Tratamentos baseados no conceito de oncologia de
precisão, cirurgias minimamente invasivas e programa antitabagismo estão entre
as grandes aliadas para qualidade de vida dos pacientes
A ciência tem transformado a maneira de tratar
diferentes tipos de câncer. E, no caso das neoplasias de pulmão, as
alternativas terapêuticas avançam a passos largos, permitindo ao paciente um
arsenal poderoso de condutas que podem ser indicadas para o enfrentamento da
doença.
Diante deste cenário,
estratégias que combinam modalidades de tratamento sistêmico (baseados na
adoção de medicações via oral ou intravenosa, como por exemplo a quimioterapia)
e local (radioterapia) podem ser adotadas no início do tratamento para reduzir
o tumor antes de uma cirurgia para retirada da parte do pulmão acometido, ou
mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia
isolada também é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de
ar e dor. “A indicação depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho
e da localização do tumor, além do estado geral do paciente”, diz Mariana
Laloni, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
O tratamento da imunoterapia oferece ferramentas
para o sistema imune enxergar essas células anormais e combatê-las mais
fortemente. Isso se dá por meio de medicamentos orais, injetáveis ou tópicos
(pomadas) que estimulam a produção de citocinas (moléculas de proteína que agem
contra as células cancerosas). O prognóstico é melhor nos pacientes cujos
tumores possuem o revestimento de células imunes chamadas linfócitos
infiltrantes no tumor (LIT).
Embora o sistema imune possa prevenir ou
desacelerar o crescimento do câncer, as células cancerosas podem ter capacidade
de driblá-lo para evitar a destruição. Em algumas situações, elas podem:
- Sofrer alterações genéticas que as tornam menos visíveis pelo
sistema imunológico;
- Ter proteínas em sua superfície que desabilitam o poder das células
imunes sobre elas (formam uma camada de proteção); e
- Alterar as células normais ao redor do tumor para que interfiram na
forma como o sistema imune responde às células cancerosas.
Além disso, o tratamento poderá ser diário, semanal
ou mensal - a frequência depende de fatores como o tipo de câncer e seu
estágio, a imunoterapia a ser utilizada e a maneira como o organismo responde a
ela. Alguns tipos de imunoterapia são feitos em ciclos, da mesma forma que
ocorre com a quimioterapia, seguidos de um período de descanso para que o corpo
se recupere e produza novas células sadias.
Para a especialista, é válido destacar o papel que
a imunoterapia exerce no panorama de enfrentamento do câncer de pulmão. Baseado
no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde
a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se “disfarçar”
para não ser reconhecido pelo sistema imunológico e então crescer, a terapia biológica
funciona como uma espécie de chave, capaz de religar a resposta imunológica
contra este agente agressor.
“Embora o sistema imune esteja apto a prevenir ou
desacelerar o crescimento do câncer, as células cancerígenas sempre dão um
jeitinho de driblá-lo e, assim, evitar que sejam destruídas. O papel da
imunoterapia é justamente ajudar os ‘soldados’ de defesa do organismo a agir
com mais recursos contra o câncer, produzindo uma espécie de super estímulo
para que o corpo produza mais células imunes e assim a identificação das
células cancerígenas seja facilitada - devolvendo ao corpo a capacidade de
combater a doença de maneira efetiva”, explica a oncologista do Grupo
Oncoclínicas.
Não à toa, as medicações
imunoterápicas vêm conquistando protagonismo no tratamento de tumores de pulmão
e de outros tipos de câncer. A abordagem terapêutica tem trazido resultados
importantes também para cânceres de bexiga, melanoma, estômago e rim. Estudos
atestam ainda a eficácia no tratamento de Linfoma de Hodgkin e de um subtipo do
câncer de mama, chamado triplo negativo. “Na
última década, a imunoterapia passou rapidamente de uma descoberta promissora
para um padrão de cuidados que está contribuindo para respostas positivas para
diversos casos de pacientes oncológicos”, pontua Mariana Laloni.
Tipos de
imunoterapias
Existem diversos tipos de
imunoterapia utilizados no tratamento oncológico. Os principais são:
● Inibidores de checkpoint: são drogas que bloqueiam os
checkpoints imunes. Um dos papéis do sistema imunológico é atacar as células
normais e anormais do organismo. Para fazer isso, usa pontos de verificação -
ou checkpoints -, que são as moléculas de controle das células imunológicas que
precisam ser ativadas ou desativadas para iniciar uma resposta de defesa. As
células cancerosas podem utilizar esses checkpoints para evitar serem
combatidas, e por isso os medicamentos imunoterápicos os tornam alvos. Pode
apresentar efeitos adversos como danos teciduais inflamatórios, diarreia,
colite, rash cutâneo, dermatite, elevação de transaminases, hipofisite e
tireoidite;
● Transferência de células T adotivas: aumenta ainda mais
a capacidade natural das células T de combater o câncer. Nesta abordagem, as
células imunes são retiradas do tumor e as mais ativas contra o câncer são
selecionadas ou alteradas em laboratório para se tornarem ainda melhores no
ataque às células cancerosas - elas são cultivadas em grandes quantidades e,
quando prontas, transferidas de volta ao organismo por meio de injeção
intravenosa. Já no organismo, começam a combater as células doentes. Possíveis
efeitos adversos são vitiligo e uveíte (em pacientes com melanoma) e
hepatotoxicidade (naqueles com carcinoma renal);
● Anticorpos monoclonais: são medicamentos que auxiliam o
corpo a identificar as células cancerosas. Os anticorpos são produzidos em
laboratório para se ligar a um alvo específico nas células tumorais e podem
provocar tanto uma resposta imune que destrói as cancerosas como marcá-las,
facilitando a sua identificação pelo sistema imunológico. Essa técnica também
pode ser chamada de terapia-alvo. Febre, calafrios, fraqueza, dor de cabeça,
náusea, vômitos, diarreia, redução da pressão sanguínea e erupções cutâneas são
alguns possíveis efeitos adversos;
● Vacinas: agem contra o câncer impulsionando a resposta
do sistema imune às células cancerosas. Em geral, são produzidas a partir das
próprias células tumorais do paciente ou de substâncias coletadas delas. Seu
objetivo é tratar cânceres já existentes fortalecendo as defesas naturais do
organismo contra a doença, mas também podem ser usadas para retardar ou impedir
o crescimento de células cancerosas, reduzir o tamanho de tumores, prevenir
recidivas da doença e eliminar células cancerosas remanescentes de outras
formas de tratamento. É importante esclarecer que estas vacinas são diferentes
das que previnem doenças, pois possuem um papel de tratamento, e não de
prevenção. Podem desencadear febre, calafrios, fadiga, dor nas costas e
articulações, náusea e cefaleia; e
● Moduladores do sistema imune: aumentam a resposta do
sistema imunológico do paciente contra o câncer. Alguns destes agentes afetam
partes específicas do sistema imune, enquanto outros o atingem de maneira mais
geral. Possíveis efeitos adversos incluem supressão da medula óssea, hepatotoxicidade,
nefrotoxicidade, neurotoxicidade, hipertensão, aumento do risco para infecções,
leucopenia, disfunção gastrointestinal e trombocitopenia.
Tabagismo ainda é a principal
causa de câncer
O tabagismo está na origem de 90% de todos os casos
de câncer de pulmão no mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20
vezes o risco de surgimento da condição. E, apesar destes dados não serem
novidade, os tumores pulmonares ainda lideram o ranking das doenças oncológicas
que mais matam todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS). No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 30 mil
pessoas receberão o diagnóstico da doença ainda em 2022, enquanto a edição mais
recente do Atlas de Mortalidade por Câncer (2019), indica que são 29.354 mortes
em decorrência dessa neoplasia maligna a cada 12 meses.
Mariana Laloni explica ainda que a maioria dos
pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio
aparelho respiratório. “Os sinais de alerta são tosse, falta de ar e dor no
peito. Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de
peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por
acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção
aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico
precoce da doença, o que contribui amplamente para o sucesso do tratamento”,
diz.
A médica comenta que existem dois tipos principais
de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células.
“O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide
em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo
mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes”,
destaca a médica.
Além disso, o tabagismo continua sendo o maior
responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste
tipo de tumor: segundo o INCA, 156 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente
se o tabaco fosse evitado, sendo que cerca de 1/3 desses óbitos são decorrentes
de algum tipo de câncer devido ao hábito de fumar.
E apesar do Brasil ter sido reconhecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao cigarro - o
país tem um dos menores índices de fumantes do mundo, cerca de 10% da população
acima de 18 anos, segundo o próprio INCA - os desafios não param de chegar. Um
deles, é a chegada dos cigarros eletrônicos e outros dispositivos de vape, que
têm conquistado principalmente os jovens.
“Nós vemos novas formas de tabagismo chegando, como
o cigarro eletrônico, por exemplo, que tem atraído principalmente os
adolescentes, pelo formato, pela novidade e pela falta de informação também
sobre o impacto nocivo deles. Então, estamos vendo uma geração que tinha
largado o cigarro, voltar para versões digamos, mais modernas, do mesmo mal”,
alerta Mariana Laloni.
Parar de fumar, alerta a especialista, é a forma
mais eficaz de se prevenir contra o câncer de pulmão e diversos outros tumores,
além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, AVC
(acidente vascular cerebral) e complicações severas decorrentes da contaminação
pela Covid-19.
Desafio 21 dias sem cigarro
Com foco no público jovem, o Grupo Oncoclínicas realiza
ao longo deste mês nas redes sociais a campanha “Desafio 21 Dias Sem Cigarro”,
voltada ao incentivo ao abandono do vício nos diferentes tipos de fumo. A cada
dia, é sugerida uma nova meta a ser cumprida. Essas atividades procuram
diminuir a sensação de ansiedade e a própria fissura física que vem com o
consumo de cigarro e dispositivos eletrônicos de vape.
A mobilização destaca não só os malefícios de
fumar, mas principalmente os benefícios de abandonar o vício. A exemplo disso,
após 20 minutos sem consumir cigarros, a pressão sanguínea e as batidas
cardíacas voltam ao normal. Passadas 8 horas, a quantidade de monóxido de
carbono no sangue diminui quase pela metade, normalizando a oxigenação das
células. Um dia depois, o monóxido de carbono é eliminado do corpo e os pulmões
também começam a eliminar o muco e os resíduos da fumaça.
Em dois dias, não há mais nicotina no organismo.
Com isso, o gosto e o olfato começam a melhorar. De 2 a 12 semanas depois, a
circulação venosa (responsável pelo retorno do sangue dos tecidos para o
coração) melhora e de três a nove meses depois, os problemas respiratórios e as
tosse acalmam, a voz se torna mais clara e a capacidade respiratória aumenta em
10%.
21 dicas para vencer os cinco
minutos de fissura e superar o hábito de fumar
1. Ao acordar se comprometa a não fumar
2. Anote os três maiores motivos para deixar de
fumar
3. Anote os cigarros mais difíceis de cessar e
elabore uma mudança comportamental para superá-los
4. Anote três hábitos ou gatilhos que aumentam o
seu risco de fumar
5. Faça uma pequena caminhada
6. Beba água nos momentos de fissura
7. Inicie ou aumente as atividades físicas
8. Converse com um amigo
9. Leia um texto curto
10. Acesse um vídeo relaxante
11. Masque uma goma ou chupe uma bala com pouco
açúcar
12. Inspire lenta e profundamente pelo nariz e
expire lentamente pela boca
13. Repita mentalmente por várias vezes -- eu não
me permito fumar!
14. Modifique ou evite uma rotina que aumentava o
risco de fumar
15. Evite uma situação (gatilho) que aumenta o
risco de fumar
16. Evite um hábito que aumenta o risco de fumar
17. Anote os benefícios alcançados após alguns dias
sem fumar
18. Limpe seu carro para retirar o odor do tabaco
19. Evite locais com fumantes
20. Comprometa-se a abrir mão de algo que gosta
muito caso volte a fumar
21. Procure auxílio médico para apoio no processo
de cessar o tabagismo.
Para saber mais sobre o Desafio 21 Dias Sem
Cigarro, acesse o site da campanha
e siga as páginas oficiais nas redes sociais Instagram
e Facebook
para conferir as dicas diárias no combate ao fumo e melhora da qualidade de
vida.
Grupo Oncoclínicas
www.oncoclinicas.com