Com aproximadamente
30 mil novos infectados por ano, o Brasil está em segundo lugar em números de
casos. Doença tem cura e tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo SUS
A hanseníase é uma condição que
durante muitos anos foi conhecida como lepra, e seu diagnóstico fazia com que
os pacientes fossem vítimas de preconceito, por ser uma doença crônica e
transmissível. Ela é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, que
atinge a pele, além disso, também pode fazer com que o paciente perca a força
muscular e a sensibilidade ao toque e a dor. “Existem vários tipos de
hanseníase que estão relacionadas à forma como o organismo reage ao seu vírus
causador. Entre elas estão: a hanseníase tuberculoide, que são manchas ou
placas de até cinco lesões bem definidas; a virchowiana que é a forma mais
comum, apresentando dificuldade para separar a pele normal da danificada,
podendo comprometer nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos; a bordeline
ou dimorfa, onde há erupções e placas, acima de cinco lesões com bordas
indefinidas e por último temos a hanseníase indeterminada, que é o seu estágio
inicial com um número de até cinco manchas de contornos mal definidos”, explica
Milton Alves Monteiro Junior, enfermeiro infectologista e coordenador do
serviço de controle de infecção hospitalar do HSANP.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o segundo lugar mundial
em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Uma pesquisa
feita pela OMS aponta que em 2017, enquanto nesse país houve 26.875 infectados,
a Índia teve 126.164. Nos últimos dez anos, foram registrados no Brasil cerca
de 30 mil casos novos anualmente. “De uma forma geral, ela tem cura, mas caso o
paciente não busque tratamento a doença pode deixar sequelas pelo resto da vida
como limitações físicas, fraqueza muscular e até mesmo a perda do movimento das
mãos”, alerta.
Diagnóstico e tratamento
Milton explica que o diagnóstico é feito de maneira clínica por meio de exames dermatológicos, em que se analisa a pele e os nervos, além de serem feitos testes de sensibilidade e força muscular. “A transmissão ocorre quando um paciente com hanseníase em estágio contagioso e sem tratamento elimina o vírus e o dissemina para pessoas com probabilidade de adoecer. As formas de propagação são por vias respiratórias como espirro, tosse e pela utilização de objetos usados por quem está infectado ou contato muito próximo e prolongado com ele”, acrescenta.
O tratamento é disponibilizado de maneira gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é realizado com uso de medicamentos antibióticos que têm como função matar a bactéria causadora da enfermidade. Após ser iniciado, em apenas quatro dias a pessoa deixa de ser capaz de transmiti-la para outros indivíduos. ‘’A utilização dos remédios costuma ser prolongada podendo durar mais de um mês e de forma alguma deve ser interrompida, pois há um grande risco de tornar a bactéria resistente aos antibióticos disponíveis no mercado”, orienta.
“Quem vive com portadores da
hanseníase deve ter como estilo de vida o costume de se proteger, entre eles
tomar a vacina BCG, que é a mesma aplicada no nascimento contra a tuberculose,
pois seu uso fortalece o sistema imunológico e consequentemente ajuda a barrar
o desenvolvimento do bacilo de Hansen, vírus que causa a hanseníase. Uma outra
medida de prevenção é a melhora da qualidade de vida das pessoas, pois
habitações superpovoadas, más condições de higiene e desnutrição formam a
combinação ideal para a disseminação da doença”, finaliza o especialista.
HSANP -
Hospital referência na Zona Norte da Grande São Paulo
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