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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Conheça mitos e verdades sobre a atrofia vaginal, condição que afeta mais de 60% das mulheres na menopausa¹

 Pacientes não sabem que há tratamento e relatam impacto negativo na sexualidade e autoestima²


O último mês foi marcado por movimentos de conscientização em prol da saúde feminina, como o Outubro Rosa e o Dia Mundial da Menopausa. Esses movimentos são realizados em escala global a fim de orientar mulheres sobre o conhecimento do próprio corpo e incentivar a busca por um especialista, considerando que mais de 6,5 milhões de brasileiras não vão ao consultório de um médico ginecologista com frequência³. Mais do que isso: o público feminino desconhece grande parte das doenças que podem afetar a sua saúde reprodutiva e sexual, além de não entender a fundo as fases pelas quais irão passar, da menarca à menopausa.

A menopausa, por exemplo, é denominada como a última menstruação da mulher e costuma vir acompanhada de ondas de calor e sudorese, perda de massa óssea e atrofia vaginal - uma condição decorrente da diminuição na produção de estrogênio e que afeta entre 60% e 80% das mulheres na menopausa¹. Também chamada de síndrome geniturinária da menopausa, ela se manifesta principalmente por meio de secura vaginal, além de coceira, ardência e dor durante relações sexuais. Esses sintomas possuem impacto direto na saúde, qualidade de vida e bem-estar da mulher, apresentando efeitos negativos na vida sexual de até 85% das pacientes1,2

Para ajudar a iluminar o território da atrofia vaginal, o Dr. Luciano de Melo Pompei, presidente Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC), esclarece abaixo os principais mitos e verdades sobre a condição.


Qualquer ressecamento no período da menopausa corresponde a atrofia vaginal.

Mito. Segundo o Dr. Luciano, "apesar de ser a causa mais comum, nem sempre a sensação de ressecamento no período da menopausa significa uma atrofia da vagina. O ressecamento pode ocorrer devido ao tabagismo; medicamentos e tratamentos oncológicos; infecções vaginais e urinárias; além de problemas de natureza psicológica. Na presença dessa sensação, a paciente deve procurar seu médico ginecologista para avaliação clínica".


Toda mulher sofre com atrofia vaginal na menopausa.

Depende. "A atrofia e o ressecamento vaginal são pouco frequentes logo no início da menopausa. Entretanto, os sintomas vão aumentando e piorando com o passar dos anos. Por volta de três anos depois da última menstruação, quase metade das mulheres se queixam de ressecamento. Entre dez a quinze anos depois da menopausa, essa taxa sobe para a grande maioria das mulheres. Então, com o avanço da idade, aumentam as chances de a mulher vivenciar a atrofia vaginal", explica Dr. Luciano.


É possível prevenir a atrofia vaginal.

Verdade. "O surgimento da atrofia vaginal é relacionado à diminuição dos hormônios sexuais femininos, que é irreversível", comenta Dr. Luciano. "Entretanto, a realização de tratamentos de reposição hormonal pode dificultar o surgimento e manifestações da atrofia vaginal".


A atrofia vaginal relacionada à menopausa não tem cura.

Verdade. "A diminuição na produção dos hormônios endógenos é um processo natural do organismo feminino, toda mulher passa por isso e é irreversível. A mulher na menopausa não volta a produzir esses hormônios, mas é possível realizar um controle constante para equilíbrio dos níveis hormonais no corpo. Existem tratamentos com base na reposição hormonal, ou no uso tópico a partir de cremes ou óvulos vaginais de hormônios, além dos recentes hidratantes vaginais. Há também quem busque intervenções com laser e radiofrequência para estimular a melhora do colágeno da vagina e a proliferação da mucosa", elucida Dr. Luciano.


O lubrificante íntimo ajuda a tratar a atrofia vaginal.

Mito. Segundo Dr. Luciano, "o lubrificante é uma substância desenvolvida para possibilitar o ato sexual quando não há presença de lubrificação natural ideal para a relação. Ele não tem nenhuma característica que propicie retenção de líquido e recuperação da mucosa vaginal, por isso seu uso deve ser restrito ao ato sexual".


O hidratante vaginal é um grande aliado da mulher com atrofia vaginal.

Verdade. "O hidratante vaginal tem propriedades de bioadesão à mucosa vaginal e grande capacidade de retenção de água, o que acaba contribuindo para a recuperação da sua elasticidade e também para a manutenção do pH vaginal. É um tratamento que oferece rápido alívio dos sintomas da atrofia vaginal", explica Dr. Luciano.


A paciente com atrofia vaginal pode ter prazer em relações sexuais e uma boa qualidade de vida.

Verdade. "Caso a mulher identifique manifestações da atrofia vaginal, ela deve procurar o médico ginecologista, que fará um breve exame clínico para diagnóstico do problema e irá indicar o melhor tipo de tratamento para aquele momento de vida da mulher, levando em consideração tanto o conforto físico quanto o bem-estar emocional da paciente", aponta Dr. Luciano.

"É essencial disseminarmos informações de qualidade para que as mulheres entendam os processos do corpo feminino, o papel dos hormônios e o impacto de suas alterações, naturais ou não. Muitas mulheres não sabem que a atrofia vaginal ocorre por conta da diminuição de hormônios no período da menopausa. É importante conversar com o médico especialista para gerar essa conscientização e instituir medidas de prevenção e tratamento a fim de manter a qualidade de vida da mulher", finaliza Dr. Luciano.

 



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Referências

1. Kingsberg SA, Wysocki S, Magnus L et al. Vulvar and vaginal atrophy in postmenopausal women: findings from the REVIVE (REal Women's VIews of Treatment Options for Menopausal Vaginal ChangEs) survey. J Sex Med. 2013;10(7):1790-9.

2. The North American Menopause Society (NAMS). The 2020 genitourinary syndrome of menopause position statement of The North American Menopause Society. Menopause. 2020;27(9):976-992.

3. Pesquisa Expectativa da Mulher Brasileira Sobre Sua Vida Sexual e Reprodutiva: As Relações dos Ginecologistas e Obstetras Com Suas Pacientes. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Instituto Datafolha. 2018.

*Parágrafos não referenciados correspondem à prática clínica e/ou opinião do autor


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