Mulheres com rotina entre 150 e 300
minutos de exercício também têm menos AVC e menor risco de sofrer qualquer
evento cardiovascular
A doença cardiovascular é a principal causa de morbidade e
mortalidade na população feminina. Além dos fatores de risco tradicionais como
diabetes mellitus, hipertensão arterial, colesterol alto, dieta inadequada,
tabagismo, obesidade e sedentarismo, existem os fatores de risco específicos da
mulher: doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico e
psoríase), síndrome dos ovários policísticos, tratamento do câncer de mama,
menopausa, depressão e ansiedade.
Não é surpresa que o exercício físico é um grande aliado na busca
de saúde e longevidade, mas quando o assunto é saúde cardiovascular na mulher,
a prática regular de atividades ganha um protagonismo fundamental devido aos
inúmeros benefícios para o coração. Um estudo publicado no Journal of the
American College of Cardiology (JACC - Jornal do Colégio Americano de
Cardiologia, em tradução) aponta que mulheres que fazem exercícios físicos têm
24% menos chance de óbito por qualquer causa em comparação com as que não
praticam.
“Há também um risco reduzido de 36% de ataque cardíaco fatal,
acidente vascular cerebral ou outro evento cardiovascular, enquanto os homens
têm um risco reduzido de 14%. O estudo concluiu que, mesmo quando mulheres e
homens praticam a mesma quantidade de atividade física, o risco de morte
prematura é menor para elas”, informa Dra. Cristina Milagre, cardiologista e
médica do esporte do Hcor.
Entretanto, ainda existem alguns obstáculos que impedem a prática
contínua de exercício físico das mulheres como, por exemplo, as barreiras
econômicas, socioculturais e práticas. “É muito comum ouvirmos delas que não
têm tempo, ou que não têm dinheiro, ou até mesmo que não confiam em algumas
instalações por não se sentirem acolhidas e seguras. É importantíssimo que
ocorram intervenções o quanto antes para mudarmos essa realidade” aponta.
Segundo a American Heart Association (AHA - Associação Americana
do Coração, em tradução), são 8 os fatores essenciais para ter uma boa saúde
cardiovascular: dieta equilibrada, atividade física, não tabagismo, índice de
massa corporal, pressão arterial controlada, lipídios e glicemia dentro do
normal e, por fim, saúde do sono. Porém, é preciso que as mulheres tenham
cuidado com os fatores de risco não modificáveis.
“Durante a gravidez, os exercícios físicos podem neutralizar os
fatores de risco cardiovasculares. Mulheres que se exercitam conforme o
recomendado têm um risco 30% menor de desenvolver distúrbios hipertensivos da
gravidez e apresentam um perfil de risco cardiovascular reduzido na perimenopausa.
Já a menopausa apresenta um declínio nas concentrações de estrogênio, levando a
adaptações cardiometabólicas negativas e aumentando o estado inflamatório. As
atividades físicas revertem essas adaptações”, reforça a Dra. Cristina.
A receita para prevenir qualquer doença é uma rotina saudável e
autocuidado. A maioria dos fatores de risco é modificável e está relacionado ao
estilo de vida. A especialista alerta ainda que os exames de rotina anuais
também são muito necessários para detectar previamente qualquer alteração.
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