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domingo, 4 de março de 2018

Autoestima e amor próprio: antídotos para ressaca moral



Dicas da psicóloga junguiana Amélia Kassis ajudam a lidar com o 'dia seguinte' de festas e folias


Sabe a máxima, se beber não dirija? Pois é! Aí chega o Carnaval e a grande pergunta é: quem dirige sua vida?

Algumas pessoas optam por fazer retiros durante a folia, mas a grande maioria vê o Carnaval como uma oportunidade de ouro para deixar de lado o sagrado e viver o profano, o que, na prática nos leva a ultrapassarmos limites e seguirmos impulsos por vezes insanos. São dias de diversão sem fronteiras, tudo parece lindo e permitido. Aí a festa chega ao fim e bate aquela ressaca - e não estou falando do mal estar físico, mas de ressaca moral: aquela vergonha que nos acomete quando o bom senso retorna, o sagrado bate à nossa porta e a ilusão se desmancha no ar, virando uma bela e palpável desilusão.

E sabe por quê? Porque, na realidade, podemos fantasiar nosso corpo, mas lá no fundo o vazio da alma toma o microfone e a trilha sonora vira marcha fúnebre. É justamente aí que reside o grande desafio humano: conciliar o que queremos com o que é socialmente aceito. Unir o individual com o que possibilita a vida social, até mesmo porque cai a censura, mas nunca a memória - e quando olhamos para o que sobrou, vem a culpa, verdadeira inimiga do autoestima.

A boa notícia é que não somos o que fazemos. Mas a régua que mede nosso amor próprio é a maneira como nos comportamos e o quanto de sucesso e reconhecimento resultam de nossas ações. Como crianças ainda carecemos de aprovação. Por tudo isso, é importante termos alguns parâmetros que garantam nossa autoestima e previnam a ressaca moral nos dias seguintes de qualquer festa.

  • Se beber, segure a língua e as mãos
    O álcool dificulta o controle dos impulsos, então se resolver se embriagar fique longe do celular para evitar telefonemas e mensagens que você não faria se estivesse sóbreo.
  • Se beber, faça-o sempre em companhia de amigos
    Se resolver se ‘liberar’, que seja em um ambiente seguro e na companhia de quem gosta e pode cuidar de você.   
  • Lembre-se de seus princípios e de seu valor
    Mesmo sóbreo podemos sofrer de ressaca moral, principalmente depois daquele desejo incontrolável de fazer o que não é congruente às nossas crenças. Antes de dar vazão a seus impulsos, tente contar até dez - esse é o tempo exato que o cérebro precisa para lembrar quem você é.
  • Comportamentos inadequados não fazem de você uma pessoa inadequada
    Você não é o que você faz. É importante ter em mente que estamos em processo de aprendizagem e às vezes nossa inteligência emocional não acompanha nossa cognição.
  • Pense, sinta e aja em sintonia
    Vergonha e culpa independem de aceitação social - elas advém do fato de não aprovarmos nossos comportamentos.
  • Acolha-se sempre
    Independente de qualquer deslize comportamental, aprenda a se acarinhar e dar colo. Pegue uma almofada e imagine-se criança. Abrace a almofada como se estivesse abraçando você mesmo e diga que está tudo bem, que agora você é adulto e pode cuidar do seu eu criança.  Repita quantas vezes for necessário que ficará tudo bem e permaneça dando carinho a você criança, até sentir amenizar qualquer sensação desagradável que esteja sentindo.
  • Culpa passa
    Lembre-se que tudo passa, inclusive a sensação de tristeza e irritabilidade proveniente da ressaca moral - que, no final das contas, é extremamente útil para servir de parâmetro do que é realmente bom para você.
Essas dicas podem ajudar a lidar com o ‘dia seguinte’. Mas é importante observar se o descontrole emocional está se tornando um hábito em festas e na sua vida. Se for o caso, o ideal é procurar um especialista. A psicoterapia irá auxiliar no entendimento do processo e fornecer ferramentas para se descobrir, redescobrir, não se ferir, se preservar e cuidar melhor de você.






Amélia Kassis - Psicóloga Junguiana com especialização em Técnicas Corporais e Terapeuta Shiatsu; desenvolve consultoria corporal e suporte psicoterápico para executivos das áreas administrativa, financeira e comercial; somando mais de dez mil horas de trabalho clínico. Seu trabalho fundamenta-se em técnicas de Massagem Oriental, Bioenergética, Psicomotricidade, Relaxamento, Respiração, Hipnose, EMDR e Terapia de Imagem. Como Educadora, instruiu Médicos, Fisioterapeutas e Psicólogos, entre outros, a incluírem práticas da Medicina Oriental em seus métodos de intervenção terapêutica. Também supervisiona grupos de diagnóstico e estudo de casos, já tendo formado cerca de dois mil Terapeutas Corporais desde 1990. Atualmente é coordenadora da área de Psicologia Clínica da Companhia Zen (www.ciazen.com.br).


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