O investimento
anjo alcançou a marca de R$ 1,067 bilhão investidos em 2019, um aumento de 9%
em relação a 2018
O volume de
investimento no Brasil é apenas 0,85% do que é investido em startups nos
Estados Unidos que somam aproximadamente U$ 23,9 bilhões anualmente
Dados fazem parte
da série histórica da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil.
Expectativa dos
investimentos para 2020 é de recuo com relação a 2019 se não houver equiparação
no tratamento tributário.
O investimento anjo alcançou a marca de R$ 1,067
bilhão investidos em 2019, um crescimento de 9% em relação ao ano de 2018,
recuperando a queda de 0,4% de 2018 em relação ao volume aportado em 2017. O
volume ultrapassou a barreira de bilhão pela primeira vez desde o início da série
histórica (2010). O número de investidores apresentou um crescimento expressivo
de 6% chegando a 8.220. Tanto o volume de investimentos como o número de
investidores ultrapassando as projeções efetuadas no ano anterior. Os dados
fazem parte da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil (www.anjosdobrasil.net), organização sem
fins lucrativos que fomenta o investimento anjo e apoia o empreendedorismo
inovador no país.
A pesquisa também levantou a perspectiva dos
investidores para 2020 após o início da pandemia e os resultados indicam uma
queda de pelo menos 10% em relação a 2019 se não houver nenhuma ação para
reverter a mesma. Quando consideramos que, antes da pandemia a projeção era de
2020 apresentar um crescimento percentual no volume investido maior que o
ocorrido no ano anterior, estima-se uma perda relativa acima de 20%. Cassio
Spina, presidente e fundador da Anjos do Brasil comenta: "Apesar dos bons
resultados de 2019, infelizmente a perspectiva para 2020 é bastante negativa,
em especial considerando que, enquanto diversos investimentos são incentivados,
o em startups é duplamente tributado. Além do imposto sobre os ganhos de
capital, as eventuais perdas não podem ser deduzidas. Percebemos que é urgente o
estabelecimento da equiparação de tratamento tributário e a criação de
mecanismos de incentivo, como por exemplo os existentes no Reino Unido, Itália
e Espanha, países nos quais, além de isenção, se permite a compensação de até
50% do valor investido em startups nos impostos devidos."
Conforme explica o executivo, hoje, o volume de
investimento no Brasil é apenas 0,85% do que é investido em startups nos
Estados Unidos, que somam
aproximadamente 23,9 bilhões de dólares anualmente.
Apesar da evolução que tivemos na última década no volume de investimento anjo,
ainda estamos muito aquém do que nosso potencial. Considerando a relação do PIB
dos países é de cerca de 10x, o investimento anjo no Brasil deveria ser de pelo
menos R$ 12 bilhões. Para que o Brasil atinja todo seu potencial é necessário a
criação de políticas públicas de fomento ao investimento em startups com ocorre
nos países com ecossistemas mais dinâmicos.
Corroborando a necessidade de promoção do
investimento anjo, reproduzimos a tradução das conclusões contidas na página 94
do estudo de julho de 2020, Sharing good practices on Innovation: understanding
selected European startups ecosystems to foster innovative entrepreneurship in
Brazil” – Dialogues EU-Brazil, elaborado em parceria pelo governo brasileiro e
a comunidade Europeia,
“COMPARTILHANDO BOAS PRÁTICAS EM INOVAÇÃO
Além disso, na Itália existe uma política para
promover o ecossistema empreendedor com duas linhas de ação bem definidas, por
um lado, suporte para startups em cada uma das fases e, por outro lado, mais
apoio aos chamados projetos inovadores PME, sendo essas definições incluídas no
ISA, oferecendo:
a. Incentivos fiscais para investidores em sementes
e em estágio inicial: os indivíduos podem deduzir imposto de renda 30% dos
investimentos em ações em startups de até € 1 milhão;
b. Empresas limitadas podem deduzir de sua base
tributária 30% dos investimentos até 1,8 milhões de euros;
c. Financiamento da dívida: acesso facilitado a
fundos públicos para as PME (aproximadamente 1 € bilhões de empréstimos já
concedidos em 5 anos;
d. Produtos subsidiados de financiamento público.
As leis de incentivo podem ser um fator poderoso
para impulsionar a inovação em um país. Em uma pesquisa recente, 70,49% dos
empresários entrevistados relataram que a criação de leis de incentivo que
tragam benefícios fiscais para startups e empresas com inovações soluções seria
a iniciativa que mais contribuiria para o empreendedorismo inovador no Brasil.
Portanto, a adoção de medidas semelhantes às
contidas no ISA seria efetivamente benéfico para o desenvolvimento do
ecossistema brasileiro e tem potencial para gerar grande impacto, sendo essa
medida algo já altamente esperada pelos empreendedores, pois reduz
significativamente os custos e riscos envolvido nos negócios.”
O investimento em startups é de alto risco e
precisa, no mínimo, ter tributação equiparada a de outros investimentos de
menos risco. No último dia 5 de junho, o governo federal publicou o Decreto
10.387/20, estendendo os benefícios fiscais previstos na Lei 12.431/11 aos
projetos de infraestrutura com impactos socioambientais positivos, concedendo
isenção fiscal para investimentos nestes setores através de emissão de
debentures, entretanto, este incentivo não abarca investimento em startups, que
são tão importantes quanto estes outros setores na recuperação econômica, pela
inovação que geram. O relatório completo da pesquisa está publicado em www.anjosdobrasil.net/blog
ANJOS
DO BRASIL
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