Pesquisar no Blog

terça-feira, 31 de março de 2020

Cuidado com receitas alternativas de antissépticos no combate ao coronavírus


Receita alternativa de álcool em gel viraliza,
 mas especialista alerta que o produto não é eficaz
 no combate à propagação do coronavírus 
Foto: Image Bank

Professor de química da Etec Trajano Camargo de Limeira alerta para os riscos das receitas caseira de álcool em gel, que viralizaram na internet


Quem não conseguiu comprar álcool em gel em farmácias e supermercados não precisa se desesperar e apelar para soluções caseiras ou de origem duvidosa, que podem trazer riscos à saúde. Como já foi informado pelas autoridades sanitárias, a simples combinação de água e sabão, aplicada de maneira correta, continua sendo uma prática eficiente no combate à contaminação pelo coronavírus.
De acordo com o professor de química da Etec Trajano Camargo, Edivaldo Luis de Souza, se as famílias estiverem confinadas ou em ambiente onde possam lavar as mãos com água e sabão frequentemente, a higienização está garantida. “O uso do álcool em gel só é necessário quando estamos em locais onde não é possível lavar as mãos. Nesta situação, ele cumpre a mesma função do sabão de exterminar vírus e bactérias presentes na pele”, afirma.
O educador alerta, no entanto, para o risco de soluções caseiras que estão sendo divulgadas na internet como a de álcool em gel, por exemplo. “Esta receita mais comum que encontramos em redes sociais, que mistura duas concentrações de álcool 96% e 46% e acrescenta gel de cabelo ou gelatina incolor para agirem como espessantes, não garante a ação de germicida”, explica o professor Souza.
O álcool em gel 70% é o mais recomendado porque tem um efeito mais prolongado como antisséptico. O produto com concentração abaixo de 70% tem mais água e evapora antes de atacar o vírus. Já a fórmula superior a 70% é agressiva à pele e pode provocar ressecamento e ter sua ação germicida comprometida.
Para evitar os riscos de usar álcool em gel com uma concentração abaixo ou superior ao recomendado (70%), Souza explica que o consumidor deve verificar se no rótulo do produto constam o registro junto à Anvisa, as informações sobre o fabricante, laudos técnicos, a identificação do órgão responsável pelos testes físico-químicos e sua compatibilidade com a farmacopeia brasileira.
Fatores de risco dos antissépticos e detergentes falsos
Para se garantir em tempos de pandemia, o consumidor tem de estar atento não só à qualidade do álcool em gel, mas à dos detergentes também. Entre os fatores que comprometem a ação dos detergentes no combate aos vírus e bactérias, o professor cita a concentração de matérias-primas diferente do indicado pela Anvisa, a pureza da água para diluição, os locais de estocagem do produto, as embalagens suscetíveis a vazamentos, as contaminações químicas cruzadas, as contaminações biológicas causadas pelo contato com as mãos ou com o ambiente e os processos de produção que nem sempre seguem as boas práticas de manipulação desses produtos.
Além de estar atento à qualidade do álcool gel, o consumidor também deve redobrar o cuidado ao comprar detergentes. Segundo o professor, alguns fatores podem comprometer a ação desses produtos: a concentração de matérias-primas indicada pela Anvisa, a pureza da água para diluição, os locais de estocagem do produto, a resistência das embalagens, possíveis contaminações químicas cruzadas causadas pelo contato com as mãos ou com o ambiente, por exemplo. “Os processos de produção nem sempre seguem as boas práticas de manipulação desses produtos e isso pode comprometer a eficiência do detergente”, explica.
Por isso, assim como na escolha do álcool em gel, é preciso estar atento às embalagens e escolher produtos de boa procedência.



Sobre o Centro Paula SouzaAutarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Centro Paula Souza administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos, sob a supervisão de uma Etec –, em cerca de 300 municípios paulistas. Nas Etecs, o número de matriculados nos Ensinos Médio, Técnico integrado ao Médio e no Ensino Técnico ultrapassa 208 mil estudantes. As Fatecs atendem mais de 85 mil alunos nos cursos de graduação tecnológica.


CORONAVÍRUS - Antimaláricos podem prejudicar a visão


Cloroquina e hidroxicloroquina formam depósitos nos olhos que causam maculopatia tóxica. Entenda


A recente divulgação de um estudo francês que aponta os antimaláricos, cloroquina e hidroxicloroquina, como opções baratas e rápidas para combater o novo coronavírus (Sars-Cov-2) pode criar outros problemas de saúde. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a toxidade desses medicamentos para o sistema ocular é conhecida há anos. Um relatório da AAO (Academia Americana de Oftalmologia) mostra que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina podem causar maculopatia tóxica.  A doença, explica, é uma alteração na mácula, porção central da retina responsável pela visão de detalhes e provoca uma deficiência visual que não tem cura.

O especialista afirma que o relatório da AAO revela que a maculopatia tóxica acontece entre pessoas que usam antimaláricos por anos para tratar doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide, entre outras. “O risco depende da dose. Só é considerado baixo para a saúde ocular quando a dosagem é de 5mg/quilo/dia”, salienta. O problema, ressalta, é que embora o tratamento da COVID-19 com antimaláricos seja de apenas 6 dias, a dose recomendada chega a ser 25 vezes mais alta.


Sem sintomas

Até agora não há relatos de alterações na mácula dos pacientes que usaram cloroquina ou hidroxicloroquina associada ao antibiótico, azitromicina, para tratar a COVID-19. Não quer dizer que o uso seja seguro. Queiroz Neto explica que no início a maculopatia não altera o teste de acuidade visual, visão de cores ou o exame de fundo de olho. Quem faz uso contínuo desses medicamentos, ressalta, é submetido periodicamente ao exame de campo visual estático com estímulo vermelho, angiografia para avaliar o fluxo sanguíneo da retina e testes eletrofisiológicos que detectam a doença antes de surgirem sintomas.
Por isso, por prevenção, o especialista recomenda a quem correu à farmácia e tomou cloroquina ou hidroxicloroquina por conta própria consultar um oftalmologista, mesmo que não esteja percebendo alteração na visão.

O oftalmologista afirma que na Medicina só são aceitas soluções que garantam segurança pelo rigor científico. O estudo francês coordenado por um dos mais respeitados infectologistas do mundo, Didier Raould, que associou cloroquina ou hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina para combater a COVID-19 foi testada em um grupo de apenas 20 pessoas e não seguiu todos os protocolos científicos. Por isso, gerou críticas entre cientistas.

Queiroz Neto ressalta que o uso de medicamentos já existentes para novas finalidades é uma prática antiga na Medicina. Um exemplo bastante popular na Oftalmologia, comenta, é o colírio de atropina, originalmente indicado para dilatação de pupila nos exames oftalmológicos que vem sendo usado com relativo sucesso em vários países para barrar a evolução da miopia em crianças. 
O estudo com antimaláricos para combater a COVID-19 obteve sucesso em 70% dos participantes. O consumo por conta própria disparou e fez os remédios desaparecerem nas farmácias. Para frear a automedicação a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) passou a exigir apresentação de receita médica na compra.


Campanha global

Ninguém duvida da urgência em disponibilizar terapias seguras para combater a pandemia de COVID-2019 que avança no mundo todo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está anunciando a campanha global, Solidarity, em que vai testar duas diferentes classes de medicamentos para combater o novo coronavírus.  Os medicamentos inclusos nesta campanha são:

   Antimaláricoscloroquina e hidroxicloroquina que podem ter resultado em 60 dias com indicação de dosagem segura e contraindicações que devem incluir doenças cardíacas, hipertensão arterial e insuficiência renal.

   Antirretrovirais  Entre os medicamentos a OMS destaca o ritonavir e lopinavir indicados para controlar o vírus da aids. Isso porque, inibem enzimas e o novo coronavírus depende de enzimas para se multiplicar.

Na mesma classe o interferon beta que é usado no combate à hepatite C e demostrou bom controle da epidemia da síndrome respiratória aguda causada pelo coronavírus (Sars-Cov) em 2002.

Outro antirretroviral que será testado pela OMS na Solidarity é o Remdesivir que foi desenvolvido para controlar o ebola no ano passado.

Por enquanto não existe um medicamento para o novo coronavírus. Por isso a dica de Queiroz Neto é manter a alimentação e sono equilibrados para fortalecer o sistema imunológico.


Posts mais acessados