Pesquisadores
observaram que inflamação mais intensa no rim de doadores ocorre pela maior
atividade inflamatória de moléculas que podem ser "desligadas" por
medicamentos
Há mais de cinco anos um grupo de pesquisadores,
sediado na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), coordenado
pelo Prof. Dr. Mário Abbud Filho, desenvolve com importante apoio da Famerp e
do Hospital de Base, estudos moleculares e clínicos do transplante renal.
Um dos grandes problemas do transplante renal é o
número insuficiente de órgãos para atender à crescente demanda de pacientes em
lista de espera. O crescimento desproporcional da lista de espera aumenta o
tempo para transplante e, consequentemente, pior qualidade de vida para o
paciente, aumento dos custos do tratamento dialítico e maior mortalidade.
Os rins de doadores falecidos em consequência de
morte cerebral são utilizados para transplante e atualmente classificados em
dois tipos: rins do tipo padrão e rins diferentes do padrão. Esses últimos são
classificados como rins com “critérios estendidos”.
A crescente necessidade de órgãos para
transplantação motivou a criação de inúmeras estratégias visando aumentar o
número de órgãos para transplantes, como a expansão dos critérios de aceitação
para doação e o uso de rins de doadores de critério estendido aumentou em todo
o mundo.
Entretanto, em alguns centros de transplante, cerca
de 20% dos rins desse tipo não são transplantados, sob a alegação, controversa,
de que seus resultados são inferiores aos transplantes feitos com os chamados
“rins padrão”.
Diante disso, uma pesquisa realizada pelo
Laboratório de Imunologia e Transplante Experimental (LITEX/FAMERP) pode
aumentar a esperança dos pacientes que esperam na fila para o transplante de
rim.
Os pesquisadores identificaram nos órgãos de
doadores de critério estendido maior atividade inflamatória de algumas
moléculas que podem ser tratadas com medicamentos para reduzir a inflamação e
melhorar qualidade do rim.
Premiado pela Associação Brasileira de Transplante
de Órgãos e pela Sociedade Internacional de Transplantes, o estudo da Famerp
mostrou que os rins de critério estendido realmente possuem mecanismos de
inflamação mais ativos quando comparados aos rins do tipo padrão.
Entretanto, os resultados inéditos identificaram as principais moléculas que
podem ser a causa desta maior atividade inflamatória, fornecendo informações sobre
a qualidade do rim de doadores falecidos e com isso tentar diminuir a taxa
elevada de descarte desse tipo de órgão e possibilitar o tratamento desses
rins.
Publicada pelo Transplantation Direct Journal, a
pesquisa faz parte de um projeto de doutorado da aluna Greiciane Maria da
Silva Florim e é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP).
Principais pontos do estudo
- O estudo descobriu uma maneira de tratar rins que
seriam descartados para poder utilizá-lo para transplante;
- Foram cinco anos de estudo na Faculdade de
Medicina de Rio Preto (Famerp);
- A descoberta pode aumentar o número de rins para
transplante e reduzir o tempo de espera em lista.
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