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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

O PL do novo Código Comercial e o Agronegócio


No fim de fevereiro de 2018, o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento das ações que questionavam a constitucionalidade do Código Florestal. Uma das leis mais debatidas pelo Congresso Nacional e pela sociedade desde a Assembleia Nacional Constituinte se converteu em centro das discussões do agronegócio, sob uma falsa dicotomia entre ambientalistas e ruralistas. Reconhecida a constitucionalidade da lei, devemos refletir sobre o julgamento para questionar o impacto do judiciário para o futuro do agronegócio brasileiro.

A questão crucial em jogo na manutenção ou não do Código Florestal foi praticamente ignorada pelos Ministros. A Lei Florestal não se limita a estabelecer diretrizes para a proteção da natureza. Trata-se de uma legislação territorial, que disciplina o uso do solo por meio da definição de espaços protegidos, onde não é possível qualquer intervenção humana ou esta é extremamente limitada.

A ótica de eventual retrocesso em relação à legislação revogada e a falsa oposição entre ruralistas e ambientalistas, argumentos que nortearam os votos de muitos ministros, omitem questão fundamental e estratégica do Brasil: o planejamento da ocupação do vasto território continental, patrimônio fundamental da sociedade brasileira, rural e urbana.

As terras aráveis de dimensões continentais elevam a importância geopolítica do Brasil como promissor fornecedor de fibras naturais, energias renováveis e segurança alimentar do mundo. Assim, a sociedade não pode relegar a discussão do uso do seu território a uma oposição maniqueísta entre um direito de propriedade pleno, com livre uso do solo, e um direito de propriedade convertido em ônus de preservação, recuperação e responsabilidade integral pela vegetação natural.

Nos Países mais desenvolvidos, onde a ocupação do território já se consolidou, os vetores do direito agrário e ambiental se fazem no sentido de garantir uma ocupação sustentável, com utilização econômica das florestas nativas e maximização da exploração das terras aráveis. Nesses Países, as florestas nativas residuais são ativos de produção na construção civil, na indústria de fibras e de energia, não se convertendo em passivo do proprietário rural.

Diferente do que ocorre no Brasil, não há espaço arável em que se abdique de produzir, ainda que se firme como imperativo a produção com sustentabilidade. O Código Florestal e o Supremo Tribunal Federal, infelizmente, mantêm uma visão romântica do meio ambiente, opondo seres humanos ao meio ambiente natural, impondo aos titulares de direito obrigações de responsabilidade integral pelos seus atos e pelos atos da natureza, como se tudo que estivesse nos limites de sua propriedade estivesse sob o seu domínio.

É preciso reconhecer que a definição do uso territorial não pode se basear apenas em regras de responsabilidade, alheias à realidade dinâmica da sociedade. A agropecuária implica na coordenação dinâmica entre a agrobiologia das plantas, dos animais e do ambiente de produção com o interesse econômico da produção de alimentos, fibras e energia. A sustentabilidade não é um imperativo retórico ou legal, mas uma questão de sobrevivência, de permanência do agronegócio no longo prazo. Impedir, de modo estrito e incondicional, a realização de atividades agrissilvipastoris em parcelas relevantes do território brasileiro é uma fatalidade que atenta aos interesses da soberania brasileira, prejudicando a população como um todo, especialmente aquela menos favorecida econômica e socialmente.

A legislação atual tem imposto à população brasileira o ônus de limitar o uso de 65% do território nacional. Ou seja, apenas 35% das nossas terras estão disponíveis para a população, que deverá financiar a manutenção de todo patrimônio territorial do Brasil. Trata-se de evidente exagero, se considerada a situação do restante dos Países do mundo e os custos envolvidos com a gestão territorial de áreas inabitadas e improdutivas.

Os formuladores de políticas públicas devem repensar a política territorial do Brasil alicerçada no Código Florestal, buscando melhor equilíbrio. De nada adiantará esse esforço, no entanto, se os guardiões do nosso ambiente institucional se mantiverem fiéis aos seus próprios e herméticos princípios, sem se atentar aos resultados práticos de suas decisões, especialmente no que se refere ao agronegócio.

Incumbe ao sistema jurídico perceber que a atividade agropecuária necessita de uma atenção diferenciada, pois estabelece uma relação singular entre território, natureza e interesse econômico. Trata-se de uma atividade com ciclos longos e irreversíveis, cuja realidade não pode se curvar à intenção retórica dos textos jurídicos elaborados por quem não conhece a realidade do campo. Os jurisconsultos é que devem curvar-se ao fato técnico da agropecuária e estabelecer um ambiente normativo capaz de dar segurança jurídica à realização dos ciclos agrobiológicos no ambiente natural.






 Nina Chaim Meloni - Advogada Especialista em Direito Ambiental; e Francisco de Godoy Bueno, sócio do Bueno, Mesquita e Advogados; e Vice-Presidente da Sociedade Rural Brasileira


O agricultor paulista avança


O agricultor do Estado de São Paulo está mais conectado às tecnologias, estuda mais e preserva o meio ambiente. São certezas que nós do setor sempre tivemos e que agora estão reforçadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista com a divulgação, prévia, dos dados do Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária (Lupa), o censo agropecuário.

Importante ferramenta de análise da realidade do campo, o Lupa foi realizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em um trabalho no qual tive a honra de contribuir como secretário de Agricultura.

O Levantamento só confirma que nosso amigo produtor rural é caipira com muito orgulho, mas não ficou obsoleto. Preocupado em acompanhar os avanços tecnológicos e as demandas mundiais, investiu em formação e colhe os frutos deste maior acesso a informações e inovações. 

O Lupa confirma que todos os níveis de escolaridade (fundamental, médio e superior) apresentaram crescimento entre a população rural - provando o interesse em melhorar não apenas a produtividade da terra, mas também a capacidade humana. 

Mais de 65% dos proprietários rurais nos 645 municípios paulistas, incluindo arrendatários e parceiros, possuem educação formal. Na edição anterior do Lupa, em 2007, este número era de 49%. Chega de conferir o adjetivo arcaico ao nosso amigo produtor rural. 

Os reflexos desta maior escolaridade incluem ganhos importantes para o cotidiano produtivo, como mais facilidade para a implementação de técnicas conectadas à demanda mundial por uma agricultura em harmonia com o meio ambiente.

Com conhecimento ampliado, esses produtores rurais sentem mais facilidade para aderir à implementação de iniciativas urgentes como o plantio direto, manejo integrado de pragas e sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

São tecnologias que, associadas à colheita mecanizada e à irrigação, foram responsáveis pelo grande incremento de produtividade e por uma maior preservação dos recursos naturais. O produtor rural continua sendo o melhor amigo da natureza. 

Outro número que afasta de vez a ideia de um agricultor que é arcaico por ser pequeno é o de que, no Estado, grande parte das propriedades é de agricultura familiar. Pequeno em seu tamanho, mas grande em sua vontade, o homem do campo paulista continua contribuindo para que o Estado seja campeão de exportação em várias cadeias produtivas como todos sabemos. 

A zona rural do Estado de São Paulo é formada por 334.741 Unidades de Produção Agropecuária (UPAs), pouco mais de 3,1% superior ao apurado no levantamento anterior, acomodada em 20.288.051,53 hectares. 283.860 delas (84,8%) possuem área inferior a quatros vezes o módulo fiscal vigente no município; ou seja, entre 5 e 40 hectares.

É preciso destacar também a importância da produção no campo para o sustento das famílias que nele vivem. Em 56,5% das Unidades, a administração é feita por agricultores que têm na propriedade a sua principal fonte de renda.
Idealizado com o objetivo de conhecer a realidade rural, produzir diagnósticos, cenários e análises regionais e setoriais, o Lupa é fundamental para a elaboração de programas e projetos alinhados às políticas públicas e estratégias empresariais. 

Ele articula pesquisa científica, extensão rural e defesa agropecuária para conhecer a fundo esta realidade que tem nos enchido de orgulho. 

Reúne centenas de milhares de informações dos municípios paulistas, abrangendo as explorações vegetais e animais no que tange à ocupação do solo, mão de obra, adoção de novas tecnologias, utilização de máquinas e benfeitorias existentes nas propriedades rurais. É uma verdadeira radiografia de um dos mais importantes segmentos da economia do Estado.

Quando o levantamento estiver disponível, o usuário contará com dezenas de combinações para construir cenários com os dados segmentados por município, região e cultura, graças ao trabalho conjunto das duas instituições: a Cati alimenta a base de dados e o IEA faz a consistência. 

A terceira edição do Lupa está em fase de finalização com 98,5% dos dados apurados e consistidos. É possível constatar a dinâmica do setor agropecuário, com mudanças de cenários importantes em algumas cadeias produtivas.

Mudanças que acompanham o mercado nacional e internacional, de problemas fitossanitários, dos avanços tecnológicos, da maior conscientização ambiental dos produtores rurais e da maior conscientização dos consumidores.

Um levantamento que reafirma a importância do homem do campo para toda a sociedade!






Arnaldo Jardim - Deputado Federal - PPS/SP


Casos e mortes por Aids caem mais de 30% em SP, na última década


 Balanço do Programa Estadual de DST/Aids mostra redução nas taxas de infecção e mortalidade pela doença entre 2008 e 2017 


A taxa de incidência de Aids no Estado de São Paulo teve queda de 31,3% na última década. É o que aponta o Balanço do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo. Em 2017, a taxa foi de 14,9 casos por 100 mil habitantes, contra 21,7 casos dez anos atrás. Em números absolutos, foram 8.763 casos em 2008, e 6.505 casos em 2017.

A queda da taxa da mortalidade pela doença foi ainda mais expressiva – 39,3% -, principalmente devido ao acesso a tratamento antirretroviral (ARV). Em 2017, foi de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes, com um total de 2.146 mortes, em números absolutos. Dez anos atrás, a taxa foi de 7,9 óbitos por 100 mil habitantes, com um total de 3.227 mortes. Ainda assim, no ano passado, 6 pessoas morreram diariamente por Aids em SP, no último ano.

Além disso, pela primeira vez na década, o número de novos casos de HIV apresenta declínio, caindo de 9.185 casos em 2016 para 8.536, no ano passado – queda de 8%. No sexo masculino, a taxa de detecção diminuiu de 42 para 39,1 novas infecções por 100 mil habitantes nos dois últimos anos e, entre mulheres, de 10,1 para 8,9 infecções por 100 mil habitantes. Os dados são preliminares e estão sujeitos a alterações.

“É importante ressaltar que estar infectado pelo HIV não significa ter Aids. Hoje em dia, uma pessoa com HIV que tem acesso ao teste e ao tratamento em tempo oportuno, não irá evoluir para a doença”, afirma o coordenador do Programa Estadual de DST/Aids, Artur Kalichman.

Embora os casos de Aids estejam diminuindo, nessa década, o número de casos novos notificados pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana, causador da Aids)  cresceu 3,5 vezes entre homens jovens que fazem sexo com homens em SP. A cada 100 mil homens, o salto foi de de 17,8 em 2008 para 39,1 em 2017, sendo que a  maior concentração é entre jovens de 20 a 24 anos, com 88,3 novas infecções por 100 mil habitantes, no ano passado. 

“É importante ampliar as estratégias de prevenção para que os jovens adotem práticas sexuais mais seguras, e incentivar a testagem para que esta população tenha acesso ao tratamento em tempo oportuno”, avalia Rosa de Alencar Rosa, coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP.

Já entre as mulheres, houve queda de 9,3 novos casos de HIV para 8,9 por 100 mil habitantes, na década. A predominância é na faixa etária de 25 a 29 anos, com 13,1 casos a cada 100 mil habitantes. 

Desde 1980 até o primeiro semestre de 2018, foram notificados 267.926 casos de Aids em SP. Somente nos últimos dez anos, foram 82.649 casos, com 27.562 óbitos.



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