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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Consumo de doces entre crianças aumentou 38% durante a pandemia

Um estudo encomendado pela Tetra Pak apontou que 38% das crianças consumiram mais doces durante a pandemia. Intitulada “O Universo da Lancheira”, e realizada pela Play Pesquisa, a empresa ouviu 720 crianças de 3 a 2 anos, e 1200 adultos de São Paulo, Recife, Fortaleza, Goiânia e Porto Alegre, entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021. 

Passando mais tempo em casa, da mesma forma que os pais admitiram que as crianças estavam consumindo alimentos mais saudáveis, por outro, também aumentaram o consumo de doces e guloseimas. O problema é que o aumento do consumo de doces desde o início da pandemia, quando todos estavam isolados em casa, podem ter consequências agora, quase dois anos depois. Isso porque com o hábito de comer doces já instalado, difícil é tirar da criança essa vontade de comer um docinho no dia a dia.

Para a odontopediatra Helenice Biancalana, Mestre em saúde da criança e do adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas, da UNICAMP, especialista em Odontopediatria e Ortopedia Funcional dos maxilares, vice-presidente da Associação Paulista de Odontopediatria APO/ABOPED e professora de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da APCD – FAO, os hábitos alimentares da família são responsáveis pela qualidade e quantidade dos alimentos que a criança ingere. “Se os pais tiverem uma dieta rica em açúcar, carboidratos, sódio (sal), lipídios (gordura), muito provavelmente os filhos também terão. O problema é que o açúcar quando consumido em excesso é considerado um dos vilões para o desequilíbrio da saúde bucal. Isso sem contar os riscos de obesidade e doenças crônicas como as cardiovasculares, diabetes e hipertensão”, afirma.

Segundo a especialista, os efeitos nutricionais responsáveis pelo início da formação dos dentes e do sistema estomatognático (face), requerem energia e nutrientes específicos para a sua fisiologia.  “Dessa forma, períodos de desnutrição prolongados durante a infância também podem levar a limitação do desenvolvimento de órgãos como o cérebro e as glândulas salivares, provocando diminuição do fluxo salivar, além de atraso no nascimento dos dentes de leite”, alerta. 


Sem doces e guloseimas até os dois anos de vida

Para promover uma saúde dentária desde o nascimento até a crianças maiores, a especialista orienta que nos primeiros 1.000 dias de vida do bebê (período que compreende os 270 dias da gestação até o segundo ano de vida), é de fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento infantil, que os pequenos não consumam doces e nem alimentos industrializados.

É importante frisar que a alimentação que a mãe recebe durante a gestação possuem elementos que ajudam a constituir o desenvolvimento do paladar infantil. “Durante a amamentação no seio materno, a criança também entra em contato com essas referências em seus hábitos alimentares, além de receber nutrientes”, afirma. Por isso é tão recomendado que a criança não consuma açúcar nesse período. “Frutas e bebidas não devem ser adoçadas. Também não devem ser oferecidas preparações que tenham o ingrediente, como bolos, biscoitos, doces e geleias”, justifica.


Açúcar escondido

A especialista lembra que o açúcar também está presente em grande parte dos alimentos ultraprocessados, achocolatados, bebidas açucaradas, cereais matinais, gelatina em pó com sabor, mingaus instantâneos preparados com farinhas, guloseimas como balas, chicletes, pirulitos e chocolates, além de biscoitos e bolachas doces. “Alimentos ricos em açúcar, seja o de adição ou o que está presente nos ultraprocessados, apresentam uma composição nutricional desbalanceada e um maior teor energético, caracterizando um padrão alimentar de baixa qualidade nutricional”, alerta. “Como consequência, esse tipo de alimento pode levar ao ganho de peso excessivo, surgimento de placa bacteriana e cárie nos dentes, além de outras doenças associadas”, endossa. Por último, mas não menos importante, a especialista lembra que a presença dos sabores doces na infância contribui para a constituição do paladar que pede mais açúcar depois.


Dicas para uma dentição sadia entre as crianças:

- A rotina dentro de casa deve ser estabelecida pela família, com a alimentação e higienização bucal, lembrando que o bebê deve ter os seus dentinhos escovados pelos pais, desde o primeiro dente que erupciona (nasce), com escova infantil, indicada para a idade e creme dental com flúor, no mínimo com 1100 ppm, com quantidade equivalente a um grão de arroz.

- O bebê alimentado exclusivamente no seio materno (sem nenhum outro líquido) até os seis meses de idade, não tem a necessidade de higienizar a boca com gaze umedecida em água filtrada, mas é recomendável que a boca faça parte dos cuidados diários, com um olhar para a língua, bochechas, mucosas, identificando a normalidade (rósea), e se necessário, passar a gaze umedecida em água filtrada.

-. A partir de 3 anos, identificando que a criança consegue cuspir o excesso de creme dental que fica na boca, a quantidade de creme dental pode aumentar para o equivalente a um grão de ervilha. Sempre lembrando que não é a escova lotada de creme dental que dá a eficiência à escovação, e sim os movimentos que a escova faz para a remoção dos restos de alimentos sobre os dentes.

- O uso da escova de dentes para adultos é recomendado após a erupção de todos os dentes permanentes, por volta dos 14 anos de idade. E o creme dental com flúor deve ter a concentração de 1450ppm.

- O hábito de usar o fio dental deve ser incorporado à higiene bucal do bebê desde cedo, complementando à escovação. Assim que os dentes de leite já permitirem o uso, o fio dental já pode ser utilizado.

- O enxaguante é importante para complementar a higienização bucal, principalmente à noite. Mas a recomendação é que somente a partir dos 12 anos ele seja utilizado pelas crianças. Abaixo dessa idade, a criança tem o risco de engolir o produto, que em excesso poderá acarretar efeitos indesejados.

- A visita ao dentista deve começar durante a gestação, quando a futura mamãe deve também fazer o pré-natal odontológico, cuidando da sua saúde bucal e recebendo todas as orientações sobre os cuidados necessários com o bebê que irá nascer.

- Da mesma forma que a criança é levada ao médico pediatra, tão logo nasça, também deve levá-lo à odontopediatra. As consultas devem ser feitas, de preferência a cada seis meses.

- Lembre-se, a família constrói os hábitos saudáveis, servindo de exemplo para os filhos também seguirem o mesmo caminho. Fora de casa, quando maiores, as crianças podem até ter o acesso, mas é no cuidado domiciliar que se atinge o equilíbrio.

 

 ABIMO- Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos

  

Fonte: Helenice Biancalana, odontopediatra, Mestre em saúde da criança e do adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas, da UNICAMP, especialista em Odontopediatria e Ortopedia Funcional dos maxilares, vice-presidente da Associação Paulista de Odontopediatria APO/ABOPED e professora de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da APCD – FAO.

https://www.tetrapak.com/pt-br/about-tetra-pak/news-and-events/newsarchive/covid-19-o-que-mudou-na-alimentacao-de-casa

 

O Que Acontece se Não Escovarmos os Dentes?

Com a rotina corrida do dia a dia, muitas pessoas acabam esquecendo ou deixando para depois a escovação dos dentes. Acordar atrasado para um compromisso ou para o trabalho já é um motivo para aquela velha desculpa de não realizar a limpeza dos dentes. Até mesmo o fato de já estar deitado para dormir, e vem aquela preguiça como justificativa para não levantar e escovar os dentes. Quem nunca? 

A cirurgiã dentista e especialista em saúde bucal Dra. Bruna Conde esclarece alguns riscos que você corre por não escovar os dentes durante o dia. 

O aumento exagerado e o acúmulo de bactérias é onde começa tudo. 

“Quando ficamos sem escovar os dentes inicia-se um processo de perda de mineral dos dentes. E se a falta da escovação se tornar mais frequente, a desmineralização da estrutura dos dentes também será rotineira, o que pode resultar no aparecimento de cárie. O mesmo pode acontecer em relação às doenças gengivais.” explica Dra. Bruna.

Quando os dentes não são escovados antes de dormir, as bactérias passam um longo tempo na boca e vão se acumulando nos espaços que ficam entre os dentes e também na curva gengival.

Você já percebeu a cor da sua língua? Ela está esbranquiçada? Isso pode ser a saburra lingual. Ela é uma massa formada por células descamadas da boca, além de bactérias, muco da saliva e restos alimentares. Se você não escovar a língua da forma correta e com frequência terá grandes chances de ter mau hálito. 

Bruna Conde conta que em pouco tempo, o que era quase imperceptível, formam-se placas bacterianas visíveis e evidentes tanto na língua quanto nos dentes. E quando não são removidas por meio de uma limpeza odontológica, a placa dá origem a uma série de outros problemas. Alguns deles bem graves.

E quais são os problemas que a placa bacteriana causa?

Mau Hálito 

Periodontite

Gengivite

Cáries

Amolecimento e perda dentária

Bruna Conde finaliza ressaltando que, por isso, para não agravar e desenvolver doenças mais graves, mantenha um hábito de sempre escovar os dentes principalmente antes de dormir. E não se esqueça de visitar seu dentista, para te auxiliar a manter sempre os cuidados necessários para que sua saúde bucal esteja sempre em dia.

 

Dra Bruna Conde - Cirurgiã Dentista.

CRO SP 102038


O que os pés revelam sobre a saúde

O médico ortopedista, Dr. Bruno Takasaki Lee, especialista em pés, da capital paulista, revela os sinais que os pés podem dar para indicar que algo não vai bem.

 

Ele conta que é importante fazer uma inspeção, mesmo que semanal, nos pés para avaliar se tudo está correto. “Pode procurar por bolhas, inchaços, rachaduras, calos, machas e atritos. Observe a cor e a textura das unhas, para verificar se não há infecção. Da mesma forma, cheque a cor dos pés: se estiverem azulados, pode indicar falta de circulação, assim como se estiverem vermelhos, podem indicar infecção ou inflamação. Também sinta se há algum incômodo ou dor constante que deve, sempre, ser investigado”, afirma. 

O ortopedista explica que a classificação de cada tipo de pé, varia de acordo com seu formato (cavo, chato ou plano) e com o tipo de pisada, podendo ser pronada, supinada ou neutra. “É importante que os pés recebam atenções frequentemente. Assim, é possível evitar males comuns, como joanetes, esporão, fascite plantar, rachaduras e frieiras, entre outros”, diz. 

Para ajudar. Dr. Lee deixa 3 pontos a serem considerados:

 

Câimbras: O desconforto passageiro, geralmente ligado ao excesso de esforço muscular.
 

Inchaço: O acúmulo de líquido sinaliza de traumas locais a problemas no sistema circulatório, como hipertensão e insuficiência cardíaca.
 

Dedos sobrepostos: Estão relacionados a degeneração por sobrecarga crônica e também podem ser resultado da progressão da artrite reumatoide.
 

Para evitar esses e outros incômodos e ainda prevenir doenças e lesões, a dica do médico é escolher o sapato adequado. “Um calçado adequado é capaz de evitar uma série de problemas nos pés, como esporões e reduzir sintomas de joanetes. Opte por modelos que encaixem da melhor forma no seu tipo de pé, com solados menos flexíveis, para redução da sobrecarga. Evite o uso excessivo de salto alto e opte pelo material e tamanho adequado. Observe também a capacidade de amortecimento de impacto do calçado e evite solados escorregadios”, avisa. 

Os cuidados também devem ser redobrados com a higienização.

Para evitar infecções, inflamações e, até mesmo, fungos, como aqueles que causam as frieiras, Dr. Lee lembra que é importante manter o pé devidamente higienizado e secá-los bem após a lavagem. Ainda, busca hidrata-los com regularidade, evitando rachaduras. 

No mais, o médico indica fazer exercícios bem orientados de amplitude e alongamento dos pés, bem como usar uma bolinha de tênis para fazer movimentos circulares na planta do pé, já que isso pode ajudar na circulação local. .


Dr. Bruno Takasaki Lee - CRM: 120.229 - Ortopedista Especialista em Pé e Tornozelo

Médico formado e Especializado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Tendo praticado inúmeras atividades esportivas durante sua vida, o Dr. Bruno Lee integra seu conhecimento técnico ao esportivo, unindo o conhecimento anatômico, patológico e funcional para o alcance do melhor resultado no tratamento de suas patologias. Nos últimos anos, o Dr. Bruno Lee buscou continuamente o aperfeiçoamento nas técnicas minimamente invasivas para tratamento das patologias dos pés. Esta nova técnica, em sua opinião, revolucionou e continuará revolucionando o cuidado nas patologias do pé e tornozelo.

 

No dia da mentira saiba o que ninguém te conta sobre miomas

O ginecologista, Dr. Alexandre Silva e Silva, discorre sobre curiosidades sobre a doença que são desconhecidas pela maior parte das mulheres

Miomas são um tumor benigno que se forma no útero. É um quadro relativamente comum, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 80% das mulheres em idade fértil apresentam a condição, sendo ela sintomática ou não.

Apesar de não ter uma causa ainda bem definida, miomas, mesmo quando assintomáticos, devem ser acompanhados e seguidos de perto através de exames de imagem anuais. Esse controle permite que o médico consiga perceber se a doença está evoluindo ou se está estável. Nos casos em que a doença evolui e os miomas crescem, um planejamento de tratamento deve ser realizado. Nos casos em que a doença se mantem estável, o seguimento através de exames de imagem anuais é a melhor opção.

O Dr. Alexandre Silva e Silva, ginecologista, defende que, mesmo sendo uma condição comum, as informações sobre os miomas ainda não são disseminadas de maneira massiva. “Existem diversos fatos que as pessoas não comentam sobre os miomas e ter esse conhecimento pode auxiliar mulheres a perceberem sintomas e buscarem tratamento adequado”, explica.

Entre as características não debatidas sobre os miomas, está, por exemplo, o fato de que é uma doença presente em mulheres com alta predominância estrogênica. “Ou seja, são mulheres com alta produção do hormônio estradiol, o principal hormônio sexual feminino”, pontua o especialista.

Uma outra questão que deve ser esclarecida é o fato de que a doença é mais predominante em mulheres afrodescendentes, por razões que ainda desconhecemos e portanto, essa população de mulheres deve estar mais atenta em realizar os seus exames anuais.

O diagnóstico precoce é fundamental e está diretamente relacionado com a complexidade do tratamento. “Quando a mulher descobre um mioma submucoso (que fica por dentro da cavidade uterina) que mede 2cm, por exemplo, uma histeroscopia cirúrgica é suficiente para o tratamento eficaz e preciso da doença, com uma internação de hospitalar de 6h de duração. Mas se esse mesmo mioma for descoberto já acima dos 4cm, a sua retirada deixa de ser tão simples e pode ser necessária a realização de dois procedimentos cirúrgicos para resolver o problema com eficácia.”

 “O mioma deve ser tratado e o tratamento varia conforme os sintomas, o tamanho, a localização, sua relação com a cavidade uterina e principalmente de acordo com os desejos e objetivos de cada mulher.”

Mulheres com desejo gestacional ou que não querem tirar o seu útero, por qualquer que seja o motivo, tem a opção de passar por um tratamento conservador, desde que passem por um planejamento terapêutico.

Miomas grandes dificultam mas não impossibilitam o tratamento conservador, mas o quanto menores forem, melhores serão os resultados das cirurgias conservadoras. 

 

Dr. Alexandre Silva e Silva - se formou em 1995 na Faculdade de Ciências Médicas de Santos em medicina. Sua especialização é em ginecologia e obstetrícia com treinamento extensivo em Cirurgia Minimamente Invasiva e Cirurgia Robótica. Além disso, possui certificação em cirurgia robótica em 2007 no Hospital Metodista de Houston e certificação em cirurgia robótica single site em 2016 em Atlanta, nos EUA. É mestre em ciências pela Universidade de São Paulo em 2019 e foi pioneiro em cirurgia minimamente invasiva a partir do ano de 1998, dando aulas de vídeo cirurgia desde então.  É referência em vídeo laparoscopia, vídeo histeroscopia e cirurgia robótica.


Dor nas pernas: como identificar se é um problema vascular ou neurológico?

Neurocirurgião destaca coluna como raiz do problema

 

Quem nunca sentiu dor nas pernas? Esse problema é mais comum do que se imagina e afeta inúmeras pessoas diariamente. São muitos os fatores que podem desencadear dor nas pernas ou nos chamados membros inferiores – desde o excesso de esforço físico até problemas mais complexos, entre os quais, doenças vasculares, problemas ortopédicos ou de origem neurológica. Nesses casos, o importante é identificar em que território a dor acontece, o que normalmente causa confusão para o paciente que não consegue diferenciar em qual área do corpo o problema está relacionado.

Dentre as doenças vasculares, a má circulação sanguínea, seja por problema arterial ou venoso, pode causar dor nas pernas. a falta de suprimento sanguíneo, por um problema arterial, costuma atingir os pacientes mais idosos e dificulta muito para caminhar. Problema na drenagem de sangue, ou seja, a insuficiência venosa também prejudica os membros inferiores podendo ocasionar inchaço nos tornozelos e pés, sensação de dormência, formigamento ou queimação.

Já no campo neurológico, dores nas pernas podem apresentar relação com doenças na coluna ou compressão do nervo. “Em geral, nós temos o problema do nervo que pode estar acometido em diferentes segmentos, o mais comum realmente é a dor na perna causada por problemas da coluna. E uma compressão da raiz nervosa - que é a origem do nervo na coluna, pode ocasionar dor, trazer perda de sensibilidade e de força”, afirma o Dr. Marcelo Amato, médico neurocirurgião, especialista em endoscopia de coluna e cirurgia minimamente invasiva da coluna.

O Dr. Amato explica que “quando é um problema de coluna ou nervo, geralmente, respeita o território do nervo acometido. Se tem uma dormência, um formigamento que vem pela perna, pega o dorso do pé e o dedão, isso é característico de uma raiz nervosa. É muito difícil um problema vascular dar esse padrão de acometimento sensitivo. Nas doenças vasculares, a sensibilidade fica acometida de uma forma mais global”.

Uma das formas de apresentação que costuma confundir entre doença vascular e neurológica é a claudicação dos membros inferiores. “Esse termo significa que as pernas doem, adormecem e podem falhar após andar certa distância. Existe a claudicação vascular e a claudicação neurológica. Curiosamente, além de outras características, na claudicação vascular, o paciente tem muita dificuldade para subir uma ladeira, já na claudicação neurológica, o paciente tem muita dificuldade para descer a ladeira e, subi-la, costuma ser mais fácil”, detalha Dr. Amato. 

Há exames específicos para diagnosticar o problema e diferenciar cada caso. Procurar um especialista para um diagnóstico correto é essencial para o tratamento efetivo.

 


Dr. Marcelo Amato - Graduado pela USP Ribeirão Preto e doutor pela USP São Paulo, o médico neurocirurgião Marcelo Amato é especialista em endoscopia de coluna e cirurgia minimamente invasiva de crânio e coluna. Doutor em neurocirurgia pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Especialista em neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP) desde 2010.

Possui publicações nacionais e internacionais sobre endoscopia de coluna, neurocirurgia pediátrica, tumores cerebrais, cavernomas, cistos cerebrais, técnicas minimamente invasivas, entre outros. É diretor do Centro Cirúrgico do Amato – Hospital Dia.

www.neurocirurgia.com

https://www.instagram.com/dr.marceloamato/

http://bit.ly/MarceloAmato


Como a Medicina Nuclear contribui para a saúde e auxilia nos tratamentos oncológicos

Às vésperas do Dia Mundial da Saúde e do Dia Mundial de Combate ao Câncer, especialidade é utilizada por diversos espectros da área médica para realizar desde diagnóstico até o monitoramento da resposta de um tratamento

 

Os próximos dias 7 e 8 de abril marcam duas datas mundialmente importantes para a área da saúde. A primeira data se refere ao Dia Mundial da Saúde, instituída, em 1948, pela Organização Mundial da Saúde. Já no dia 8 de abril, lembra-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer, criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC). 

“A tecnologia tem revolucionado a medicina e dado mais segurança e melhor qualidade de vida a quem necessita realizar um tratamento de saúde, em especial na área da oncologia”, afirma George Coura, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). 

A Medicina Nuclear é a especialidade médica que utiliza substâncias radioativas que, administradas aos pacientes, possibilita, por meio de diagnósticos precoces, o tratamento de inúmeras condições clínicas, além de servir como base para os mais diversos tipos de pesquisa na área médica. A especialidade auxilia diversos campos da ciência da saúde incluindo-se neurologia, cardiologia, oncologia e endocrinologia. 

Na Medicina Nuclear, é ministrado um fármaco radioativo, o radiofármaco, e a radiação é emitida pelo próprio paciente. São usadas doses extremamente baixas de radiofármacos, por isso são seguros e muito raramente provocam algum efeito adverso. A título de conhecimento, os efeitos adversos são menos frequentes que os relacionados a medicamentos de uso comum como analgésicos e antibióticos. 

“Os benefícios se sobrepõem aos efeitos colaterais porque, ao atuarmos em alvos específicos e já conhecidos, podemos destruir predominantemente as células cancerígenas e chegar à remissão total ou parcial da doença”, revela o Dr. George Coura. 

Um dos conceitos mais inovadores na área da Medicina Nuclear é justamente o descrito acima pelo presidente da SBMN, o chamado “Teranóstico”. A palavra é um neologismo da união entre “terapia” e “diagnóstico” e se refere à utilização de uma mesma molécula ativa para abordar um câncer, do diagnóstico ao tratamento. 

“O Teranóstico permite, através de uma mesma molécula usando espectros de radiação diferentes, o diagnóstico, a terapia e o monitoramento da resposta. Cobrindo todas as etapas do manejo do paciente oncológico. Além disso, a nossa especialidade possibilita visualizar órgãos e tecidos nos seus níveis celular e molecular, o que permite, além de um diagnóstico preciso, a definição da melhor estratégia terapêutica”, reforça o presidente da SBMN. 

Analisando a importância da Medicina Nuclear para a área da saúde, a situação pela qual a especialidade passou no ano de 2021 e o momento atual, o presidente da SBMN chama a atenção para o que classifica como fragilidades. “Vejo, nesse momento, uma fragilidade da Medicina Nuclear decorrente de limitações impostas pela pandemia e que necessitam de investimentos e atenção para que possamos manter a continuidade de oferta de saúde à população. Assim, precisamos de medidas que solidifiquem a oferta de opções de fornecedores de radiofármacos, de transporte de material radioativo e de viabilidade de operação dos serviços de medicina nuclear”, finaliza Dr. George Coura, presidente da SBMN, especialista em medicina nuclear.

 

 Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear - SBMN


Estudo mostra como a mitocôndria regula a longevidade ao ativar o sistema imune

 

Resultados divulgados por pesquisadores do ICB-USP podem apontar novos alvos terapêuticos para o tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento, como as neurodegenerativas e as cardiovasculares (imagem: NIA/NIH)

 

A mitocôndria é uma organela vital para o organismo, pois produz, a partir dos alimentos, a maior parte da energia usada pelas células. Embora pareça um contrassenso, há evidências de que um leve comprometimento da função mitocondrial esteja associado ao aumento da longevidade. 

Em estudo recentemente publicado no periódico The Embo Journal, um grupo internacional de pesquisadores desvendou de que forma isso acontece. Segundo os autores, o trabalho é o primeiro a mostrar o envolvimento do sistema imune inato (a primeira linha de defesa contra patógenos) nesse processo. 

“Quando a mitocôndria funciona abaixo do que é considerado ótimo, gera um estresse para a célula, que desencadeia uma série de respostas que protegem esse organismo contra patógenos, fazendo-o viver mais. Só que existe um limiar: caso a redução da função mitocondrial seja muito intensa, o sistema pode colapsar”, explica Juliane Campos, primeira autora do trabalho, que atualmente realiza estágio de pós-doutorado na Harvard Medical School (Estados Unidos) com bolsa da FAPESP.

“Hoje sabemos que, perante um leve estresse mitocondrial [como o induzido pelo exercício físico], a célula se reorganiza bioquimicamente para compensar tal desequilíbrio e isso a torna mais preparada para lidar com futuras situações adversas. Agora, se o estresse mitocondrial é excessivo e prolongado [caso das doenças crônico-degenerativas], esses substitutos se tornam insuficientes, resultando então no colapso e, consequentemente, em morte celular”, explica Júlio Cesar Batista Ferreira, professor associado do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do trabalho.

Segundo Campos, a disfunção mitocondrial geralmente tem um gatilho. “Existem mutações em humanos que levam a uma disfunção sustentada, geralmente em casos mais graves. Existem ainda algumas condições [como a restrição calórica] que podem reduzir transientemente a função mitocondrial e isso é diferente de indivíduo para indivíduo. A ideia é entender os mecanismos pelos quais essa ligeira perturbação mitocondrial aumenta a longevidade porque, então, pode-se identificar futuros alvos terapêuticos”, resume.

 

Modelo experimental

Para entender a conexão entre disfunção mitocondrial leve, longevidade e sistema imune inato, o grupo utilizou um verme de solo, o Caenorhabditis elegans. Trata-se de um dos mais conhecidos modelos experimentais para o estudo do envelhecimento, pois oferece algumas vantagens. Uma delas é a expectativa média de vida de apenas 17 dias.

“O tempo de vida de um roedor é de dois anos e meio; de uma drosófila são quatro meses. Portanto, pensando em termos de tempo de pesquisa, essa é uma vantagem. Além disso, o C. elegans é transparente, o que permite visualizar órgãos e acoplar proteínas fluorescentes para identificar algum fenótipo dentro desse organismo. E, apesar de estar longe dos humanos na cadeia evolutiva, ele tem uma alta homologia com o genoma humano. Até 80% de seus genes têm homólogos em humanos. Outra vantagem: ele se alimenta de bactéria, então é muito fácil manipular um gene específico nesse organismo”, explica a pesquisadora.

Para o experimento, os cientistas cultivaram uma bactéria e, dentro dela, inseriram uma maquinaria capaz de deletar um gene no C. elegans. O microrganismo modificado foi ofertado como alimento ao verme. Ao ingeri-lo, essa maquinaria começou a agir e desligou um gene específico. Ferreira lembra que na genética há duas formas de entender o papel de um gene. “Ou você o retira do sistema e vê o que acontece; ou você aumenta sua expressão no sistema e avalia o efeito.”

O grupo queria saber por que o animal vive mais quando a mitocôndria sofre ligeiro estresse metabólico. Mas essa tarefa não é fácil. “São milhares de genes produzindo proteínas, que trabalham de maneira coordenada e hierárquica nas células. Nesse sentido, identificamos os genes críticos envolvidos no aumento da longevidade decorrente da ligeira disfunção mitocondrial. Como prova de conceito, desligamos individualmente esses genes e vimos que os animais deixavam de viver mais frente à ligeira disfunção mitocondrial”, explica Campos.

A conclusão é que ativar o sistema imune inato é um pré-requisito para a longevidade: quando a mitocôndria tem uma ligeira disfunção, ele é ativado e isso é necessário para o animal viver mais ou se proteger contra patógenos.

“Em suma, a mitocôndria sob estresse manda um sinal de alerta para o sistema imune. E esse sinal faz com que o organismo viva mais. Quando a gente deleta genes relacionados ao sistema imune inato ou impede que eles sejam ativados nesse animal com leve disfunção mitocondrial, toda essa resposta benéfica é abolida.”

Em trabalhos anteriores publicados pela equipe, já havia sido estabelecido que dois fatores de transcrição (proteínas que controlam a transcrição dos genes) estavam envolvidos no aumento de longevidade desses animais: DAF-16 (em C. elegans) ou FOXO3 (em humanos) e ATFS-1 (em C. elegans) ou ATF5 (em humanos). Mas essas proteínas coordenam diversas vias.

“Sabíamos que uma leve disfunção na mitocôndria aumentava a longevidade e que esses dois fatores de transcrição coordenavam o processo, mas queríamos saber por quais vias eles o faziam. Sabendo que esses fatores também controlam o sistema imune inato, partimos do pressuposto de que também estariam envolvidos nesse fenótipo. Este novo trabalho demonstra que tanto a via de sinalização mediada pela proteína p38 quanto a via de sinalização mediada por proteínas mal enoveladas mitocondriais [que em inglês são conhecidas pela sigla mitoUPR] atuam em conjunto sobre os mesmos genes de imunidade inata para promover resistência a patógenos e longevidade. E as mitocôndrias podem prolongar a longevidade sinalizando por meio dessas vias. Descobrimos também que o fator de transcrição ATF 5 consegue avisar os genes do sistema imune que eles precisam formar novas proteínas, que coordenarão essa cascata de ativação do sistema imune na célula”, conta Campos.


Abordagens terapêuticas

Segundo Ferreira, a maioria das doenças que desenvolvemos está associada ao colapso mitocondrial. Nesse sentido, o melhor entendimento do funcionamento da mitocôndria em condições de estresse, bem como suas conexões com outros compartimentos celulares, é essencial para desenvolver estratégias farmacológicas e não farmacológicas capazes de prevenir, mitigar ou reverter tal colapso e, consequentemente, tratar pacientes.

De acordo com o pesquisador, a melhora da expectativa de vida é algo que já observamos há muito tempo, mas aumentar a longevidade é uma meta ambiciosa. “Não sei se de fato chegaremos lá, mas acredito que certamente conseguiremos fazer o indivíduo viver melhor pelo mesmo período, ou seja, promover a melhora na qualidade de vida. Sabemos que há determinadas doenças associadas ao envelhecimento, como Parkinson, Alzheimer e distúrbios cardiovasculares. Nesse sentido, a compreensão das respostas compensatórias e deletérias de mitocôndrias associadas ao envelhecimento servirá de alicerce para o desenvolvimento de terapias que atuem no cerne dessas doenças. Com este trabalho colocamos mais uma peça nesse quebra-cabeça.”

O pesquisador ressalta a possibilidade de modulação do sistema imune inato, o que poderia contribuir para que o indivíduo tenha um envelhecimento mais saudável. “O desafio agora é validar isso ao longo da evolução. Nosso modelo experimental vive 20 dias e a gente vive 80 anos. Então, agora, temos de verificar qual é o impacto de nossa descoberta para o ser humano.”

O artigo Mild mitochondrial impairment enhances innate immunity and longevity through ATFS-1 and p38 signaling pode ser lido em: www.embopress.org/doi/full/10.15252/embr.202152964.

 

 

Karina Ninni

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/estudo-mostra-como-a-mitocondria-regula-a-longevidade-ao-ativar-o-sistema-imune/38284/

Abril Lilás alerta sobre câncer de testículo: apesar de rara, doença tem mais de 95% de chance de cura se descoberta no início

Podendo acontecer dos 15 aos 50 anos, o tumor pode acabar passando despercebido ou sendo mascarado por um processo inflamatório. Oncologista comenta sinais para ficar de olho e importância do tratamento precoce

 

Dentre os tipos de câncer que mais afetam a população do gênero masculino, certamente o de próstata figura entre os mais lembrados. Contudo, ainda poucas são as menções a um outro tipo de tumor que, apesar de menos incidente, responde por cerca de 5% de todos os tumores malignos detectados entre eles - e em sua grande maioria atinge os mais jovens: o câncer de testículo. 

Esse tipo de neoplasia afeta de forma mais frequente homens com idades entre 15 e 34 anos. Nessa fase, segundo dados do Ministério da Saúde, existe a chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo. 

“É comum que a descoberta do tumor aconteça durante a higiene com aumento do volume do testículo ou nódulo geralmente indolor, por isso o autoexame na região é a melhor forma de garantir a detecção de qualquer alteração”, comenta Pamela Muniz, oncologista da Oncoclínicas São Paulo. 

Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce fora da bolsa escrotal, ou seja, fora da posição normal, pertencem ao grupo com maior chance de desenvolver a doença. Outros fatores de risco incluem história familiar ou pessoal prévia de câncer de testículo e a infertilidade. 

Outros fatores como vasectomia, litíase e trauma escrotal não são fatores de risco para câncer de testículo.
 

Fique atento aos sinais 

Entre os sinais mais comuns da doença estão: o aumento ou a diminuição do testículo e o aparecimento de um nódulo duro que, na maioria das vezes, não provoca dor. Pode-se notar ainda a sensação de um peso ou dor na região abdominal. Esses achados podem ser percebidos após trauma local, ainda que não haja uma relação de causa-consequência estabelecida entre esses fatores. 

“Quando falamos de forma geral sobre câncer masculino é natural que as pessoas relacionem o termo apenas à ocorrência de tumores da próstata, principalmente por conta das campanhas globais de conscientização, como o Novembro Azul. Apesar disso, é fundamental que as pessoas passem a conversar também sobre outros tipos de tumores que afetam exclusivamente o gênero masculino, como é o caso do câncer de testículo e do pênis”, frisa a especialista.
 

Como é feito o diagnóstico 

Após exame clínico para verificação da presença de nódulos palpáveis ou alterações que sugiram câncer, um dos principais exames para confirmação diagnóstica é a ultrassonografia da bolsa escrotal, que identifica a lesão. Também são solicitados exames laboratoriais para a identificação de marcadores tumorais que contribuem para estratificar o risco da doença em questão e definir o melhor tratamento complementar após a cirurgia, como a alfa-fetoproteína, beta-HCG e DHL. 

É realizada também uma avaliação sistêmica completa para o rastreio de metástases e, portanto, exames de imagem do tórax e do abdome são habitualmente solicitados. 

A orquiectomia (retirada do testículo) é um procedimento considerado diagnóstico e terapêutico assim que confirmados nódulo ou massa no exame físico e de imagem.
 

Tratamento 

Mesmo que o nódulo seja pequeno, o tratamento costuma ser sempre cirúrgico, optando pela retirada para análise anatomopatológica ao microscópio. 

"Após a cirurgia, pode existir ainda um tratamento posterior com quimioterapia, radioterapia ou até mesmo o seguimento clínico com exames. É muito importante que esse paciente faça o acompanhamento regular indicado pelo especialista. A partir disso, pode-se investigar a presença da doença em outros órgãos e agir o mais rápido possível para oferecer o melhor ao paciente", comenta Pamela. 

É importante lembrar que apesar de raro, o câncer de testículo é altamente curável. "Com o tratamento precoce, as chances de cura podem chegar a mais de 95%. O maior risco de recidiva da doença está nos primeiros 2 a 3 anos do diagnóstico, embora o acompanhamento próximo se mantenha ao longo dos primeiros 5 anos", comenta a oncologista.
 

Câncer de testículo pode afetar a fertilidade? 

Antes do início do tratamento contra o câncer, é importante levantar questões sobre a vontade de ter filhos. Uma das alternativas é considerar o armazenamento de sêmen, em um banco apropriado, para o uso futuro.

A oncologista Pamela Muniz alerta que como a fertilidade poder ser afetada, é muito importante conversar com o médico para as melhores alternativas de preservação antes de qualquer abordagem terapêutica. "Antes do tratamento, é fundamental que o tema da fertilidade seja abordado: divida com seu oncologista suas preocupações e esclareça todas as dúvidas. O médico tem esse importante papel de não somente indicar o melhor tratamento, mas também de orientar e desmistificar questões pouco comentadas impactadas pela doença em si e pelos seus tratamentos específicos", finaliza.

 

Entenda o Transtorno do Espectro Autista e sua necessidade por olhares especializados

Especialistas do Hospital São Camilo SP falam sobre a importância de um tratamento multidisciplinar para auxiliar pacientes que sofrem com o transtorno

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades no desenvolvimento neurológico, que afetam diretamente três pilares: a comunicação, a interação social e o comportamento do paciente. Por ser bastante heterogêneo, o distúrbio tem diferentes níveis, desde o grau mais leve, moderado e grave. 

Normalmente, os primeiros sinais do TEA aparecem na infância, pois a criança apresenta dificuldades na fala e na expressão de pensamentos. Há casos em que ela utiliza muitos jargões, desenvolve repetições demasiadas e discursos descontextualizados ou simplesmente não fala.  

“Na maioria das vezes, a grande motivação dos pais ao levarem a criança até o consultório médico é justamente por conta do atraso na linguagem. Eles percebem essa dificuldade e alegam que ela não responde aos chamados. O nosso papel é entender as circunstâncias para diagnosticar da maneira correta”, relata Dr. Paulo Scatulin Gerritsen Plaggert, neuropediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), ligado ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos, indicam que uma em cada 100 crianças sofre com o autismo. Mundialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70 milhões de pessoas vivem com algum espectro do transtorno. 

“Após o diagnóstico, o tratamento com fonoaudiólogo é fundamental para auxiliar nestas questões. Os pais também podem ajudar no dia a dia descrevendo com detalhes tudo o que solicitar a criança, contando história, fazendo perguntas e iniciando diálogos”, complementa a fonoaudióloga do Hospital São Camilo Jackeline Pillon.

Além dessa complicação, a pessoa autista pode apresentar comportamentos repetitivos, apego à rotina, dificuldade em lidar com situações novas, interesse por assuntos específicos e grande tendência ao isolamento social.

Para trabalhar essas vertentes, a psicóloga do Hospital São Camilo Emília de Azevedo destaca a importância do acompanhamento psicológico e da terapia: “A psicologia pode contribuir tanto na fase de diagnóstico como no acompanhamento do paciente autista. Com o tratamento, é possível orientar ele e a família no desenvolvimento de habilidades sociais e auxiliar no ajuste emocional diante da rotina do dia a dia, melhorando, assim, o enfrentamento diante das frustrações, raiva, medos, impulsividade e outros sentimentos”.

Além do auxílio de médicos, fonoaudiólogos, terapeutas, entre outros profissionais, é fundamental o apoio da família para que o paciente possa atingir um melhor desenvolvimento.


 Hospital São Camilo

@hospitalsaocamilosp


Abril Azul: sensação de comida presa na garganta e dor no peito acendem alerta para câncer de esôfago

 Ingerir bebidas alcóolicas, muito quentes e fumar aumentam em até 5 vezes as chances de desenvolver a doença. Oncologista comenta importância da prevenção e tratamento

 

O mês de abril, que leva a cor azul, traz a importância do diagnóstico e tratamento precoce contra o câncer de esôfago. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram identificados 11.390 casos, sendo 8.690 em homens e 2.700 mulheres em 2020. Além disso, o Atlas de Mortalidade por Câncer mostrou que em 2019 houveram 8.716 óbitos pela doença, que é considerada o sexto tipo de câncer mais frequente no público masculino e o 15º no feminino. 

O câncer de esôfago acontece quando as células do revestimento interno do esôfago - tubo que vai da garganta ao estômago - passam a aumentar de maneira descontrolada. Contudo, a doença pode crescer, invadindo outras camadas do órgão ou mesmo outros órgãos ao redor. 

No mundo, a neoplasia está entre a oitava mais frequente e seu tipo mais comum é o adenocarcinoma, seguido pelo carcinoma de células escamosas. De acordo com a Dra. Renata D'Alpino, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo, é possível ainda que outros tipos de câncer também ocorram no esôfago. "Linfomas, melanomas e sarcomas podem surgir na região, mas vale lembrar que eles são bastante raros", comenta.
 

Tipos de câncer de esôfago

  • Carcinoma de células escamosas -- a camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer que começa nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio); e
  • Adenocarcinoma -- Os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).

Sintomas 

Quanto aos sinais da doença, a oncologista explica que na grande maioria dos casos o câncer de esôfago é assintomático em fases iniciais, podendo dificultar o diagnóstico do paciente. 

"No entanto, quando os sintomas aparecem, é possível notar dificuldade de deglutição, dando a sensação de que a comida está presa na garganta ou no peito. Isso ocorre devido a obstrução da passagem de líquidos e alimentos; outro sinal é a dor no peito, como se fosse uma pressão ou queimação; e ainda a perda de peso sem causa aparente, que pode chegar até 10% ou mais do peso corporal do paciente", explica Renata D'Alpino.

 

Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir:

  • Rouquidão;
  • Tosse persistente;
  • Vômitos;
  • Hemorragia digestiva.

"Caso os sintomas não passem, é muito importante procurar por ajuda médica. No entanto, vale lembrar que nem sempre esses sinais são relacionados aos casos de câncer de esôfago, por isso, o diagnóstico correto é fundamental para o início do tratamento mais adequado ao paciente", reforça a médica.

 

Prevenção 

Como forma de prevenção, é fundamental evitar alguns hábitos que podem aumentar os riscos de desenvolvimento da doença. São eles:

  • Ingerir bebidas quentes demais (em temperatura igual ou superior 65ºC)
  • Tabagismo
  • Inalar poeiras de construção civil, vapores de combustíveis, entre outros
  • Consumir bebidas alcóolicas
  • Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e Gama)
  • Obesidade

De acordo com um estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine, beber chá quente demais pode aumentar os riscos da doença. Contudo, se junto ao hábito o paciente também consumir bebida alcóolica ou fumar, as chances podem ser cinco vezes maiores. 

“Felizmente, o câncer de esôfago pode ser prevenido, mas é importante que a população em geral deixe alguns hábitos de lado. Manter uma dieta equilibrada, não fumar, praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas alcóolicas ou quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para contornar o problema. Vale lembrar ainda que a vacinação contra o HPV é fundamental para evitar que a doença seja causada pelo vírus. Além do câncer de esôfago, ela também pode auxiliar na prevenção do câncer do colo do útero, ânus, boca, etc", alerta a médica.

 

Diagnóstico 

Após a queixa do paciente, o médico irá solicitar uma endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia e em seguida, após a confirmação da doença, exames de imagem para analisar o estadiamento da neoplasia. Os mais comuns são:

  • Endoscopia -- exame realizado com o paciente sedado em que um endoscópio com câmera avalia a parte interna do esôfago. Durante a endoscopia, são retirados fragmentos de lesões identificadas;
  • Ultrassom endoscópico -- uma sonda que emite ondas sonoras fica no final de um endoscópio. Este teste é feito ao mesmo tempo que a endoscopia digestiva alta e é útil para determinar o tamanho de um câncer de esôfago e o quanto ele cresceu em áreas próximas. Também ajuda a mostrar se os gânglios linfáticos foram afetados pelo câncer;
  • Broncoscopia -- pode ser feita para cânceres que estão localizados na parte superior do esôfago. O intuito é ver se ele está invadindo a traqueia ou brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia aos pulmões);
  • Toracoscopia e laparoscopia -- são exames que permitem que o médico veja os gânglios linfáticos e outros órgãos próximos ao esôfago dentro do tórax (por toracoscopia) ou no abdômen (por laparoscopia) por meio de uma câmera. Também podem ser usados ​​para obter amostras de biópsia. São exames realizados com o paciente anestesiado; e
  • Tomografia computadorizada (TC) -- a TC de tórax, abdomen e pelve desempenha um papel crucial na detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor.
  • PET-CT - o exame mostra se existem alterações no metabolismo celular, produzindo imagens com tecnologia digital e recursos de raio-x. Além disso, ele analisa em qual estágio o tumor está, para que seja possível planejar o tratamento. O procedimento consiste na aplicação de uma substância que emite baixas doses de radiação à base de glicose por via venosa. Com isso, o especialista poderá investigar o consumo de glicose no organismo e eventuais problemas.

Tratamento 

A partir do diagnóstico, o oncologista irá indicar o melhor tratamento para o câncer de esôfago, podendo variar entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isolada ou combinada). 

"Dependendo de cada situação, o médico pode indicar a combinação de tratamentos, como o caso da quimioterapia, podendo ser associada com a radioterapia antes da cirurgia. O objetivo, neste caso, é de eliminar células cancerosas não observadas e ainda diminuir o tamanho do tumor", finaliza a oncologista da Oncoclínicas em São Paulo. Quando o câncer de esôfago já se espalhou para outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.


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