Estudo inédito mostra que Covid longa é 70% mais frequente entre mulheres que têm 3 vezes mais olho seco... Entenda.
Estudo das Academias
Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA que acaba de ser publicado
pela Nacional Academies Press (NAP) mostra que a síndrome respiratória aguda
causada pelo coronavírus está associada a mais de 200 sintomas persistentes
conhecidos como Covid longa. Desses, 62 foram identificados pela primeira vez
no final de 2022 em uma pesquisa publicada na revista científica Nature por
pesquisadores da Universidade de Birmingham (Reino Unido).
Prevalência e grupos de risco
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, uma das alterações associadas pelos pesquisadores à Covid longa é a síndrome do olho seco. Isso porque o olho e o nariz estão conectados pelo ducto lacrimal e a contaminação é facilmente transmitidas aos olhos pelas vias respiratórias.
Caracterizada pela redução na
quantidade ou qualidade da lágrima, a síndrome o olho seco atinge 24% dos
brasileiros de todas as faixas etárias, sendo mais comum entre mulheres e
idosos que também formam os maiores grupos de risco da covid longa. Não por
acaso, comenta, a pesquisa mostra que a covid longa é 70% mais frequente entre
mulheres que têm 3 vezes mais olho seco.
Sintomas e causas
Frequente causa de consulta
oftalmológica, especialmente nos meses mais frios, quando a poluição aumenta e
a umidade do ar cai, os sintomas do olho seco são: sensação de areia nos olhos,
ardência, coceira, fotofobia e visão embaçada.
O especialista explica que a
diminuição da lágrima também pode ser causado pela exposição dos olhos ao
vento, poeira ou uso de ar-condicionado. A síndrome, ressalta, é caracterizada
pela redução na qualidade ou quantidade da lágrima cuja função é alimentar,
proteger, oxigenar e limpar a superfície dos olhos onde fica a córnea, lente
externa e transparente do olho que responde por 60% de nossa refração.
Tipo de olho seco
Queiroz Neto ressalta que a
lágrima tem 3 camadas: lipídica, aquosa e de mucina. O olho seco pode ocorrer
por uma deficiência na produção da camada aquosa da lágrima que é a maior.
“Isso pode ocorrer pelo uso de lente de em ambientes refrigerados, queda na
produção dos hormônios sexuais decorrente da menopausa ou andropausa, doenças
autoimunes ou reumatológicas e uso de alguns medicamentos, entre eles os
antialérgicos, antidepressivos e anti-hipertensivos que comprometem a produção
das glândulas lacrimais.
O outro tipo de olho seco é o
evaporativo, que corresponde a 70% dos casos e está relacionado à deficiência
da camada lipídica da lágrima. Esta deficiência, explica, é causada pela
oclusão ou lesão de pequenas glândulas localizadas na borda das pálpebras que
produzem esta camada da lágrima.
Diagnóstico
“Hoje o diagnóstico é
totalmente automatizado”, comenta. O equipamento tem uma câmera colorida e
trabalha em conjunto com um software que coleta todas as informações do filme
lacrimal, possibilitando acompanhar o progresso do tratamento, salienta.
Tratamentos
Queiroz Neto ressalta que o
tratamento varia de acordo com a gravidade e diagnóstico. Por exemplo, comenta,
em casos leves de deficiência da camada lipídica, a instilação de colírio
lubrificante que reforce esta camada da lágrima e a higienização da borda das
pálpebras com um cotonete embebido em xampu infantil pode resolver a disfunção.
Isso porque, a higienização incorreta pode causar o espessamento da camada
lipídica da lágrima e impedir sua distribuição na superfície do olho. Nos casos mais severos, Queiroz Neto afirma
que as sessões de luz pulsada que estimulam a
glândula de Meibômio a produzir a camada lipídica do lágrima são as
mais indicadas.
O risco das telas
Ficar muitas horas ininterruptas em frente às telas é um importante fator de risco para desenvolver a síndrome do olho seco e a fadiga visual que causa dor de cabeça e irritação nos olhos comenta Queiroz Neto Isso porque, as telas geram 16,7 milhões de cores que sobrecarregam com testa variação de luminosidade o esfíncter da íris, musculatura que regula a entrada de luz pela pupila até a retina. Resultado - A sobrecarga interfere na acomodação visual e diminui a produtividade. “Dependendo da atividade de cada um é inviável ficar poucas horas em frente às telas. Por isso, Queiroz Neto afirma que a solução é administrar o uso”. A dica do oftalmologista é seguir a regra 20/20/20 - A cada 20 minutos, olhar para uma distância de 20 pés equivale a 5 ou 6 metros durante 20 segundos.
Outra dica de Queiroz Neto é
piscar voluntariamente. Isso porque, explica, normalmente piscamos cerca de
vinte vezes por minuto e na frente do monitor de seis a sete vezes e isso
também diminui a lubrificação dos olhos.
Para crianças, o
oftalmologista salienta que o ideal é instalar os equipamentos em um local com
boa iluminação natural. Isso porque, há evidências científicas de que a luz
emitida pelo sol estimula a produção de dopamina e regula o crescimento axial
do olho, maior entre míopes. “O ideal é que as crianças sejam estimuladas a
praticar pelo menos 2 horas de atividades externas em horário de grande luminosidade”,
ressalta. Isso porque, já está comprovado que o excesso de esforço visual para
perto até os 10 anos de idade, período em que o olho está em desenvolvimento,
predispõe à miopia, dificuldade de enxergar de longe. A miopia em si não é
problema. Em crianças pode ser corrigida com óculos ou lente de contato. A progressão acima de 6 dioptrias aumenta o
risco de glaucoma, descolamento de retina e degeneração miópica importantes
causas de cegueira na idade adulta, conclui.
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