Abaixo, listo as cinco abordagens que considero prioritárias para entender com quem estou conversando e se a pessoa tem o perfil para a vaga.
1. Peça para o candidato se apresentar
Eu sempre estou com o CV enviado em mãos, mas quero que o candidato me explique o seu percurso profissional, com suas próprias palavras. Quero saber qual o histórico dele, o que vai ressaltar de todas as experiências que teve e a maneira que ele se vê como profissional. Saber sobre sua formação, ano que trabalhou em tal empresa e suas habilidades variadas também é importante, mas sempre quero entender como ele conta a própria história. Isso diz muito sobre como ele se projeta não só no mercado de trabalho, mas muitas vezes, na vida como todo.
2. Entenda o tempo de casa
Um dado que sempre me chama atenção nos currículos é sobre o tempo que a pessoa ficou em cada emprego. Hoje em dia, sabemos que o perfil das gerações vem mudando e está muito mais inquieto e dinâmico, mas mesmo assim é preciso entender os motivos que levam um profissional a mudar tanto de emprego. Claro que são inúmeros os fatores para isso acontecer, mas sempre vou querer saber se foi por movimento de mercado, se a pessoa não se adapta mesmo ou se ela nem sabe o que realmente quer. Esse é um dado importante de ser analisado na hora de contratar. Afinal, você não quer correr o risco de integrar uma pessoa à equipe e perdê-la daqui a três meses, não é?
3. O que você está procurando aqui?
Outro ponto que acho fundamental durante a conversa com o candidato é entender quais são seus objetivos e o que o motivou a se candidatar para a vaga nesta empresa. Muitas vezes, ao ser questionada, a pessoa não sabe dizer ao certo porque se candidatou à vaga.
É nesse momento que identificamos, por exemplo, se o candidato fez spam do seu CV, sem foco e saiu ‘atirando’ para todos os lados. A procura de uma nova recolocação precisa ser pensada em todas as etapas. Se o indivíduo não se deu ao trabalho de saber o porque quer essa vaga, provavelmente ele não é o candidato que você espera.
4. No que é bom e no que precisa melhorar
Essa é uma das perguntas mais clássicas, mas que poucos conseguem responder. Durante o papo, eu peço para a pessoa citar um ponto positivo e um negativo. Temos que entender qual é seu diferencial. Em geral, as pessoas têm dificuldade em ressaltar uma qualidade.
Geralmente, pergunto na sequência qual foi o último feedback negativo que recebeu ou qual o ponto que ela acha que tem o que melhorar. Quando ela acha que não há nenhum ponto a ser trabalhado, sempre me preocupa. Todos temos melhorias a evoluir. E saber isso não será, necessariamente, uma linha de corte, mas sim uma maneira de entender mais sobre aquele indivíduo em uma conversa de 50 minutos.
5. Exemplo de resiliência
E por último, e não menos importante, peço para o candidato me contar, se não tiver problema ou constrangimento, um exemplo prático de resiliência que passou em sua vida pessoal. No ambiente corporativo, sabemos o jogo de cintura esperado dos profissionais, mas por isso faço questão de saber como ele se saiu em uma situação de vida, fora da empresa. As pessoas se revelam muito em situações que saem da sua zona de conforto. Isso vai me falar muito sobre o que esperar de tal profissional se ele vier a trabalhar em minha equipe.
Bem, esse é um roteiro que costumo seguir nas entrevistas. É importante que cada gestor tenha o seu. O importante é se preparar também para essa conversa, que em geral, é muito importante para aquela pessoa sentada em sua frente e para o futuro da sua empresa. Boa sorte para todos!
Braulio Lalau de Carvalho - CEO da Orbitall,
empresa do Grupo Stefanini
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