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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Tratamento da obesidade também deve incluir cuidados com a saúde bucal


Falta de acessibilidade é um dos principais desafios para pacientes obesos manterem uma rotina de consultas odontológicas


A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Essa condição acarreta o aumento do risco para patologias secundárias, como alterações metabólicas, dificuldades respiratórias, doenças cardiovasculares, dano renal e prejuízos na locomoção. Para pacientes obesos, a manutenção da saúde bucal é importante para que as condições secundárias não sejam agravadas.

O diagnóstico é realizado a partir do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que consiste em dividir o poso corpóreo do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. A partir do resultado, são considerados obesos os pacientes que apresentarem IMC superior a 30kg/m².

Segundo levantamento do Ministério da Saúde, em 2016, uma em cada cinco pessoas no País está acima do peso. O índice de obesidade passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016.

O tratamento odontológico de obesos deve ser feito por equipe interdisciplinar (médico, enfermeiro, nutricionista), baseado sempre nas atuais condições clínicas do paciente, visando a remoção de focos infecciosos na boca, que favorecem a manutenção das morbidades advindas da obesidade, a restauração dos elementos dentários e a reabilitação protética.

Segundo Juliana Bertoldi Franco, cirurgiã-dentista integrante das Câmaras Técnicas de Odontologia Hospitalar e de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), o profissional que realizar o atendimento a pacientes obesos tem que se atentar para cáries e doença periodontal devido a uma dieta composta, na grande maioria dos casos, por carboidratos. Pesquisas recentes também mostram alterações na quantidade e na qualidade da saliva (hipossalivação) no paciente obeso, o que implica na reincidência e agravamentos das doenças citadas, assim como a alteração da microbiota oral.

Além disso, é importante que a(o) cirurgiã(ão)-dentista enfatize ao paciente sobre a importância de um tratamento odontológico de rotina, com retorno a cada seis meses.

“Geralmente, pela dificuldade de locomoção a falta de acessibilidade dos consultórios, o paciente deixa de procurar a(o) cirurgiã(ão)-dentista, aumentando os problemas bucais”, diz a profissional.


Acessibilidade

Ainda segundo a cirurgiã-dentista, o paciente obeso deve ser considerado um “paciente complexo sistemicamente, pela associação da obesidade com patologias secundárias” e orienta aos profissionais de Odontologia realizar algumas adaptações para o atendimento odontológico, como cadeira odontológica preparada, periféricos, cilindro de oxigênio, aparelho de aferição de pressão arterial, glicosímetro e oxímetro de pulso.

“No geral, os consultórios não estão preparados para o atendimento de pacientes super obesos (IMC acima de 50kg/m2). A grande maioria das cadeiras odontológicas suportam no máximo o peso de 150kg, sendo sempre importante o profissional checar o limite do equipamento, assim como perguntar peso e altura do paciente durante a anamnese”, comenta a cirurgiã-dentista.

Caso o profissional não conte com estrutura adequada em seu consultório ou não se sinta seguro para o atendimento do paciente obeso, pode encaminhá-lo para um profissional capaz de prestar assistência adequada.

Às vezes a negativa pode ser devido à falta de rampa ou elevador de acesso para o consultório. Salas de atendimento com espaço restrito e falta de cilindro de oxigênio são outros motivos comuns. O importante é sempre explicar a razão ao paciente ou responsável.




Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

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