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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Vacina contra COVID-19: você se sente seguro para imunizar seu filho?


Pediatra explica segurança vacinal e seu reflexo na população infantil


O nosso corpo nasce com um verdadeiro exército que o defende de micro-organismos. Há barreiras físicas, como cílios, lágrimas e muco e outras invisíveis a olho nu: os nossos anticorpos.

As vacinas são formas de treinar esse exército para que saiba como, quando e contra quem lutar. Extremamente seguras, as vacinas salvam a vida de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo anualmente e são desenvolvidas seguindo rígidos protocolos de segurança.

Neste ano, diversas farmacêuticas estão em uma verdadeira corrida para tentar descobrir uma vacina contra o novo coronavírus e, dessa forma, tentar conter a pandemia de COVID-19. Nesta semana, a norte-americana Pfizer anunciou que teve 90% de sucesso na imunização de pacientes voluntários.

Nas redes sociais, uma pergunta figura no feed de tempos em tempos: você teria coragem de tomar uma vacina contra a COVID-19? E de vacinar seus filhos?

A discussão tem sido alvo de disputa política e discussões acaloradas. "Acredito que as vacinas são seguras e estejam passando pelos protocolos necessários, mas é importante destacar que a maioria das crianças foi marginalizada e seguem fora dos estudos das vacinas", alerta o médico pediatra Dr. Paulo Telles, especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

O caminho para a vacinação pediátrica, segundo o médico, exigirá uma expansão gradual de grandes testes com adultos e adolescentes e, em seguida, em crianças mais novas. "A vacina da Pfizer foi aprovada pelo FDA para ser testada em crianças a partir dos 12 anos. Nenhum estudo está sendo feito com crianças abaixo dos 5 anos de idade!"

Será necessário uma série de estudos robustos sobre eficácia e segurança do imunizante e avaliação criteriosa sobre os efeitos colaterais antes de chegar ao público infantil.

Para o Dr. Paulo, o ponto mais importante a ser discutido é o risco da vacina versus os riscos da COVID-19 em crianças.

 

"Quase um ano após o primeiro caso de infecção que, nas crianças, a doença é leve, sem maiores riscos e sem diferença em termos de gravidade e complicações quando comparados a outros quadros virais aos quais nossos filhos são expostos há séculos e com os quais convivem muito bem", diz o médico.

Em média, crianças que frequentam escolas podem ter de 8 a 15 casos virais por ano sem precisarem ser isoladas. "Com isso, quero dizer que não podemos tolerar nenhum efeito colateral nos testes das vacinas, já que a COVID-19 é benigna em crianças. E os números provam isso: dos 1,1 milhões de testes positivos no Brasil, 2,5% foram em crianças até 9 anos e só 0,1% dos óbitos foi neste público, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo", destaca Dr. Paulo.

Todos os especialistas concordam que os dados pediátricos são vitais para o lançamento da vacina e o licenciamento de uma imunização para uso no público infantil não pode ser baseado só em dados de adultos.

"As vacinas mudaram o curso da mortalidade infantil ao longo do último século e sou 100% a favor delas, mas neste caso, precisamos pensar no quanto os pais se sentem confortáveis em inscrever seus filhos para uma vacina experimental e devemos reforçar a importância da vacinação contra outras doenças", destaca o pediatra, lembrando que os índices de vacinação nas crianças caíram abruptamente em 2020.

"Optar por não vacinar a criança não é uma decisão individual, mas sim coletiva, porque pode atingir toda a sociedade e permitir a volta de doenças já eliminadas da circulação, como aconteceu com o sarampo em nosso país", lembra o médico, "é fundamental levar informação, quebrar conceitos errados, preconceituosos e lutar contra a desinformação das redes sociais".

É fundamental desenvolver na população a importância da saúde coletiva para a erradicação de doenças, uma vez que lutamos há séculos contra agentes invisíveis e, "neste momento de pandemia, sentimos na pele e de forma radical como nossas vidas são frágeis e como precisamos pensar na saúde de forma coletiva".

 


Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles  • Formado pela Faculdade de medicina do ABC  • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP  • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP  • Título de Especialista em Pediatria pela SBP  • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP  • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012  • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.

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