Consultas remotas podem resolver muitos conflitos que afetam grande parte dos pacientes
Os obstáculos que
pacientes com mieloma múltiplo enfrentam durante a pandemia foram evidenciados
em uma pesquisa realizada na América Latina e conduzida no Brasil pela ABRALE
(Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), em parceria com a Amgen. O
levantamento demonstrou que a dificuldade para falar com um médico profissional
e a distância dos hospitais foram os maiores impasses que os indivíduos
encontraram no novo normal que vivenciamos. [1]
Dentre as dificuldades identificadas, 37% dos
entrevistados, isto é, um em cada três pacientes alegaram ter problemas com as
instalações de tratamento devido a conflitos relacionados à pandemia,
transporte e distância.
Foram entrevistados cerca de 300 pacientes no
Canadá e América Latina com o objetivo de descobrir dados inéditos da doença a
fim de fornecer uma visão geral da condição dos pacientes, inclusive, o impacto
socioeconômico e o difícil acesso ao tratamento. ‘’Nesse momento tão delicado,
é importante que os pacientes com mieloma múltiplo sejam ouvidos por
profissionais da saúde que deem total assistência para tornar essa luta menos
difícil e, é fundamental que os médicos orientem da melhor forma as medidas de
precaução que devem ser tomadas para que não haja interrupção do tratamento’’
afirmou Merula Steagall, presidente da ABRALE.
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer
hematológico que tem início na medula óssea quando, no momento em que os
linfócitos B estão se diferenciando, acontece um erro e eles se tornam
plasmócitos anormais [2]. Pacientes em tratamento são considerados grupo
de risco e devem manter o isolamento social durante a pandemia para diminuir as
chances de contágio ao vírus COVID-19 [3].
A pesquisa aponta que a idade média dos
entrevistados é de 58 anos, ou seja, esses pacientes fazem parte do grupo de
risco por serem idosos e imunodeprimidos, por essas razões, a Organização
Mundial da Saúde recomenda o distanciamento social, uso de máscaras e hábitos
de higiene reforçados. Uma solução viável encontrada para diminuir as
consequências dos impactos na vida do paciente seria o uso da telemedicina,
assim, evitando conflitos de agendamento e problemas com o transporte.
A evolução do
controle do mieloma
No Brasil, a doença é um grande desafio para os
pacientes e profissionais de saúde, especialmente, pela dificuldade do
diagnóstico precoce da doença. A doença pode ser assintomática ou ter sintomas
agressivos como dores e fraturas ósseas, além do cansaço excessivo, que podem
ser confundidos com outras patologias.
O mieloma múltiplo é um câncer que não tem
cura, entretanto, a medicina e a ciência vêm trazendo perspectivas para o
paciente viver com qualidade de vida e sem a progressão da doença. Quando a
doença é descoberta nos estágios iniciais, com os atuais tratamentos, entre 50%
e 60% das pessoas conseguem alcançar a remissão [3], ou seja, a doença
fica indetectável nos exames, embora seja necessário controle com medicamentos.
Recentemente, a revista Lancet publicou um novo estudo demonstrando que uma nova combinação
de tratamentos pode melhorar ainda mais essa curva - trazendo uma taxa quase 10
vezes maior para um paciente atingir a resposta residual mínima em um período
de 12 meses, que significa o número de células cancerígenas detectáveis durante
ou após o tratamento de determinada doença e que define as chances de um
paciente alcançar a remissão da doença.
Referências:
[1] Multiple Myeloma Treatment Access Obstacles
due to COVID-19 Pandemic and other Factors in LATAM and Canada survey results,
2020.
[2]Manual ABRALE Mieloma Múltiplo, pág 10. http://www.abrale.org.br/docs/manual-mieloma-multiplo.pdf
[3] http://www.abrale.org.br/revista-online/tratamento-do-mieloma-multiplo/
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