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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Quem está pronto para a revolução bancária?

O sistema bancário é um dos setores de maior importância no contexto mundial, responsável por viabilizar o crédito para empreendedores e também pela proteção de risco. Apesar de apresentar um dos sistemas mais complexos e desenvolvidos do mundo, o Brasil ainda encontra desafios de infraestrutura tecnológica. Há dois anos, no entanto, as conversas sobre open banking começaram a apontar que, de fato, estamos prestes a dar um importante passo na democratização dos serviços, agregando segurança e facilidades para o consumidor, ampliando a concorrência e mudando a forma de relacionamento entre clientes e instituições, tanto as financeiras e como não financeiras. 

Ao permitir a integração de aplicativos com os serviços por meio da abertura de interfaces de programação de aplicativos, desenvolvedores de outras empresas de tecnologia serão capazes de criar diversas aplicações e serviços, focadas nas experiências e na forma como os clientes interagem com seu banco. É um passo e tanto. No entanto, essa mudança esperada está impregnada de dúvidas. E não só dos clientes que, em sua maioria, ainda não sabem exatamente o que é o tal do open banking, mas também dos agentes das instituições bancárias. 

Como diretor de inovação de uma empresa provedora de tecnologia para o mercado financeiro tenho percebido uma certa angústia dos players. Ninguém tem dúvidas de que esta será uma transformação, um um marco, mas muitos me perguntam que tipo de estratégia devem entregar, em que base tecnológica. Basicamente, eles estão centrados em duas dúvidas: Como posso me preparar? Como ser protagonista? Como entregar a melhor experiência?

Enquanto o Banco Central ouve as partes interessadas para definir o tamanho desse novo impulso digital que o país dará, tenho recomendado que estudem mais os mercados estrangeiros. Certamente podemos replicar aqui alguns modelos e aprender com o Reino Unido ou mesmo com os países do leste asiático, com a Austrália ou o México. Quais os erros e acertos de cada um deles? 

Fato é que, para fazer parte deste novo jogo, os bancos vão precisar se movimentar, sair da zona de conforto, olhar outros cenários, construir novos modelos de remuneração, de rentabilidade e até mesmo entender como essa rentabilidade será repartida. Temos uma bela oportunidade para criar soluções inovadoras, que serão benéficas e ágeis, mas que também precisam ser simples. Nesse novo paradigma, a competição será mais agressiva e com uma quantidade de agentes maior. Ganhará mercado aqueles que apresentarem as melhores soluções tecnológicas com foco centralizado na experiência do usuários e na economia ou entrega de melhores serviços com menores taxas. Como ficará o novo bolo do sistema bancário, me perguntam.

Por hora, acredito que as maiores fatias devem seguir mesmo com as instituições financeiras tradicionais, que já possuem estrutura para abraçar este novo momento de abertura e de inovação. Praticamente todas já fecharam parcerias ou adquiriram startups e fintechs acostumadas a lidar com a rápida mudança do mercado e com um olhar mais atento aos desejos dos clientes. Mas até quando será assim?

A abertura desse mercado pode atrair as bigtechs como Facebook, Google e Alibaba. Com grande volume de usuários e dados sobre eles, essas gigantes da tecnologia sabem usar essas informações a seu favor e com certeza apresentam um risco para essa concorrência mais segmentada no campo financeiro. Para citar um exemplo,  temos a atual  briga do Facebook para o lançamento no Whatsapp Pay que, apesar de limitado, sai na frente por já contar com aproximadamente 77 milhões de usuários no Brasil.

Também não falta apetite para os players de médio e pequeno porte, que vão apostar no novo para buscar capilaridade. E há espaço real para todo mundo. Pela primeira vez, a vantagem competitiva não estará somente no capital. Sairá na frente aquele que entender melhor seu cliente e antecipar sua demanda através de integrações. É uma oportunidade e tanto para inclusão dos desbancarizados e a pavimentação definitiva do caminho para iniciativas como o PIX e SandBox. O futuro é logo ali.

 



Leo Monte - Diretor de Inovação da Sinqia, principal provedor de tecnologia para o mercado financeiro.


Volta às aulas: segurança e comunicação são imprescindíveis, orienta especialista

Alvo de polêmicas, a decisão de retomar o calendário escolar exige cautela, cuidados redobrados e investimento na saúde e segurança de estudantes e colaboradores, para garantir o sucesso do processo de ressocialização escolar

 

No mês em que o país supera a marca de quatro milhões de casos de Covid 19 confirmados, governos e autoridades de saúde tentam chegar a um acordo sobre o processo de retomada do calendário escolar em estados e municípios brasileiros. Em São Paulo, por exemplo, a previsão de retornar as atividades no dia 08 de setembro foi adiada depois de uma análise dos índices de Coronavírus entre alunos e professores. Decisão que se repetiu também nos estados da Bahia, Santa Catarina e Ceará.

A medida é uma forma de evitar que se repita no Brasil os mesmos resultados de países onde as instituições de ensino foram reabertas, mas precisaram fechar as portas por causa do registro de novos casos. Alguns chegaram a reabrir priorizando crianças menores pela baixa taxa de adoecimento. Outros investiram em mudança de rotina e adotaram medidas como distanciamento das cadeiras, divisão de turmas por dias e horários diferenciados, redobraram práticas de higiene - como lavar as mãos, pelo menos, cinco vezes, durante o período na escola - entre outras. "São medidas simples, mas que podem contribuir com o sucesso desta fase", explica o médico do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica, Bruno Ganem.

Seguindo a linha estratégica de outros países, o Brasil orienta autoridades da educação para a retomada das aulas, mas com medidas que garantam bons resultados e, principalmente, após a realização de testes de covid-19 em professores, colaboradores e estudantes, para auxiliar na tomada de decisão e avaliar se é viável reabrir as portas. Para o especialista, cada etapa deste processo deve ser feita de forma cautelosa e, principalmente, segura. "Uma das principais preocupações de pais, professores, estudantes e autoridades é uma nova onda de infecções dentro das instituições. Há ainda uma outra preocupação porque em muitos casos crianças e adolescentes são assintomáticos e há um risco muito grande de levarem o vírus para dentro de casa, onde pode haver pessoas mais suscetíveis ao vírus, como os idosos, por exemplo. Por isso, todas as medidas que podem ser colocadas em prática a favor da saúde neste momento são fundamentais", enfatiza o médico.


A importância da testagem e medidas de prevenção

Um estudo recém publicado pela revista britânica ‘The Lancet’ sugere que só é possível assegurar um retorno às aulas com pouca possibilidade de um novo surto, após grande volume de testagem de pessoas sintomáticas (entre 59% e 87%), e destaca também o rastreamento de contatos de alunos que estiveram e isolamento.

O médico vai além e destaca ainda outras importantes iniciativas que são decisivas nesta fase. "Observamos mudanças de hábitos sociais e, mais do que nunca, é preciso investir agora em práticas que atendam às exigências deste ‘novo normal’. E quando falamos em instituições de ensino, onde há um público mais diverso, com necessidades tão distintas, o processo precisa ser gradativo e requer medidas importantes. Destaco como fundamental os protocolos sanitários, que auxilia as instituições nesta reestruturação de suas atividades, respondendo de forma eficaz à essa mudança organizacional", afirma Ganem.

"A Covid 19 provocou impactos significativos em todas organizações e temos a certeza de que nada será como antes. É um cenário desafiador e também é o momento ímpar para que os gestores repensem seus modelos e invistam nos protocolos de saúde, para favorecer que seja uma fase amparada em segurança sanitária e confiança, dois pilares fundamentais nesta etapa". O médico detalha que os protocolos sanitários dispõem de três ‘engrenagens’ que funcionam em total sintonia. "Primeiro, é preciso fazer triagem dos profissionais para entender quais são as populações das escolas e os riscos oferecidos. Esta é uma etapa de extrema relevância para criar a engrenagem seguinte, a do monitoramento, questionar o que será monitorado para dar mais segurança aos grupos selecionados na triagem. Por fim, os essenciais protocolos de testagem. Esses pilares funcionando darão a sustentação necessária à segurança sanitária", enfatiza o médico.

De acordo com o especialista, a consultoria às instituições proporciona uma fusão da segurança com a comunicação mais fluida entre as equipes, que também é essencial para reestabelecer a confiança e promover um ambiente seguro, saudável e acolhedor. "Todas as etapas da consultoria são desenvolvidas para adequar os ambientes às novas realidades. O Grupo Sabin, em parceria com a In Press Oficina, por exemplo, dispõe do projeto Novos Costumes, é uma consultoria especializada para a Covid 19. Especialista vão às instituições, avaliam os espaços e rotinas, desenvolvem protocolos e monitoram os resultados. Todo o trabalho é personalizado, de acordo com cada segmento de atuação, perfil dos colaboradores e dos clientes ou usuários", destaca o médico.

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse: http://novoscostumes.com.br/


Mudanças no comportamento de consumo reforçam um país de contrastes

pexels

O consumo se tornou uma das formas mais efetivas de entender o cotidiano contemporâneo e as mudanças sociais. Não apenas por estar presente de forma global, mesmo nas camadas mais populares e nas diferentes configurações político-econômicas, mas também por expressar modos de vida e vínculos de sentido entre o sujeito e o contexto que o cerca. A própria falta de consumo comunica e auxilia a compreender as questões de desigualdade, desemprego, ou mudanças culturais, por exemplo. Nas relações com as marcas emergem emoções, resgates de valores, rituais de busca, uso, descarte, entre outros, que superam o aspecto pejorativo do consumismo. Dessa forma, podemos pensar o consumo como uma das possibilidades de entender o Brasil durante e após a pandemia.

A relação entre consumo e pandemia no país tem sido o foco de diferentes pesquisas. O estudo Vida na Quarentena, desenvolvido pelo Google em parceria com a MindMiners, relata que 56% dos entrevistados tiveram queda na renda, enquanto 23% dizem ter perdido o emprego. Nessa situação de instabilidade econômica e incertezas geradas no âmbito da saúde, a busca de informação sobre o assunto permanece. As dúvidas se espalham em diferentes setores, ampliando a preocupação com outras pautas. Racismo e violência são alguns dos temas que mobilizaram os entrevistados, ainda que 39% comente sobre a sensação de impotência para atuar nesse cenário.

O consumidor brasileiro, que conta com marcas de bancos e cervejas entre as mais valiosas, enquanto mundialmente as empresas de tecnologia lideram esses rankings, parece sustentar uma expectativa nas empresas em assumir um posicionamento social efetivo no contexto pandêmico. Sete em cada dez pessoas acreditam na atuação das marcas durante esse momento, mas esperam que a ação seja comprometida por meio de doações e manutenção de empregos. O que mostra a pesquisa Vida na Quarentena é o anseio por mudanças, para encontrar um reencaixe que retome o sentimento mínimo de segurança. Algo que supere a dicotomia nociva entre saúde e economia.

O consumo midiático e a compra online também são comportamentos em deslocamento durante o período. A pesquisa Kantar Covid-19 Barometer, aponta um pico na audiência televisiva, que se estabiliza em níveis superiores do patamar anterior ao distanciamento social. As campanhas publicitárias não ficaram de fora da discussão sobre a covid-19. Além da publicidade social, a publicidade de causa está presente com empresas do setor financeiro e lojas de departamento. YouTube, redes sociais e uso de games também são consumos midiáticos crescentes pelos dados das pesquisas. Ainda que os estudos não aprofundem qual o discurso utilizado na comunicação e sua autenticidade com as empresas, vemos que o próprio consumidor assume o papel de vigilância e tem no seu comportamento uma forma de contrapor os esforços de marca vistos como não coerentes. O crescente consumo no ambiente digital abre espaço para a circulação dessas avaliações, mas também sobrepõe a crítica sem rosto, a divulgação de falsas notícias e o cancelamento sem a discussão aprofundada para uma mudança nas ações mercadológicas.  

Ainda na lógica digital, os índices de compra online subiram 47% no primeiro semestre de 2020, sendo a maior alta nos últimos vinte anos, conforme a 42ª pesquisa WebShoppers da Ebit em parceria com a Nielsen. Novos adeptos da compra online assumem esse lugar e, embora o sudeste tenha grande impacto no resultado, as regiões norte e nordeste surpreenderam com o desempenho de faturamento e vendas no período. Com o aumento da demanda, as entregas tiveram o prazo estendido, em muitos casos as operações físicas foram mantidas em conjunto com lojas online e ocorreu a disseminação do uso de aplicativos de entrega. Aliás, outra pauta reclamada por meio de manifestações no momento: os direitos trabalhistas e condições laborais dos entregadores. Nesse breve compilado do consumo na pandemia fica registrado o contraste entre resultados de compra, demandas sociais e experimentações de novas práticas na reinvenção do cotidiano.

Alguns hábitos estão na agenda do consumidor para o cenário pós-pandêmico. A Kantar destaca comportamentos que o consumidor pretende manter, como o cuidado pessoal nos segmentos de higiene, alimentação e educação, além da valorização do comércio local e a busca por preços mais convidativos. Parece que o enfrentamento com a finitude despertou a valorização do eu, mas de um sujeito conectado com o mundo. Artistas em suas lives, sustentam o faturamento, mas também são os novos mediadores de temas como política, espiritualidade e educação. Evidenciam como a mídia e um letramento midiático atravessam outras instituições.

Na tentativa de conexão com o mundo, as plantas são trazidas para o lar, uma floresta se puder. Os passeios mascarados de bicicleta são divulgados nas mídias sociais, os exercícios em casa são compartilhados com o trabalho, a elaboração de receitas de uma panela só vira pauta daqueles que podem ficar em casa. Em meio à tensão entre indivíduo e sociedade ressoa a cultura da carteirada, do desencaixe de que a igualdade é ofensiva. Muitos desses momentos ocorrem durante o consumo material ou cultural: no bar, na entrega de comida, no passeio à beira mar. Novamente as contradições podem ser analisadas e destacam outros tantos desrespeitos que levam à posicionamentos afirmativos de reconhecimento.

Para os negócios, os dados dessas pesquisas podem auxiliar a reconfigurar os modelos de atuação, em uma perspectiva inovadora, que consiga associar novos comportamentos e desejos às condições operacionais da empresa. Integração de canais de distribuição e comunicação, proximidade à realidade local e social, assim como estratégia de precificação parecem fazer sentido. Essa visão leva a repensar fornecedores, processos, estrutura organizacional, mantendo margens interessantes ao negócio. Mas, sobretudo, evoca a responsabilização de gestores no entendimento das contradições nacionais e do comportamento ativo dos seus consumidores, sufocados pelo choque que a convivência consigo mesmo e com o mundo fragilizado evidenciou.  

O desafio exposto aqui não é uma visão simplificada, que tenta retirar do objetivo central das empresas o lucro, ou negar responsabilidade de outros setores, mas que entende o desempenho organizacional atrelado à adequação para novas conjecturas e para o desenvolvimento coletivo. Por isso, depende da compreensão mais próxima do que é o país, em suas várias camadas. A ampliação dos estudos de comportamento de consumo pode ser guiada por dados, mas precisa chegar ao sujeito e suas interações, que não estão apenas no virtual e no digital. Conciliar os dados ao olhar de um cotidiano pandêmico pode construir ações que façam sentido aos consumidores e aos cidadãos.




Clóvis Teixeira Filho - professor na área de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter, Mestre em Administração e Doutorando em Ciências da Comunicação.

 

Setembro amarelo reforça debate sobre problemas com a saúde mental agravados na pandemia

 Especialistas da Faculdade São Leopoldo Mandic comentam sobre necessidade de diagnóstico e tratamento adequado

O mês de setembro é conhecido pela cor amarela, por conta da prevenção ao suicídio. Os transtornos mentais são considerados a segunda principal causa de dias improdutivos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os quadros mais prevalecentes estão a ansiedade e a depressão e problemas relacionados ao uso de substâncias. A pandemia de Covid-19 trouxe um aumento na incidência de casos de transtornos mentais, não só por conta da necessidade do isolamento social, mas também pelo medo da contaminação pelo vírus e perdas: da rotina, financeiras, de contato social, e de parentes e entes queridos.

Nessa fase, de acordo com o médico psiquiatra, coordenador da área de Saúde Mental do curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, Dr. Celso Garcia Junior, a recomendação é tentar manter a rotina: "Tenha uma boa noite de sono, mas sem exagerar no número de horas descansando, além de se exercitar, tomar sol e tentar manter algum contato social ainda que seja virtual, podem ajudar a diminuir o estresse. É importante também evitar a superexposição ao noticiário relacionado a pandemia, o que acaba piorando a saúde mental das pessoas."

Para a médica endocrinologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, Dra. Juliana Gabriel, a prática da meditação ajuda a diminuir o estresse. "Existem diferentes tipos de meditação, todas com grande benefício, podemos falar, por exemplo, da Mindfulness, um termo em inglês que significa "atenção plena ao momento presente" e é como se fosse um treinamento mental para que sair dos próprios pensamentos, geralmente relacionados ao futuro com questionamentos como "o que eu tenho que fazer", ou ao passado: "o que eu fiz que poderia ter sido diferente."

A especialista destaca que há uma série de benefícios ao treinar a mente para estar no presente, como melhora na atenção e capacidade de concentração e foco; aperfeiçoamento na comunicação e nos relacionamentos; melhora na ansiedade e mesmo na melancolia, entre outros. Além disso, a meditação tem um papel também na saúde física. "Ao estarmos mais atentos ao presente, começamos a prestar mais atenção nos sinais que nosso corpo nos envia. Percebemos melhor a sede, a fome e saciedade, posturas incorretas, vontade de ir ao banheiro. Essas são necessidades tão básicas e óbvias, mas no mundo em que vivemos quase o tempo todo no campo mental, a desconexão com o corpo é muito frequente - e consequentemente, a redução do autocuidado também", conclui a Dra. Juliana.




Faculdade São Leopoldo Mandic

slmandic.edu.br ; facebook.com/ saoleopoldomandic


Secretaria da Educação começa a implementar protocolo na rede municipal para garantir a segurança de alunos e profissionais

Data do retorno não foi definida, mas medidas incluem aquisição de 760 mil kits de higiene, 2,4 milhões de máscaras de tecidos, 6,2 mil termômetros digitais e 75 mil protetores faciais. Previsão é investir R 32,1 milhões


A Secretaria Municipal de Educação (SME) começou a colocar em prática o protocolo de segurança para garantir a segurança dos estudantes e profissionais de saúde da rede de ensino da cidade de São Paulo. Além das medidas de prevenção que estão sendo construídas em conjunto com os servidores da SME, os processos de compra de equipamentos de segurança para receber estudantes e educadores, a administração municipal já iniciou o processo de aquisição de equipamentos de higiene e proteção e a previsão inicial é investir R 32,1 milhões.

As medidas sanitárias que serão adotadas pela rede municipal de ensino para a retomada das aulas presenciais na cidade, que não tem data e será definida pela autoridade de saúde do município com base no inquérito sorológico realizado com estudantes, serão apresentadas ao prefeito Bruno Covas pelo secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, e profissionais de educação nesta sexta-feira (11/09) durante visita à Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Prof. Fernando de Azevedo, em São Miguel Paulista, na Zona Leste da cidade.

A Pasta investirá R 23,2 milhões na compra de 760 mil Kits para alunos, compostos por frasqueira com copo e sabonete, R 5,4 milhões na compra de 2,4 milhões de máscaras de tecido, R1,7 milhão na compra de 6,2 mil termômetros digitais e mais R 1,8 milhão para a compra de 75 mil protetores faciais.

Ainda não há data definida para que parte dos estudantes e educadores voltem presencialmente às escolas, a definição ocorrerá após a realização da terceira etapa do inquérito sorológico, realizado pela Secretaria Municipal de Saúde, com alunos da rede particular e estadual.

Tecnologia - Por meio do projeto Sala de Aula Digital, a Secretaria Municipal de Educação já iniciou processo para compra de 465,5 mil tabletes que serão utilizados por estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Médio e CIEJA da Rede Municipal. Os equipamentos contarão com chip 4G para acesso à internet e a previsão de investimento é de R 186 milhões.

O mesmo projeto levará equipamentos de tecnologia para mais de 13 mil salas de aula espalhadas em 1.500 Escolas Municipais da cidade de São Paulo. Cada sala receberá um computador, um projetor, uma caixa de som e internet banda larga. A instalação dos equipamentos deverá começar a partir da segunda quinzena de outubro e o investimento previsto é de R 160 milhões.

Diálogo e transparência - Em julho, a Secretaria Municipal de Educação iniciou o trabalho de escuta através do projeto Fala Rede, que reuniu em 13 lives 140 educadores para debater o tema com o secretário municipal de educação, Bruno Caetano, e definir conjuntamente os protocolos de atendimento para garantir uma reabertura com a maior segurança possível. Depois desses encontros, foram criados 14 grupos de discussão que estão fixando mecanismos para a retomada das aulas presenciais após parecer favorável da saúde.

  

Estudantes de Medicina pedem ajuda!

Durante 3 meses, realizamos uma pesquisa com algumas centenas de estudantes de Medicina de todo o Brasil para avaliar os impactos da quarentena em seu bem-estar.

Em abril desse ano, lançamos uma pesquisa através do Jaleko WeCare - iniciativa do Jaleko que foca no bem-estar do estudante de Medicina - com o objetivo de avaliar como a quarentena estava impactando na saúde física e mental dos estudantes de medicina do Brasil. Ao todo, 294 estudantes contribuíram com respostas à um questionário com 8 perguntas. Apesar da amostra pequena, os resultados trazem reflexões valiosas. Confira a seguir:

Como os estudantes estão se sentindo?

Quase 75% dos estudantes não estão bem. A maioria se diz ansiosa, de "saco cheio" ou preocupada. Apenas 1/4 se sente bem ou incrível. Os principais motivos citados como causa da ansiedade foram:

- Incertezas em relação aos impactos na faculdade (atraso na formatura, paralização das aulas presenciais, início de EAD, prejuízo na formação acadêmica);

- Preocupação com a saúde dos familiares;

- Potenciais impactos financeiros de uma crise econômica.

Somente 8% não têm estudado durante a quarentena. Apesar de toda ansiedade e preocupação, a maioria dos alunos vem mantendo uma boa rotina de estudos, com mais da metade com uma frequência de pelo menos 5 dias/semana. Enquanto não estão estudando, esses estudantes estão:

- Navegando na Internet ou Instagram;

- Assistindo séries e/ou LIVEs;

- Praticando atividades físicas;

- Lendo;

 


Quase metade dos que responderam estão sedentários durante a quarentena. Existem algumas evidências na literatura que mostram que o sedentarismo entre universitários de Medicina fica entre 20-50%. Portanto, aparentemente não houve piora significativa, porém não deixa de ser alarmante que 47% não têm praticado nenhum exercício. Para piorar, o isolamento dificulta e limita a prática de atividades físicas externas.

Apenas 16% está mantendo uma dieta saudável e balanceada. A esmagadora maioria se encontra em cima do muro, variando entre alimentação saudável e "chutadas de baldes". Pesquisas entre o público geral mostram ainda aumento do consumo de bebidas alcoólicas.

O retrato final parece mostrar que o estudante de Medicina durante a pandemia encontra-se ansioso, com elevado nível de sedentarismo, alimentação de qualidade variável e que vem mantendo uma rotina de estudos.

 

Algumas dicas para ajudar a melhorar esse cenário

É claro que se trata somente de um retrato de uma pesquisa com uma pequena amostra, porém ainda assim vou deixar algumas dicas de como cuidar melhor do seu bem-estar enquanto a tão sonhada vacina não chega:

1. Atenda às suas necessidades básicas - Durma, coma e hidrate-se regularmente e limite o uso de álcool e outras substâncias para otimizar seu rendimento e seus estudos.

2. Tenha um(a) "companheiro(a) de batalha" - Estabeleça suporte aos seus colegas e use ferramentas de contato (presenciais, telefone, texto ou e-mail) para fornecer incentivo e lembrar que vocês estão juntos(as) nessa empreitada.

3. Faça pausas - Reserve um tempo para se concentrar em algo que não seja os estudos, mesmo por apenas alguns minutos, para ter um pouco de lazer e distração.

4. Permaneça conectado(a) - Dar e receber apoio de familiares, amigos e colegas é essencial em uma crise e ajuda a reduzir os sentimentos de isolamento.

5. Atualize-se - Confie em fontes confiáveis de informação. Participe de grupos de trabalho onde informações relevantes são fornecidas.

6. Faça auto-avaliações regulares - Fique de olho quanto a sinais de aumento do estresse. Converse e desabafe com seu companheiro ou companheira de batalha, outro colega, familiar, amigo(a) ou chefe, se necessário.

7. Olhe para o futuro - Pode ser difícil, mas é vital lembrar que essa crise terminará. Invoque suas forças pessoais e incentive isso nos outros.

 

Foi identificando esse problema que criamos o Jaleko WeCare, iniciativa do Jaleko voltada ao cuidado do bem-estar dos estudantes e profissionais da área da saúde, com três pilares fundamentais: atividade física, alimentação saudável e saúde mental.

OBS: 83% dos que responderam à pesquisa não conheciam o Jaleko WeCare. Se você faz parte deles, não deixe de seguir nosso Instagram que tem muito conteúdo legal, como essas dicas acima.

 



Rodrigo Junqueira - sócio-executivo do Jaleko, Head de Growth e Conteúdo, e médico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ.

 

Exportações de café do Brasil atingem 3,3 milhões de sacas em agosto

 

·        Resultado no mês indica a entrada da safra de café arábica no mercado

·        Receita cambial de agosto em reais apresentou crescimento de 25,2% ante agosto de 2019 

·        Acumulado do ano de 2020 (jan-ago) foi o segundo maior volume dos últimos cinco anos, alcançando 26,4 milhões de sacas

 

O Brasil exportou 3,3 milhões de sacas de café em agosto deste ano - considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído. A receita cambial gerada pelas exportações no mês passado foi de US$ 386,6 milhões, equivalente a R$ 2,1 bilhões, o que representa um aumento de 25,2% em reais em relação a agosto de 2019. Já o preço médio da saca de café foi de US$ 118,71. Os dados são do Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil.

O café arábica correspondeu em agosto a 76,6% do volume total exportado, equivalente a 2,5 milhões de sacas. O café conilon (robusta) atingiu a participação de 14,5%, com o embarque de 472,2 mil sacas, enquanto que o solúvel representou 8,9% dos embarques, com 289,7 mil sacas. 

"O resultado de agosto demonstra a entrada da nova safra de café arábica no mercado e a continuidade positiva nos embarques de conilon, que garantiram ao Brasil uma boa performance nesse início de ano cafeeiro. Toda cadeia do agronegócio café continua desempenhando um trabalho de alta qualidade e eficiência, seguindo todas as medidas de prevenção e segurança determinadas pela OMS e as entidades públicas de saúde municipais e estaduais. A colheita está praticamente encerrada, apresentando bons resultados tanto na quantidade quanto na qualidade. Tudo indica que as exportações do café brasileiro terão bons resultados no segundo semestre e sempre trabalhando com foco nos três “S”, saúde, segurança e sustentabilidade", declara Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.

 

Ano civil

O total de café exportado no ano civil (janeiro a agosto de 2020) foi de 26,4 milhões de sacas milhões de sacas, sendo o segundo maior volume embarcado para o período nos últimos cinco anos. A receita cambial gerada com as exportações de janeiro a agosto foi de US$ 3,4 bilhões. 

Entre as variedades embarcadas no ano civil, o café robusta se destaca pelo aumento de 12,9% nas exportações, se comparado ao volume da variedade exportado de janeiro a agosto de 2019. Essa variedade de café correspondeu no período a 11,6% do total das exportações (sendo equivalente a 3 milhões de sacas embarcadas), enquanto que o café arábica representou 78,3% dos embarques (20,6 milhões de sacas) e o solúvel, 10,1% (2,7 milhões de sacas).


Principais destinos

Os cinco principais destinos de café brasileiro no ano civil (jan-ago), foram: Estados Unidos, que importaram 4,9 milhões de sacas de café (18,5% do total embarcado no período); Alemanha, com 4,5 milhões de sacas importadas (17%); Itália, com 2 milhões de sacas (7,6%); Bélgica, com 2 milhões de sacas (7,3%); e Japão, com 1,3 milhão de sacas (5,1%). Na sequência, estão: Turquia, com 863,9 mil sacas (3,3%); Federação Russa, com 849,5 mil sacas (3,2%); México, com 649,3 mil sacas (2,5%); Espanha, com 634,7 mil sacas (2,4%); e Canadá, com 562 mil sacas (2,1%). 

Entre os principais destinos, a Federação Russa e o México apresentaram aumento nas compras de café brasileiro no período de, respectivamente, 20% e 19,3%. Também houve aumento nos embarques para Alemanha (1%), Bélgica (4,8%), Turquia (7,2%), e Espanha (5,3%). 

Já entre os continentes e blocos econômicos destacam-se o crescimento de 27,7% nas exportações para os países da América do Sul; 51,9% para a África; 99,6% para a América Central; 24,6% para os países do BRICS; 15,8% para o Leste Europeu, além do aumento de 42,7% nos embarques para os países produtores de café.

 

Diferenciados

No ano civil, o Brasil exportou 4,4 milhões de sacas de cafés diferenciados (que são os cafés que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis). O volume foi responsável por 16,8% do volume total de café exportado de janeiro a agosto deste ano e representa também o segundo maior volume para o período nos últimos cinco anos. 

A receita cambial gerada com a exportação de cafés diferenciados do Brasil foi de US$ 721,1 milhões, representando 21,4% do total gerado pelo Brasil com os embarques no ano civil de 2020. 

Os principais destinos de cafés diferenciados foram: os EUA, que importaram 815,5 mil sacas (equivalente a 18,4% do volume embarcado); Alemanha, com 634,5 mil sacas (14,3% de participação); Bélgica, com 558 mil sacas (12,6%); Japão, com 368,2 mil sacas (8,3%); Itália, com 308,4 mil sacas (7%); Espanha, com 182,4 mil sacas (4,1%); Reino Unido, com 171 mil sacas (3,9%); Suécia, com 152 mil sacas (3,4%); Canadá, com 142,2 mil sacas (3,2%); e Países Baixos, com 120 mil sacas (2,7%).

 

Portos

O Porto de Santos segue na liderança da maior parte das exportações no ano civil de 2020, com 79,2% do volume total exportado a partir dele (equivalente a 20,9 milhões de sacas). Em segundo lugar estão os portos do Rio de Janeiro, com 13,4% dos embarques (3,5 milhões de sacas).

 

 

Cecafé

 http://www.cecafe.com.br/

 

Programador de sistemas se torna profissional ainda mais requisitado durante a pandemia

 

Programador da XporY.com, Leandro Pedroso 
Arquivo pessoal

Com celebração da profissão neste dia 12 de setembro, programadores comemoram um mercado marcado por oportunidades e crescimento. Para celebrar, tem vaga de trabalho aberta por uma empresa de negócio digital sediada em Goiânia


Criar, arquitetar e implantar sistemas de tráfego de informações digitais e aplicativos para celulares são algumas das muitas atribuições do programador, profissão que se tornou ainda mais relevante neste tempo de pandemia, onde o fluxo de dados na internet aumentou exponencialmente pela necessidade de migração das empresas para o meio virtual. Para se ter ideia dessa importância, mais de 135 mil lojas aderiram às vendas pelo comércio eletrônico durante o período de pandemia, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Até o mês de abril, estima-se que o e-commerce ganhou cerca de 4 milhões de novos clientes.

Diante desse cenário e da importância da profissão, os programadores ganharam um dia para ser celebrar: sempre no 256º dia do ano, número simbólico para esses profissionais. Ele representa a quantidade de valores diferentes que podem ser representados com um byte de oito bits. Assim, esse ano a data é celebrada neste sábado, 12 de setembro.  

Segundo o programador Leandro Pedroso Filho, 24, a profissão é sempre “marcada por novos desafios que devem ser superados todos os dias”. Leandro é um exemplo de profissional jovem e dinâmico que obteve sucesso ao ingressar na área; começou como estagiário e logo foi contratado. Ele trabalha na plataforma de permutas digitais XporY.com, e é o programador responsável pelo sistema back end do site de permutas, ou seja, faz a ponte entre os dados oriundos do navegador rumo ao banco de dados da plataforma. Se formou há cerca de 1 ano e seis meses e já saiu do estágio empregado na XporY.com. 

A empresa, que conta atualmente com cinco profissionais na área de tecnologia da informação, é uma das que vai ampliar a equipe para cuidar do aumento do fluxo de dados. Está com uma vaga de emprego aberta para desenvolvedor back end, mesma função de Leandro. Para se candidatar à vaga é preciso enviar currículo para o e-mail engenharia@xpory.com até o dia 30 de setembro. “Esse é um profissional fundamental para o meu negócio, que é digital”, diz o empresário Rafael Barbosa, sócio-fundador da plataformas de permutas multilaterais XporY.com.


Boas oportunidades ampliadas com a pandemia

A valorizada profissão, que agora deve ter ainda mais aumento de demanda, está na lista das que apresentam maior dificuldade para preenchimento de vagas, segundo levantamento do site de empregos Indeed, que destaca a profissão como a 5ª mais difícil de ser preenchida, o que indica excelentes oportunidades disponíveis para os novos profissionais. No quesito de dificuldade de preencher vagas, programador fica atrás apenas de outras três relacionadas ao setor da tecnologia (Analista de Segurança da Informação, Webmaster e Analista de Desenvolvimento) e de Arquiteto.

Leandro Pedroso destaca que a profissão já apresentava boas opções de trabalho antes da crise sanitária, mas agora se intensificou. “Muitas empresas já viam esse processo digital como uma grande oportunidade para sobreviver e superar a concorrência no futuro. Com a chegada da pandemia, isso se potencializou porque todos passaram a investir no digital e a quantidade de profissionais no mercado ainda é insuficiente para suprir todas as demandas”, destaca o programador. 

O empresário Rafael Barbosa, avalia que esse é um momento importante para o desenvolvimento da profissão e que os profissionais devem investir cotidianamente em sua qualificação e atualização, estando preparados para novas oportunidades. “O mercado de trabalho para essa área é muito dinâmico, sempre surgem novidades, então se o profissionais se manter atualizado com as novas tecnologias mundiais e estiver atento ao movimento do mercado sem dúvida irá ter sucesso”, orienta.

 

Código de Defesa do Consumidor completa 30 anos

Lei trouxe direitos e garantias para clientes e empresas ao longo dos anos


Reclamar pela qualidade do serviço e do produto, exigir a troca de um item defeituoso e cancelar uma compra feita à distância parecem atitudes banais para quem paga por um bem hoje em dia. Mas nem sempre essas medidas foram tão corriqueiras no Brasil. Todas essas garantias só foram possíveis após a promulgação do Código de Defesa do Consumidor - CDC (Lei 8.078/1990), que completa 30 anos de vigência no dia 11 de setembro.

A lei possibilitou a implantação de entidades civis e governamentais de defesa do consumidor por todo o País, como os Procons e ONGs, levando para o dia a dia das pessoas a cultura de comprar com mais consciência e exigir qualidade e segurança dos produtos. Por outro lado, as empresas tiveram a chance de se aprimorar para atender melhor as demandas.

Entre as inovações obtidas com a legislação, estão:

- Recall de bens colocados no mercado com algum defeito: no Brasil, o recalls mais conhecidos são os de automóveis, mas a regra vale para todos os tipos de produtos;

- Arrependimento de compra feita fora do estabelecimento comercial: antes mesmo da existência massiva da internet, os consumidores já tinham o direito garantido de desistir da compra no prazo de 7 dias quando compravam à distância;

- Garantia do produto: antes do CDC, não existia a obrigatoriedade de fabricantes de produtos e prestadores de serviço se responsabilizarem. O consumidor tinha que tentar algum tipo de acordo ou simplesmente desistir porque não havia amparo legal;

Criado para equilibrar as relações de consumo, o CDC protege os consumidores, mas também evita abusos das pessoas sobre as empresas: há regras para evitar tentativas de obtenção de "vantagem excessiva", quando um produto é anunciado, por erro, com o preço muito fora da prática de mercado, ou quando o consumidor faz mau uso do produto e não segue as instruções recomendadas pelo fabricante. E, mesmo não sendo obrigados a fazer a troca quando o produto não tem defeitos, grande parte dos comerciantes adota a medida quando se trata de roupas e calçados, por exemplo, para manter o bom relacionamento com os clientes e a confiança entre as partes.

 



FONTES:  

Juliana Fleck Visnardi - advogada com experiência nas áreas de Direito Civil, Consumidor e Imobiliário.

 

Leandro Nava - advogado e professor de Direito do Consumidor


Estudo aponta estratégia para mitigar a mudança no clima por meio da adoção de biocombustíveis

 

Pesquisa internacional refuta argumentos de que a dívida de carbono, o custo de oportunidade e o uso     indireto da terra impedem a mitigação de gases de efeito estufa pelos biocombustíveis (foto: Leo Ramos Chaves/Pesquisa FAPESP)
    

Já há consenso sobre a contribuição dos biocombustíveis para uma matriz energética mundial mais limpa. Mas os benefícios líquidos da bioenergia na mitigação de gases de efeito estufa (GEE) ainda são um tema controverso. Contra a sustentabilidade dos biocombustíveis, argumenta-se, por exemplo, que a conversão de terras não agrícolas em lavouras de culturas energéticas pode resultar em grande redução inicial de armazenamento do carbono estocado – conhecida como “dívida de carbono”.

Um estudo realizado por um grupo internacional de pesquisadores, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), contribui para resolver essa discórdia.

A pesquisa indicou que o cultivo de switchgrass – gramínea que cresce em muitas regiões da América do Norte – para produção de etanol celulósico nos Estados Unidos tem potencial de mitigação de GEE por hectare comparável ao reflorestamento e várias vezes maior do que a restauração por pastagens.

A expectativa é que o avanço das tecnologias e a integração de captura e armazenamento de carbono a curto prazo (CCS) melhorem ainda mais o potencial de mitigação de sistemas de bioenergia por hectare por um fator de, aproximadamente, seis em relação ao desempenho atual, aponta o estudo.

O trabalho foi apoiado pela FAPESP por meio de um projeto conduzido pelo pesquisador John Joseph Sheehan, da Universidade de Minnesota (Estados Unidos), na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no âmbito do programa São Paulo Excellence Chair (SPEC).

O primeiro autor do estudo, o pesquisador Lee Rybeck Lynd, do Dartmouth College (Estados Unidos), iniciou em fevereiro um projeto no Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp apoiado pela FAPESP também no âmbito do mesmo programa.

“O estudo permite compreender em um nível de detalhe maior os fatores e estratégias que são importantes para implantar a produção de biocombustíveis de forma a contribuir para a estabilização do clima”, diz Lynd à Agência FAPESP.


Série de questionamentos

De acordo com os autores do estudo, um dos questionamentos em relação aos biocombustíveis celulósicos é se as safras de matérias-primas podem ser obtidas de forma sustentável, ou seja, sem produzir reduções autodestrutivas no carbono armazenado.

Além da dívida de carbono – resultante da conversão de terras não agrícolas em lavouras de culturas energéticas –, a utilização de terras agrícolas produtivas, com baixos estoques de carbono, para a produção de biocombustíveis também pode ser contraproducente se as culturas de alimentos forem deslocadas, aumentando as emissões de GEE em outros lugares.

As preocupações com esse efeito, conhecido como mudança indireta do uso da terra, podem ser minimizadas ou evitadas se a produção da matéria-prima para biocombustíveis ocorrer em terras agrícolas de baixa produtividade ou abandonadas. Uma alternativa seria utilizar terras poupadas do uso agrícola contínuo por meio da intensificação agrícola ou mudanças na dieta alimentar da população.

Como o reflorestamento oferece um uso alternativo dessas terras para mitigação das emissões de carbono, os críticos dos biocombustíveis ponderam que a avaliação da produção de bioenergia nessas áreas deve considerar o “custo de oportunidade”.

“Os principais estudos até agora publicados estimam que as mudança induzida no uso do solo são, em média, zero, embora a mudança indireta do uso da terra continue a ser invocada como uma crítica-chave aos biocombustíveis”, afirma Lynd.

Embora esses argumentos tenham sido inicialmente aplicados aos biocombustíveis de primeira geração – obtidos a partir de açúcar, amido ou óleo vegetal de culturas alimentares cultivadas em terras agrícolas –, as críticas em relação à dívida de carbono, à mudança indireta do uso da terra e aos custos de oportunidade foram posteriormente invocadas para a produção de biomassa celulósica para geração de biocombustíveis avançados e eletricidade.

Com base nesses e em outros argumentos, estudos recentes sugeriram que o uso da terra para produção de matéria-prima para geração de bioenergia tem resultados climáticos abaixo do ideal e recomendaram redirecionar os esforços em pesquisa e o apoio político para a gestão do carbono biológico estocado na terra.

Essas conclusões, no entanto, são frequentemente baseadas em estimativas secundárias de desempenho do sistema de bioenergia, e os custos de oportunidade de mitigação geralmente não levam em consideração a captura e o armazenamento de carbono a curto prazo ou melhorias tecnológicas futuras, ponderam os autores do estudo.

“Cada uma das críticas que abordamos no estudo tem alguma legitimidade no sentido de que apontam para fatores que podem negar os benefícios climáticos dos biocombustíveis. Porém, isso foi confundido com a proposição de que os biocombustíveis não podem ou não oferecem benefícios climáticos”, pondera Lynd.

Para refutar os argumentos dos críticos da sustentabilidade dos biocombustíveis, os pesquisadores usaram modelagem para estimar o potencial de cultivo de switchgrass e a produção de biocombustível a partir da gramínea para substituir fontes de energia fóssil e sequestrar carbono diretamente em comparação com outros esquemas de mitigação baseados no uso da terra, como reflorestamento e pastagens.

O modelo foi calibrado para fazer simulações temporais de trocas de carbono entre a atmosfera e a biosfera sob diferentes opções de uso da terra em três locais nos Estados Unidos.

Os resultados das análises indicaram que nas áreas em que os agricultores estavam fazendo a transição para o cultivo da gramínea para a produção de etanol celulósico o potencial de mitigação por hectare é comparável ao reflorestamento e várias vezes maior do que a restauração de pastagens.

O estudo também indicou que melhorias futuras plausíveis na produção de culturas para energia e tecnologia de biorrefino, juntamente com CCS, atingiriam um potencial de mitigação entre quatro e 15 vezes maior do que a restauração de florestas e pastagens, respectivamente.

“Também constatamos que a cobertura natural da terra e a maturidade tecnológica da cadeia de abastecimento fazem grande diferença na determinação dos benefícios relativos da mitigação de GEE pelos biocombustíveis e na restauração da vegetação natural”, diz Lynd.

O cultivo de switchgrass pode ser particularmente útil em regiões dos Estados Unidos onde a vegetação natural é composta por grama, em vez de árvores, indica o estudo.

No futuro, os pesquisadores pretendem usar a modelagem em escala nacional nos Estados Unidos.

“Uma direção importante apontada pelo estudo é analisar maior diversidade de locais, lavouras de culturas energéticas e processos de conversão, incluindo aqueles concebidos para incorporar a produção de biocombustíveis de maneira consistente com a economia circular”, explica Lynd.

A metodologia também poderia ser aplicada para analisar a produção de biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar no Brasil, ressalta o pesquisador.

O artigo Robust paths to net greenhouse gas mitigation and negative emissions via advanced biofuels”(DOI:10.1073/pnas.1920877117), de John L. Field, Tom L. Richard, Erica A. H. Smithwick, Hao Cai, Mark S. Laser, David S. LeBauer, Stephen P. Long, Keith Paustian, Zhangcai Qin, John J. Sheehan, Pete Smith, Michael Q. Wang e Lee R. Lynd, pode ser lido em www.pnas.org/content/early/2020/08/19/1920877117.
 

 



Elton Alisson

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/estudo-aponta-estrategia-para-mitigar-a-mudanca-no-clima-por-meio-da-adocao-de-biocombustiveis/34102/

 

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