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Universidade lança
Centro de Licenciaturas e investe na formação de educadores
O número de cursos de Pedagogia no Brasil teve
aumento de 85% entre 2002 e 2007 e, de 2008 até 2017, um aumento mais tímido:
3%, segundo dados do MEC. Embora essa proliferação de cursos possa parecer uma
boa notícia, o economista e reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins,
afirma que é preciso ter cautela. “O aumento na oferta de cursos não está
relacionado com formação de qualidade”, alerta. O Exame Nacional de Desempenho
de Estudantes (Enade), reforça a afirmação do professor. Em 2017, dos 1.212
cursos de Pedagogia no Brasil, 73% receberam nota abaixo de 4 no exame, o que é
considerado abaixo da média.
O Brasil tem 2,2 milhões de professores atuando na
Educação Básica. Segundo o Censo da Educação Superior de 2017, divulgado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
9,2% dos calouros - quase 300 mil universitários - ingressaram na Educação
Superior se matriculando em um curso de Pedagogia. Por outro lado, mesmo sendo
a profissão mais numerosa do país, a carreira de professor não está mais entre
as preferidas dos brasileiros. Há dez anos, o interesse dos jovens era de 7,5%
- e hoje caiu para 2,4%, segundo dados do relatório Políticas Eficientes para
Professores, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). Uma pesquisa do Ibope Inteligência mostra ainda que metade dos docentes
não recomenda a própria profissão.
Para Pio Martins, três fatores contribuem para esse
desinteresse: “o fato de a maior parte dos empregos estar no setor público e,
no caso do Ensino Fundamental, com predominância das prefeituras e, em decorrência
disso, os salários médios comparados com outras profissões são baixos, além da
quase impossibilidade de progressão significativa na carreira e na escala de
salários”, enumera. Já para a professora Esther Cristina Pereira, presidente do
Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), viver a sala de aula
hoje em dia não é fácil, principalmente porque a sociedade não valoriza o
professor. “O negativo de uma criança é jogado para a escola, quando, na
verdade, a responsabilidade por acompanhar o desenvolvimento e incentivar o
estudo é papel da família. Esse cenário é o grande desmotivador para nossos
futuros docentes”, avalia.
Contrariando esse cenário, a Universidade Positivo,
de Curitiba, desafia o mercado e lança o Centro de Licenciaturas, com seis
cursos disponíveis para 2019: Ciências Biológicas, Educação Física, Física,
Matemática, Pedagogia e Química. “Mais importante e urgente que a demanda de
mercado é o investimento que devemos fazer no futuro da educação brasileira. E
não vejo outra forma de investir na educação senão começando pela formação de
bons professores”, justifica o reitor.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2017, do
Ministério da Educação, cerca de 15% dos professores que atuam na Educação
Básica não têm ensino superior, sendo que a Educação Infantil é a área com o
maior percentual - 24,3% não têm diploma universitário. Segundo Pio Martins,
com a falta de professores qualificados, principalmente para a Educação Básica,
tanto a carreira quanto os salários deverão passar por uma fase de melhora nos
anos futuros. “Como não basta um professor conhecer os conteúdos de alguma
disciplina, mas é necessário que ele desenvolva as habilidades e métodos de
ensinar, as licenciaturas que a UP propõe pretendem fornecer os dois elementos:
os conteúdos científicos das disciplinas e a formação para o ofício de
ensinar”, conta.
O Centro de Licenciaturas da Universidade Positivo
conta com o Núcleo de Práticas Pedagógicas que, de acordo com a coordenadora do
curso de Ciências Biológicas da instituição, Ana Meyer, trabalhará de forma
interdisciplinar, envolvendo as seis graduações por meio de seminários e
projetos de intervenção. Há, ainda, a possibilidade do estudante ter a formação
bilíngue, já que o ensino do Inglês faz parte da matriz curricular dos cursos.
Outro diferencial é uso de TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação), para
preparar o futuro professor para uma educação em constante evolução.
De acordo com Ana Meyer, a realidade da educação
brasileira tem duas faces. “Pode ser desestimuladora, mas também pode ser um
desafio. Uma nova geração de professores pode mudar essa realidade é a única
solução para uma sociedade mais justa”, ressalta. Ainda segundo ela, não existe
mágica e a curto prazo - e o reconhecimento da profissão de professor não
ocorrerá por decreto. “A médio e a longo prazos, nós, professores e gestores,
devemos trabalhar para formar uma nova geração de educadores, com nova visão
sobre a docência, ou seja, a docência não pode ser vista com a visão estreita
daquele que apenas transmite um saber, mais sim do profissional que produz
conhecimento e novas metodologias de ensino”, argumenta.
Para ela, o professor deve ser compreendido como um
pesquisador e, como tal, adquirir conhecimentos e condições de influenciar ou
modificar políticas educacionais. “Obviamente, a ampliação do reconhecimento
social e uma remuneração mais justa também contribuem para tornar a docência
mais atrativa”, conclui.
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