No processo alimentar, é comum, desde a infância, termos preferências na hora de comer, sejam elas baseadas no gosto e na aparência do alimento ou até mesmo em questões relacionadas à religião ou à filosofia de vida. As restrições, porém, devem virar um sinal de alerta quando passam de um simples processo de escolha para algo mais severo e capaz de trazer malefícios à saúde.
É que, segundo a psicóloga do Hospital Edmundo
Vasconcelos, Marina Arnoni Balieiro, quando a rotina alimentar ganha um perfil
extremamente limitado, ela pode ser classificada como transtorno alimentar
restritivo evitativo (TARE), um distúrbio que implica consequências
nutricionais, comportamentais e sociais.
“É preciso salientar que esse distúrbio alimentar
não está ligado à deturpação de imagem ou à preocupação com o peso. No caso do
TARE, a pessoa tem uma alimentação extremamente restritiva que a leva a só
comer alimentos de cores específicas, por exemplo, e a sofrer pelas interferências
do transtorno em suas relações sociais e pelas complicações provocadas pelas
deficiências nutricionais”, conta.
As consequências à saúde podem prejudicar o
desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico. Para amenizar essas complicações,
Marina destaca a importância de um tratamento específico, cujo intuito é
introduzir novas opções de alimentos na rotina, e consequentemente, melhorar a
saúde física e mental do paciente.
“O tratamento é feito por uma equipe
multidisciplinar, que pode envolver psicólogos, nutricionistas, médicos e até
mesmo fonoaudiólogos. Como o distúrbio envolve aspectos físicos e
comportamentais, é preciso dessa rede para melhorar a qualidade de vida do
paciente”, explica.
Apesar de não ser algo definitivo para o
desenvolvimento do TARE, a psicóloga destaca a importância da boa relação com a
comida desde a infância para evitar quadros de restrição. “É esperado que,
durante a etapa de descoberta alimentar, a criança passe por diferentes fases
em sua relação com a comida e, para isso, a forma como o alimento é apresentado
é de extrema importância. É interessante que haja contato real com o que se
come, sem distrações nas refeições, o que torna a experiência da alimentação
mais prazerosa”, conclui.
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