Doença
também é fator de risco para outras enfermidades crônicas, como diabetes,
problemas cardiovasculares e câncer; especialistas alertam que é preciso falar
sobre o tema sem preconceito
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é
um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Caracterizada pelo acúmulo
de gordura corporal, ela é considerada doença crônica e multifatorial, ou seja,
ocasionada por fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e
ambientais.
“Ao ingerir mais calorias do que gasta, o paciente ganha
peso. O tipo de alimento ingerido e as atividades realizadas ao longo do dia
influenciam nessa conta. Há uma relação direta entre alimentação saudável,
atividade física e peso dentro da normalidade”, explica Dra. Ariane Macedo,
cardio-oncologista e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado
pela Vida. Apesar da equação parecer simples, ela ressalta outras questões
envolvidas. Por exemplo, quando os familiares são obesos, há uma
probabilidade maior dos filhos também serem.
Segundo dados Associação Brasileira para Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a obesidade afeta 50% da população
brasileira adulta; entre as crianças, 15% dos pequenos são obesos no Brasil.
“As famílias precisam se conscientizar porque elas possuem papel fundamental na
formação dos hábitos alimentares”, analisa Dra. Ariane. Com a correria do dia a
dia, é mais fácil comprar comidas prontas e industrializadas, comer fora ou
preparar congelados “É preciso descascar mais e desembalar menos”. Ela reforça
que os maus hábitos contribuem para os números cada vez mais alarmantes da
obesidade no Brasil.
A médica reforça que a obesidade tem consequências importantes para a
saúde da população. Ela explica que, durante a infância, a doença está
relacionada ao aumento do risco futuro de desenvolvimento de doenças cardíacas,
como a hipertensão arterial (pressão alta), diabetes e alteração nos níveis de
colesterol. “Além disso, a obesidade é também fator de risco para o
desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de intestino e próstata, nos
homens, e de câncer de mama, ovário e endométrio, nas mulheres”, afirma a
médica.
Sedentarismo,
um vilão
A boa alimentação
é o primeiro passo para garantir que a conta do peso saudável feche no azul.
Porém, a prática de atividades físicas regulares também é fundamental para
combater a obesidade. Para que o objetivo seja cumprido, recomenda-se ao menos
150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada. “Esta
medida já é capaz de reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e
alguns cânceres”, diz Dra. Ariane.
Quando não há
tempo para academia ou atividades ao ar livre, ela recomenda pequenas mudanças
nos hábitos do dia a dia, como por exemplo trocar o elevador pelas escadas,
dispensar o carro sempre que possível e levar o cachorro para passear.
Entre os
benefícios obtidos pelos exercícios físicos, estão a redução da pressão
arterial, melhora na resistência insulínica, aumento da disposição para as
tarefas diárias, alívio do estresse, redução da depressão, prevenção de doenças
cardiovasculares e até mesmo da osteoporose.
Entendimento
da obesidade como doença
Para Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto
Lado a Lado pela Vida, a
obesidade é uma doença repleta de tabus e preconceitos que precisam ser
discutidos. “Os padrões de beleza impostos pela sociedade e pela mídia criaram
um modelo de corpo perfeito, na maioria das vezes irreal e inatingível. Por
causa desses padrões estéticos, a gordofobia tornou-se um fenômeno
contemporâneo que está presente em muitos aspectos. Precisamos falar mais
abertamente sobre este tema, para que todos caiam em si e criem a consciência
de que o controle do peso e o combate ao sedentarismo são necessários para que
qualquer pessoa tenha melhor qualidade de vida, independentemente da idade ou
gênero”, finaliza a empreendedora social.
Instituto Lado a Lado pela Vida
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