ANVISA
classifica produtos em cinco categorias, desde os sem efeitos aos muito nocivos
à saúde; entenda a divisão e veja quais são os principais
Estudos
realizados com medicamentos já no mercado descobriram que certos medicamentos
durante a gravidez podem causar defeitos congênitos graves, tanto para
gestantes quanto para mulheres no período de amamentação. Os exemplos mais
conhecidos são a talidomida, que tem efeito antiinflamatório para o HIV e
hanseníase, e a isotretinoína, usada para tratamento de acne grave. Além delas,
há outras substâncias que são igualmente prejudiciais.De acordo com a ANVISA, que publicou na portaria/resolução 1548/2003 o seguinte sistema de classificação, os riscos potenciais de uma determinada droga para o feto recebeu a classificação para cada medicamento:
Categoria
|
Definição
|
Risco à
saúde
|
Na prática
|
A |
Estudos controlados em humanos demonstraram nenhum risco fetal |
Não há |
Seguro: dano fetal remoto |
B |
Estudos animais não mostraram risco, mas não foram realizados estudos
controlados em humanos |
Não há evidência de risco no ser humano |
Risco não confirmado e medicamento provavelmente seguro, com benefício
maior que risco |
C |
Efeito adverso em animais, mas não foram realizados estudos
controlados em humanos |
Risco não pode ser afastado |
Usar somente se o benefício compensar o risco |
D |
Evidência de risco em fetos humanos |
Evidência positiva de risco |
Risco maior que benefício, portanto utilizar somente em situações de
exceção, como Risco de morte iminente da gestante ou doença grave sem opções
mais seguras ou eficazes |
X |
Há risco fetal que claramente excede qualquer benefício potencial para
a gestante |
Contraindicada na gravidez em qualquer situação |
Risco muito maior que benefício: nunca utilizar |
Tabela elaborada pela autora
“Apesar da utilidade da portaria, que é de
2003”, pondera a Dra. Patrícia de Rossi, ginecologista e obstetra do Conjunto
Hospitalar do Mandaqui, em São Paulo, “a conversa com o médico é fundamental
para que a gestante e seu feto tenham a saúde assegurada”. A médica avalia os perigos das chamadas drogas teratogênicas (passíveis de causar danos), que são igualmente nocivas. “Alguns medicamentos são perigosos em vários níveis. Podem causar desde morte (aborto ou óbito fetal intrauterino), malformações, restrição de crescimento fetal até deficiências funcionais, incluindo redução da capacidade intelectual”. A ação teratogênica depende do estágio de desenvolvimento do concepto, dose/efeito e mecanismo de dano de cada agente.
A especialista listou algumas dessas drogas e os efeitos que podem causar:
- Álcool - Não existe um limite seguro para o consumo de álcool durante a gravidez, já que ele pode causar uma Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Ele é contraindicado em qualquer quantidade.
- Anticonvulsivantes (antiepiléticos) - A própria epilepsia parece aumentar o risco de lesões. Mulheres que pretendem engravidar devem informar o médico para que um ajuste seja feito ao esquema de tratamento, com medicamentos mais seguros com doses menores. Recomenda-se suplementação de ácido fólico e controle do nível da droga no sangue ao longo da gravidez. Os medicamentos que devem ser evitados são: hidantoína (fenitoína, Hidantal®), fenobarbital (Gardenal®), ácido valpróico (Depakene®) e carbamazepina (Tegretol®).
- Anti-hipertensivos da categoria inibidores da ECA (captopril, enalapril) - São considerados teratogênicos no segundo e terceiro trimestre da gravidez, podendo causar danos irreversíveis.
- Retinoides sistêmicos (isotretinoína, acitretina) - São os mais potentes teratógenos conhecidos em humanos. A isotretinoína (Roacutan®) é utilizada no tratamento da acne cística severa e resistente a outros tipos de terapia. A acitretina (Neotigason®) é prescrita para pacientes com psoríase e outras doenças graves da pele.
- Misoprostol - O uso no primeiro trimestre da gravidez pode causar diversos danos, isso se a gestação não for interrompida, o que é comum. Essa síndrome causa perda total ou parcial dos movimentos dos músculos da face e dos olhos, levando a características como a ausência de expressões faciais (‘face em máscara’), dificuldade para fechar os olhos e estrabismo.
“A verdade é que se sabe pouco sobre os efeitos de tomar a maioria dos medicamentos durante a gravidez. As mulheres grávidas não são muitas vezes incluídas em estudos para determinar a segurança de novos medicamentos antes da sua entrada no mercado, por óbvios motivos éticos”, explica a Dra. Patrícia de Rossi. “A saída mais segura é uma conversa com o médico, que pode indicar novos rumos ao tratamento, sempre considerando os cuidados especiais com as gestantes”.
E durante a amamentação?
“Também é preciso ter cuidado. Há uma classificação de Hale, de 2004, semelhante à do FDA americano, que classifica o risco dos medicamentos”, explica a médica. Os produtos são divididos em quatros grupos, que vão desde medicamentos seguros para uso durante a amamentação até os totalmente contraindicados. O efeito deles é sobre o lactente ou o suprimento lácteo (composição e quantidade do leite materno).
Zambon do Brasil
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