Receita alternativa de álcool em gel viraliza, mas especialista alerta que o produto não é eficaz no combate à propagação do coronavírus
Foto: Image Bank
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Professor de química da Etec Trajano
Camargo de Limeira alerta para os riscos das receitas caseira de álcool em gel,
que viralizaram na internet
Quem não conseguiu comprar álcool em
gel em farmácias e supermercados não precisa se desesperar e apelar para
soluções caseiras ou de origem duvidosa, que podem trazer riscos à saúde. Como
já foi informado pelas autoridades sanitárias, a simples combinação de água e
sabão, aplicada de maneira correta, continua sendo uma prática eficiente no
combate à contaminação pelo coronavírus.
De acordo com o professor de química da Etec Trajano
Camargo, Edivaldo Luis de Souza, se as famílias estiverem confinadas ou em
ambiente onde possam lavar as mãos com água e sabão frequentemente, a
higienização está garantida. “O uso do álcool em gel só é necessário quando
estamos em locais onde não é possível lavar as mãos. Nesta situação, ele cumpre
a mesma função do sabão de exterminar vírus e bactérias presentes na pele”,
afirma.
O educador alerta, no entanto, para o risco de soluções
caseiras que estão sendo divulgadas na internet como a de álcool em gel, por
exemplo. “Esta receita mais comum que encontramos em redes sociais, que mistura
duas concentrações de álcool 96% e 46% e acrescenta gel de cabelo ou gelatina
incolor para agirem como espessantes, não garante a ação de germicida”, explica
o professor Souza.
O álcool em gel 70% é o mais
recomendado porque tem um efeito mais prolongado como antisséptico. O produto
com concentração abaixo de 70% tem mais água e evapora antes de atacar o vírus.
Já a fórmula superior a 70% é agressiva à pele e pode provocar ressecamento e
ter sua ação germicida comprometida.
Para evitar os riscos de usar álcool em gel com uma concentração
abaixo ou superior ao recomendado (70%), Souza explica que o consumidor deve
verificar se no rótulo do produto constam o registro junto à Anvisa, as
informações sobre o fabricante, laudos técnicos, a identificação do órgão
responsável pelos testes físico-químicos e sua compatibilidade com a
farmacopeia brasileira.
Fatores de risco dos antissépticos e detergentes falsos
Para se garantir em tempos de pandemia, o consumidor tem
de estar atento não só à qualidade do álcool em gel, mas à dos detergentes
também. Entre os fatores que comprometem a ação dos detergentes no combate aos
vírus e bactérias, o professor cita a concentração de matérias-primas diferente
do indicado pela Anvisa, a pureza da água para diluição, os locais de estocagem
do produto, as embalagens suscetíveis a vazamentos, as contaminações químicas
cruzadas, as contaminações biológicas causadas pelo contato com as mãos ou com
o ambiente e os processos de produção que nem sempre seguem as boas práticas de
manipulação desses produtos.
Além de estar atento à qualidade do álcool gel, o
consumidor também deve redobrar o cuidado ao comprar detergentes. Segundo o
professor, alguns fatores podem comprometer a ação desses produtos: a
concentração de matérias-primas indicada pela Anvisa, a pureza da água para
diluição, os locais de estocagem do produto, a resistência das embalagens,
possíveis contaminações químicas cruzadas causadas pelo contato com as mãos ou
com o ambiente, por exemplo. “Os processos de produção nem sempre seguem as
boas práticas de manipulação desses produtos e isso pode comprometer a
eficiência do detergente”, explica.
Por isso, assim como na escolha do
álcool em gel, é preciso estar atento às embalagens e escolher produtos de boa
procedência.
Sobre o Centro
Paula Souza – Autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, o Centro Paula Souza administra as Faculdades de
Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes
descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos, sob a
supervisão de uma Etec –, em cerca de 300 municípios paulistas. Nas Etecs, o
número de matriculados nos Ensinos Médio, Técnico integrado ao Médio e no
Ensino Técnico ultrapassa 208 mil estudantes. As Fatecs atendem mais de 85 mil
alunos nos cursos de graduação tecnológica.