Dicas
da psicóloga junguiana Amélia Kassis ajudam a lidar com o 'dia seguinte' de
festas e folias
Sabe
a máxima, se beber não dirija? Pois é! Aí chega o Carnaval e a grande
pergunta é: quem dirige sua vida?
Algumas
pessoas optam por fazer retiros durante a folia, mas a grande maioria vê o
Carnaval como uma oportunidade de ouro para deixar de lado o sagrado e viver o
profano, o que, na prática nos leva a ultrapassarmos limites e seguirmos
impulsos por vezes insanos. São dias de diversão sem fronteiras, tudo parece
lindo e permitido. Aí a festa chega ao fim e bate aquela ressaca - e não estou
falando do mal estar físico, mas de ressaca moral: aquela vergonha que nos
acomete quando o bom senso retorna, o sagrado bate à nossa porta e a ilusão se desmancha
no ar, virando uma bela e palpável desilusão.
E
sabe por quê? Porque, na realidade, podemos fantasiar nosso corpo,
mas lá no fundo o vazio da alma toma o microfone e a trilha sonora vira marcha fúnebre.
É justamente aí que reside o grande desafio humano: conciliar o que queremos
com o que é socialmente aceito. Unir o individual com o que
possibilita a vida social, até mesmo porque cai a censura, mas nunca a
memória - e quando olhamos para o que sobrou, vem a culpa, verdadeira
inimiga do autoestima.
A
boa notícia é que não somos o que fazemos. Mas a régua que mede nosso amor
próprio é a maneira como nos comportamos e o quanto de sucesso e
reconhecimento resultam de nossas ações. Como crianças ainda carecemos de
aprovação. Por tudo isso, é importante termos alguns parâmetros que
garantam nossa autoestima e previnam a ressaca moral nos dias seguintes de
qualquer festa.
- Se beber, segure a língua e as mãos
O álcool dificulta o controle dos impulsos, então se resolver se embriagar fique longe do celular para evitar telefonemas e mensagens que você não faria se estivesse sóbreo. - Se beber, faça-o sempre em companhia
de amigos
Se resolver se ‘liberar’, que seja em um ambiente seguro e na companhia de quem gosta e pode cuidar de você.
- Lembre-se de seus princípios e de seu
valor
Mesmo sóbreo podemos sofrer de ressaca moral, principalmente depois daquele desejo incontrolável de fazer o que não é congruente às nossas crenças. Antes de dar vazão a seus impulsos, tente contar até dez - esse é o tempo exato que o cérebro precisa para lembrar quem você é. - Comportamentos inadequados não fazem de
você uma pessoa inadequada
Você não é o que você faz. É importante ter em mente que estamos em processo de aprendizagem e às vezes nossa inteligência emocional não acompanha nossa cognição. - Pense, sinta e aja em sintonia
Vergonha e culpa independem de aceitação social - elas advém do fato de não aprovarmos nossos comportamentos. - Acolha-se sempre
Independente de qualquer deslize comportamental, aprenda a se acarinhar e dar colo. Pegue uma almofada e imagine-se criança. Abrace a almofada como se estivesse abraçando você mesmo e diga que está tudo bem, que agora você é adulto e pode cuidar do seu eu criança. Repita quantas vezes for necessário que ficará tudo bem e permaneça dando carinho a você criança, até sentir amenizar qualquer sensação desagradável que esteja sentindo. - Culpa passa
Lembre-se que tudo passa, inclusive a sensação de tristeza e irritabilidade proveniente da ressaca moral - que, no final das contas, é extremamente útil para servir de parâmetro do que é realmente bom para você.
Essas
dicas podem ajudar a lidar com o ‘dia seguinte’. Mas é importante observar se o
descontrole emocional está se tornando um hábito em festas e na sua vida. Se
for o caso, o ideal é procurar um especialista. A psicoterapia irá
auxiliar no entendimento do processo e fornecer ferramentas para se
descobrir, redescobrir, não se ferir, se preservar e cuidar melhor de você.
Amélia
Kassis -
Psicóloga Junguiana com especialização em Técnicas Corporais e Terapeuta Shiatsu;
desenvolve consultoria corporal e suporte psicoterápico para executivos das
áreas administrativa, financeira e comercial; somando mais de dez mil horas de
trabalho clínico. Seu trabalho fundamenta-se em técnicas de Massagem Oriental,
Bioenergética, Psicomotricidade, Relaxamento, Respiração, Hipnose, EMDR e
Terapia de Imagem. Como Educadora, instruiu Médicos, Fisioterapeutas e
Psicólogos, entre outros, a incluírem práticas da Medicina Oriental em seus
métodos de intervenção terapêutica. Também supervisiona grupos de diagnóstico
e estudo de casos, já tendo formado cerca de dois mil Terapeutas
Corporais desde 1990. Atualmente é coordenadora da área de Psicologia Clínica
da Companhia Zen (www.ciazen.com.br).
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