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terça-feira, 13 de novembro de 2018

14% da população mundial ainda não possui acesso à eletricidade, diz estudo da A.T. Kearney


 Conduzido pelo Instituto A.T. Kearney Energy Transition, levantamento associa a falta de acesso à energia com a desigualdade e estagnação econômica ao redor do mundo;
No Brasil, falta de energia tem relação direta com desigualdade educacional,especialmente em áreas rurais


A A.T. Kearney, consultoria de gestão de negócios com mais de 90 anos de trajetória global, acaba de divulgar o estudo Energy Poverty, realizado pelo Instituto A.T. Kearney Energy Transition. O levantamento associa a falta de acesso à energia com a desigualdade e estagnação econômica ao redor do mundo.

Segundo o estudo, garantir energia limpa, sustentável e acessível a todos é uma prioridade para governos mundiais, e uma das Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030. Em 2016, 1,1 bilhão de pessoas (14% da população mundial) não tinham acesso a eletricidade e 2,8 bilhões (37%) careciam de acesso a combustíveis limpos. Desenvolvimento e energia humano estão intrinsecamente ligados: energia é fundamental para prover necessidades humanas, como ar limpo, saúde, alimento e água, educação e direitos humanos básicos; e é essencial para o desenvolvimento de todos os setores econômicos.

O acesso à eletricidade impacta diretamente na desigualdade educacional, especialmente nos países subdesenvolvidos. "O Brasil é um exemplo bastante importante dessa influência", assegura François Santos, sócio da A.T. Kearney Brasil especializado no mercado de infraestrutura. "As crianças com acesso à energia elétrica têm melhor desempenho escolar do que aquelas que carecem desse item", afirma Santos, mencionando estatísticas da região rural brasileira divulgadas pela Unesco.

À medida que a população residente em áreas sem eletricidade cita a educação como um benefício trazido com a energia elétrica, diz o executivo da A.T. Kearney, podemos dizer que o acesso à eletricidade interfere diretamente na tendência dos alunos a repetir os anos escolares. "As crianças precisam da energia elétrica para estudar e fazer o dever de casa. Se considerarmos que, entre as crianças de 3 a 12 anos de idade, uma hora de estudo diário reduz a probabilidade de repetência em 1,6%, então aqueles com acesso à eletricidade tendem a ir melhor e repetir menos anos na escola."


Combustíveis limpos

A análise da A.T. Kearney ainda indica que a falta de acesso à energia afeta principalmente as economias de baixa renda e as áreas rurais. Além disso, revela que, embora a eletricidade esteja avançando, o desenvolvimento de combustíveis limpos está estagnado. Entre 2000 e 2016, o número de pessoas sem acesso a eletricidade caiu cerca de 35%, de 1,7 bilhão para 1,1 bilhão. Nesse período, cerca de 1,1 bilhão de pessoas passaram a contar com eletricidade, excedendo o crescimento populacional no mundo, que foi de 600 milhões de pessoas. A Índia registrou os mais elevados índices, com uma média de mais de 33 milhões de pessoas ganhando acesso a eletricidade por ano.

Em geral, diz o estudo, o acesso a eletricidade e combustíveis limpos varia de acordo com a riqueza econômica média de cada país. Nos países de baixa renda, o percentual da população com acesso a eletricidade varia de 10% a 40%, enquanto a variação nos países de média renda fica entre 40% e 80%. Apenas entre 5% e 30% das pessoas nos países de baixa renda possuem acesso a combustíveis limpos, comparado a entre 30% e 50% nas nações com renda média a baixa.

Graças às políticas e investimentos (da ordem de US$ 334 bilhões), a Agência Internacional de Energia (IEA) estima uma redução global na população sem acesso a eletricidade. A estimativa é que ela caia do 1,1 bilhão registrado em 2016 para 700 milhões em 2030. Entre 2030 e 2040, a redução deve desacelerar, a menos que novas medidas sejam tomadas.

O cenário dos combustíveis não-sólidos é ainda pior. A população global sem acesso a combustíveis modernos deve cair apenas 7% entre 2016 (2,8 bilhões de pessoas) e 2030 (2,6 bilhões de pessoas). Os investimentos precisariam ser quadruplicados globalmente para garantir acesso universal a combustíveis limpos, com cerca de 30% desses gastos alocados na África.


Energias eólica, solar e hidrelétrica

O acesso global a eletricidade ganhou velocidade nas últimas duas décadas, com a crescente adoção de carvão e água como fontes de energia. Uma ampla gama de opções de geração de energia pode ajudar a erradicar a carência e a falta de acesso à energia, desde pequenos dispositivos instalados localmente até soluções de utilities em grande escala. Todas as fontes de energias renováveis, incluindo hidrelétrica, eólica e painéis solares fotovoltaicos, oferecem aplicações escaláveis em alguns locais e com uma variedade de conexões de grid e capacidades de geração de energia. O estudo sugere que o aproveitamento do potencial local de fontes de energia renovável poderia acabar com a pobreza energética em países subdesenvolvidos.

Estas são apenas algumas das constatações do estudo compilado pelo A.T. Kearney Transition Institute. A íntegra do levantamento, com detalhes sobre políticas maturidade das tecnologias de combustíveis e regulamentações pode ser vista
aqui.


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