A intenção é fazer um projeto de lei para
que, em todas as embalagens de dispositivos eletrônicos vendidos, tenha uma
etiqueta com a recomendação de um uso moderado - principalmente durante a
infância. A medida permitirá orientar a sociedade sobre os perigos do
uso excessivo e indicar qual é o tempo máximo ideal que as crianças podem ficar
expostas a essas tecnologias.
O anúncio oficial do Projeto de Lei será feito no
primeiro dia de atividades do 39º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP) que
acontece de 9 a 12 de outubro na FIERGS, reunindo cerca de sete mil
participantes, em Porto Alegre (RS).
Justificativa
Os benefícios e prejuízos das tecnologias é um
foco de atenção de todos os profissionais que lidam com as questões da saúde
durante a infância e a adolescência. Estudos científicos comprovam que a
tecnologia influencia comportamentos através do mundo digital, modificando
hábitos na infância que podem causar prejuízos e danos à saúde física e mental
dos jovens, com impacto em diversos aspectos.
A neurociência comprovou, através de exames de
Ressonância Magnética, que o uso excessivo de telas prejudica o desenvolvimento
cerebral das crianças. Por isso, elas não devem ser expostas de forma precoce a
dispositivos eletrônicos.
Por outro lado, o celular tornou-se uma
alternativa fácil aos pais, já que poupa o esforço que eles fariam com
brincadeiras ou contando histórias, por exemplo. Tendo acesso a vídeos, cores e
canções que ajudam na distração das crianças, os responsáveis passaram a usar
esse artifício desde muito cedo, em bebês de poucos meses, o que prejudica o
período da aquisição da linguagem e da estrutura psíquico-social, que ocorre
principalmente nos dois primeiros anos de vida. É claro que é necessário
conviver com os avanços da tecnologia e saber tirar proveito deles, mas não se
pode esquecer que, durante o processo de formação da criança, é muito
importante que ela receba estímulos através de canções de ninar, histórias
contadas pelos pais e brincadeiras que gerem algum tipo de interação, pois é
essa troca de estímulos que vai fazer com que o seu desenvolvimento seja
saudável.
É comprovado que o uso excessivo de dispositivos
eletrônicos prejudica a qualidade do sono: crianças e adolescentes que ficam
muito tempo conectados dormem menos e dormem mal. O contato com as telas dentro
de uma ou duas horas antes de dormir induz à insônia e à dificuldade de iniciar
o sono, isso é decorrente do alto estímulo visual que a luz azul provoca. A
baixa qualidade do sono, por sua vez, provoca outros problemas de saúde, como a
obesidade, alterações de humor (ansiedade e depressão), déficit de atenção e
diminuição do rendimento escolar.
O tempo que jovens e crianças dedicam às telas
suprime o tempo que eles poderiam ter dedicado a atividades lúdicas, esportivas
e de interação com outras pessoas. Isso é um fator que provoca o sedentarismo,
que, junto à obesidade, contribui para o surgimento de futuras doenças
cardiovasculares e diabetes.
Evidências científicas mostram que o tempo de
conexão excessivo das crianças e da família afetam a convivência, o diálogo e
as suas relações interpessoais, alterando a qualidade do vínculo e a dinâmica
familiar - pontos que são muito importantes para o desenvolvimento saudável de
uma criança. Inclusive existem pesquisas em que crianças afirmaram achar que os
pais preferem o celular a elas, causando um sentimento de carência e exclusão
por serem deixadas de lado.
Além de todos os danos que os dispositivos
eletrônicos podem causar à saúde, existem também os impactos causados pelos
conteúdos das mídias. Alguns conteúdos mais violentos podem estimular condutas
agressivas, antissociais e autolesivas. Também existem evidências científicas
sobre a relação do uso excessivo de redes sociais com depressão e problemas de
autoestima.
Portanto, é muito importante que os pais saibam
dos impactos que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem no
desenvolvimento das crianças e, a partir disso, possam controlar da melhor
forma o tempo que seus filhos ficam conectados às telas.
Helena Muller
Cristina Targa Ferreira
Sergio Amantea
Diretoria SPRS
Cristina Targa Ferreira
Sergio Amantea
Diretoria SPRS
Marcelo Matusiak
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