O dia mundial da saúde mental tem como data o dia 10 de outubro,
instituído em 1992, pela Federação Mundial de Saúde Mental. “Os transtornos
mentais podem ser altamente incapacitantes. Um levantamento realizado pela
Universidade Federal de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde,
constatou que a maior parte dos casos de licença para o tratamento da saúde no
Brasil está relacionada a um diagnóstico psiquiátrico. Entre as 10 principais
causas de afastamento do trabalho, cinco estão relacionadas a transtornos
mentais, sendo a depressão a causa número um”, relata o Dr. Elie Cheniaux,
psiquiatra, mestre e doutor em psiquiatria, psicanálise e saúde mental pela
UFRJ; pós-doutor pela COPPE/UFRJ e PUC-Rio; membro licenciado da Sociedade
Psicanalítica do Rio de Janeiro.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade, por exemplo,
atinge mais de 260 milhões de pessoas. Aliás, o Brasil é o país com o maior
número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. Além disso, novos dados mostram
que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e
depressão. O levantamento feito pela Vittude, plataforma online voltada para a
saúde mental, aponta que 37% das pessoas estão com stress extremamente severo,
enquanto 59% se encontram em estado extremamente severo de depressão. A
ansiedade extremamente severa atinge níveis ainda mais altos: 63%.
Mas como manter a mente saudável e evitar o acometimento destes
transtornos? Abaixo, especialistas indicam hábitos que estimulam o cérebro:
Xadrez
Jogos desse tipo, que desafiam o cérebro, estimulam o crescimento de
dendritos – organismos que enviam sinais a partir das células neurais. Com mais
dendritos, a comunicação neural, dentro do cérebro, melhora e fica mais rápida.
Um estudo feito na Alemanha afirmou que quando é pedido aos jogadores que
identifiquem posições de jogo e formas geométricas, os dois hemisférios do
cérebro, esquerdo e direito, ficam muito ativos. O tempo de reação para as
formas simples era o mesmo, mas acabavam usando ambos os lados do cérebro para
responder mais rapidamente a questões relacionadas às posições de jogo. Um estudo
científico mostrou que jogar pode aumentar o QI do praticante. Uma análise
feita com 4.000 estudantes venezuelanos mostrou aumentos significantes na
pontuação do QI, tanto dos meninos quanto das meninas, após quatro meses de
práticas. Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine afirmou
que pessoas com mais de 75 anos de idade que praticam esportes mentais como
este tem menos probabilidade de desenvolver demência que idosos que não
praticam esse tipo de jogo.
Leitura
Há diversas pesquisas que comprovam que ler aumenta as conexões neurais,
fazendo com que o cérebro funcione melhor. Uma pesquisa da Universidade Emory,
dos Estados Unidos, descobriu que a redução do funcionamento do cérebro, na
velhice, pode ser reduzida em cerca de 30% se a pessoa mantiver hábitos de
leitura, além de proteger contra doenças como o mal de Alzheimer. Ler também
melhora as funções cognitivas. “Elas representam o conjunto das funções mentais
responsáveis pela aquisição, organização, interpretação e armazenamento de
informações do mundo externo que possuem algum valor significativo para o
indivíduo. Dentre o grande número de funções cognitivas, destacam-se a
consciência, a atenção, a orientação, a sensopercepção, a memória, o pensamento
e a inteligência”, reforça o psiquiatra Dr. Elie Cheniaux.
Meditação
“Como prática contemplativa e de aquietamento da mente, a meditação
oferece tempo para relaxamento e conscientização de nosso estado de maneira
focada, oferecendo um maior recurso interno para lidar com um mundo estressante,
onde os nossos sentidos são muitas vezes alterados e influenciados
negativamente. Com a prática, a meditação tem o potencial não somente de
proporcionar um alívio temporário do estresse, mas de transformar nossa maneira
de interagir com o mundo”, explica Vivian Wolff, formada em Mindfulness pela
Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC;
com MBA em Marketing Estratégico pela University de Catalunya, Barcelona.
Segundo Vivian, pesquisadores do mundo todo e experts em inteligência
emocional, como Daniel Goleman, defendem a prática do Mindfulness como um
grande recurso para autogerenciamento, consciência das emoções, redução de
estresse, desenvolvimento de empatia e aumento de foco.
Comunicação
A falha ou falta de comunicação pode aumentar a propensão à ansiedade ou
problemas de desestabilidade emocional. Segundo Elaine Di Sarno, psicóloga com
especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica pelo Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas – FMUSP; especialização em Terapia
Cognitivo Comportamental pelo Hospital das Clínicas; pesquisadora e
colaboradora do PROJESQ (Projeto Esquizofrenia) do IPq-HC-FMUSP; na formação de
indivíduos, muitos entendem que a conversa pode ser uma experiência agressiva
ou autoritária. “Isso acaba inibindo futuras interações interpessoais e ainda
aumenta a possibilidade da pessoa se tornar introvertida, mesmo que ela não
queira”. Expor emoções de diversas formas é um recurso assimilado até por
vertentes da terapia, como a musicoterapia. Essa técnica aciona o campo do
cérebro associado às emoções e é indicada para quem sofre de distúrbios
comunicativos, como a gagueira, além de ser eficiente no combate à depressão.
Autodomínio
Você sabia que possui dentro do seu cérebro um detector de ameaças? Esse
radar recebe o nome de amígdala, grupo de neurônios cuja estrutura implica na
manifestação de reações emocionais. Sendo o responsável pelo nosso modo de
defesa, de lutar ou fugir, está intimamente relacionado com nossas reações, e é
o ponto de disparo para emoções como raiva, medo ou impulso. A amígdala
funciona mais ou menos assim: ao detectar uma ameaça, ela entra em alerta e
domina o resto do cérebro, principalmente nosso córtex pré-frontal, região onde
residem as capacidades de resolver problemas, controlar nossos impulsos e nos
relacionar bem com os outros. É o que os cientistas chamam de “sequestro da
amígdala”. “Quando entramos nesse modo de interação cerebral dominada, todos os
nossos recursos estão focados em avaliar o que é mais importante para superar
essa ameaça. Para todo o resto, sobra apenas baixa velocidade cognitiva:
perdemos a concentração, nos tornamos reativos, os fatos parecem distorcidos e
ficamos mais limitados em nossas ações. Fugir de um tubarão em alto mar é uma
questão de sobrevivência. Mas se você tem um colega de trabalho que vive te
sabotando, sua amigdala entende que ele é uma ameaça”, explica Vivian Wolff. Um
dos pontos mais importantes para evitar o sequestro da amígdala e nosso
consequente comportamento negativo é identificar os gatilhos que disparam nossa
reatividade.
Desapego
O consumo exagerado é um sinal de alerta. De acordo com Vivian Wolff, no
aprendizado das práticas meditativas existe o conceito de que muito do nosso
sofrimento está no apego e no desejo de possuir mais. O que essas pessoas não
sabem, e precisam aprender, é que a busca pela felicidade nem de longe está no
“ter”. “Quantas vezes alguém sentiu um vazio interno, foi ao shopping, comprou
um monte de coisa e voltou para casa com o sentimento de satisfação? Essa
sensação é falsa e momentânea. Logo, o vazio volta, pois não são roupas novas
que preencherão esta lacuna e tampouco resolverão suas angústias”, explica
Vivian. Daí a necessidade de ter autoconhecimento, descobrir sua identidade,
suas necessidades e o que realmente é importante na sua vida. Sem precisar
torrar o cartão de crédito. “Faça um check list da sua vida. Identifique o que
tem de errado e tente mudar ou resolver o problema. Pense em quem você é, quais
os seus valores, suas metas. Sinta se você está feliz com a vida que leva ou
apenas acomodado. Descubra o que te dá prazer em viver, e que não tenha relação
com consumo. Na medida que percebemos nossas prioridades, começamos a desapegar
e construir uma nova forma de viver. Respiramos com alívio quando, em vez de
passar a tarde no shopping, preferimos ir a um parque. Em vez de comprar mais
um livro, resolvemos começar a ler algum dos 17 que estão empilhados no
criado-mudo”, afirma Vivian Wolff.
Organização e definição de metas
O dia só tem 24 horas, e é preciso lembrar que esse
é o tempo bruto de que
dispomos. O tempo líquido que sobra deve ser dedicado à atenção de nossas necessidades fisiológicas e de saúde e bem-estar. E o conceito de bem-estar integra as dimensões física, mental, social e intelectual, bem como o propósito de vida de um indivíduo. Daí a importância da organização e definição de metas na vida pessoal e profissional. No entanto, segundo a psicóloga Elaine Di Sarno, mais importante do que definir as metas é estabelecer objetivos e selecionar atividades que possam ser implementadas de forma realista. “Quando falamos de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, é comum o indivíduo fazer planos como sair do trabalho mais cedo para ficar com a família, fazer ginástica e dormir, pelo menos, 8 horas por noite. Tudo isso pode parecer ideal. Mas dificilmente é possível implementar um plano tão perfeito de uma vez e fazê-lo funcionar. Sempre há imprevistos, como uma viagem a trabalho, um atraso motivado pelo trânsito ou algo que desmorona a estrutura toda. Daí vem a desmotivação. Num processo de mudança sustentável, é preciso constituir um plano de ação que será implementado aos poucos. As experiências bem-sucedidas vão sendo inseridas pouco a pouco na rotina e tendem a ser consolidadas aquelas que melhor se adequam à vida real e aos recursos disponíveis que o indivíduo possui. Definir um número semanal de horas de exercícios físicos permite uma distribuição flexível e mais realista do que matricular-se na aula de spinning das 19h30 todos os dias, por exemplo. O importante é avaliar constantemente o que está sendo feito versus objetivos e prioridades estabelecidos.
dispomos. O tempo líquido que sobra deve ser dedicado à atenção de nossas necessidades fisiológicas e de saúde e bem-estar. E o conceito de bem-estar integra as dimensões física, mental, social e intelectual, bem como o propósito de vida de um indivíduo. Daí a importância da organização e definição de metas na vida pessoal e profissional. No entanto, segundo a psicóloga Elaine Di Sarno, mais importante do que definir as metas é estabelecer objetivos e selecionar atividades que possam ser implementadas de forma realista. “Quando falamos de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, é comum o indivíduo fazer planos como sair do trabalho mais cedo para ficar com a família, fazer ginástica e dormir, pelo menos, 8 horas por noite. Tudo isso pode parecer ideal. Mas dificilmente é possível implementar um plano tão perfeito de uma vez e fazê-lo funcionar. Sempre há imprevistos, como uma viagem a trabalho, um atraso motivado pelo trânsito ou algo que desmorona a estrutura toda. Daí vem a desmotivação. Num processo de mudança sustentável, é preciso constituir um plano de ação que será implementado aos poucos. As experiências bem-sucedidas vão sendo inseridas pouco a pouco na rotina e tendem a ser consolidadas aquelas que melhor se adequam à vida real e aos recursos disponíveis que o indivíduo possui. Definir um número semanal de horas de exercícios físicos permite uma distribuição flexível e mais realista do que matricular-se na aula de spinning das 19h30 todos os dias, por exemplo. O importante é avaliar constantemente o que está sendo feito versus objetivos e prioridades estabelecidos.
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