Desde 2014, janeiro tem
sido marcado pela campanha nacional de conscientização da importância dos
cuidados com a saúde mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), tem
aumentado a incidência de transtornos mentais, como depressão, ansiedade,
síndrome de pânico, entre outras. Estima-se, por exemplo, que 4,4% da população
mundial sofra de depressão. Coordenadora de Psicologia do Quinta D’Or, Glauce
Corrêa alerta que o cuidado precisa ser ainda maior com pacientes oncológicos.
Ela explica que ainda
hoje é muito comum o diagnóstico de câncer provocar sentimentos fortes de
tristeza e angústia, que afetam a saúde mental do paciente e podem levar até a
um cenário depressivo. “Por isso, é fundamental procurar profissionais
qualificados. A escuta especializada e técnica ajuda a diminuir a gravidade
desses sentimentos e, principalmente, a alcançar o equilíbrio novamente”,
relata.
Um dos principais
desafios, observa a psicóloga, é acabar com o estigma que ainda há em relação à
doença, principalmente em casos como câncer de próstata e de mama. Ela relata
que, apesar dos tratamentos avançados e das elevadas chances de cura em
diagnósticos nas fases iniciais, muitas pessoas evitam falar sobre a doença e
acabam se isolando do mundo. “É normal perder o chão em um primeiro momento. É
preciso um tempo para se acostumar com a notícia, aceitar que passará por um
tratamento que pode afetar a imagem e próprio corpo”, explica Glauce.
Além do diagnóstico,
outros fatores, como preocupações financeiras, o temor em deixar a família
desassistida, bem como o impacto do tratamento no corpo e a sensação de
fraqueza são sentimentos, também podem provocar uma desordem emocional. “O
câncer provoca uma ruptura e traz com ele diversos temores e incertezas. O
apoio psicológico vai ajudar em relação às expectativas e no processo de
adaptação”, afirma a psicóloga, que destaca que também é fundamental recuperar
a autoestima e a confiança do paciente. “A autoimagem que a pessoa tem de si
própria é muito afetada. Ela tem que aprender a construir essa nova visão de si
mesma”, explica.
Atenção ainda maior na
pandemia
A pandemia provocou um
cenário ainda mais desafiador. Pesquisas mostram que os níveis de estresse e
crises de ansiedade aumentaram, de uma forma geral, durante o período de
isolamento. Glauce relata que no caso de pacientes oncológicos, que costumam se
sentir mais vulneráveis, foi necessária uma atenção especial à saúde mental
deles. Ela observa que o isolamento exacerbou medos e tristezas e que um dos
principais esforços foi o de diminuir a sensação de solidão e fazer a pessoa se
sentir acolhida. “Buscamos orientar as famílias de que usassem de criatividade,
para que a pessoa não se sentisse desamparada. Também utilizamos terapia
ocupacional, para prevenir as doenças mentais”, destaca.
Orientações para superar
a doença
Glauce destaca
orientações que costuma enfatizar com seus pacientes.
1. Não
esconda de ninguém o que está passando. Evitar as emoções que são comuns de
sentir quando se recebe o diagnóstico, isso prejudica a saúde mental. Deixe as
pessoas saberem pelo que está passando, pois vão te ajudar e você não vai se
sentir isolada.
2. Crie
novas metas em sua vida. Não deixe de trabalhar ou de fazer atividades físicas,
se assim o médico permitir. Mantenha a sua rotina, na medida do possível.
3. Respeite
o seu limite. A quimioterapia deixa a pessoa fatigada por uns dias e isso tem
que ser respeitado. É preciso saber quando desacelerar e ser gentil consigo
mesma.
4. Tenha
uma alimentação equilibrada.
5. Dê atenção às suas emoções. Tudo
é parte da sua história. Não omita este capítulo. Busque ajuda profissional ao
sentir necessidade.