Há
meses a Entidade já previa uma economia brasileira perto do crescimento
zero
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP) avalia o crescimento ínfimo de 0,1% do Produto Interno Bruto
(PIB) em 2014 como uma confirmação do atual quadro de fragilidade da economia
brasileira, cujo desempenho está abaixo do observado em economias de dimensões
comparáveis - e até mesmo da média de crescimento mundial. Esse foi o pior
desempenho do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e o mais fraco
desde 2009, quando o PIB caiu 0,2%.
De acordo
com a assessoria econômica da Entidade, o País está pagando uma conta cara pelo
excesso de consumo dos últimos anos, sem a contrapartida do aumento da
produtividade do produto brasileiro.
A forte
queda dos investimentos (-4,4%), a maior desde 1999, foi um dos agravantes para
o baixo crescimento do País, que passa por uma conjuntura desfavorável
carregada de incertezas quanto à capacidade do governo de fazer os ajustes
necessários para reverter o cenário. Outro fator negativo foi o crescimento de
1,3% das despesas do governo. Embora os gastos públicos tenham apresentado
queda no último trimestre (0,2%, na comparação com o mesmo período de 2013) a
expressiva alta no ano eleitoral evidencia a demora no reconhecimento do
desequilíbrio fiscal, o que só agravou o problema.
Ainda sob a
ótima da demanda, o consumo das famílias cresceu apenas 0,9% em 2014, o pior
resultado desde 2003, quando apresentou queda de 0,7%.
O setor de
serviços, em que estão incluídos comércio, transporte e serviços financeiros,
pode ser considerado o único ponto positivo do PIB. Após queda de 0,2% no
segundo trimestre - na comparação com o mesmo período do ano anterior - voltou
a registrar crescimento (0,3%) no trimestre seguinte, e, no último, teve alta
de 0,4%. Esse desempenho está atrelado a setores básicos, uma vez que, em tempo
de crise econômica, as famílias tendem a realocar os seus recursos para bens e
serviços essenciais. O comércio, entretanto, apresentou a terceira queda
trimestral consecutiva - na comparação interanual - e encerrou o ano com recuo
de 1,8%, o pior desempenho desde 2009, quando a economia brasileira sofria os
impactos da crise internacional.
Segundo a
Entidade, tais resultados mostram visivelmente a realidade da economia nacional
e sinalizam para a continuidade do processo de desaceleração interna da atividade em 2015, já
desenhado pelos indicadores de produção e consumo divulgados por várias
entidades, que apontam para um primeiro trimestre negativo. O Índice de Consumo
das Famílias (ICF) e o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da
FecomercioSP, por exemplo, apresentam queda há um ano.
A Federação
defende, portanto, que a reforma fiscal seja discutida urgentemente e que o
governo sinalize de forma clara um projeto econômico articulado e amplo. A
crise hoje é de credibilidade e se não houver transparência e previsibilidade,
os empresários não voltarão a investir e o consumidor continuará a restringir
os seus gastos.
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