Estigmas
relacionados à doença impactam na qualidade de vida dos pacientes que se sentem
inseguros devido à imprevisibilidade da ocorrência de crises e precisam lidar
com a falta de compreensão das pessoas sobre o tema
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia atinge mais de 50 milhões de
pessoas no mundo, com estimativa de que 3,5 milhões não recebem ou não fazem o
tratamento adequado. A falta de informações e estigmas associados à doença
impactam na qualidade de vida dos pacientes que, muitas vezes, não procuram
ajuda, encontram dificuldades para se inserir na sociedade ou até mesmo
conseguir um emprego. Para mudar essa perspectiva, datas como o Dia Nacional e
Latino-Americano de Conscientização sobre Epilepsia, comemorado no dia 9 de
setembro, são importantes formas de chamar atenção para o tema e alertar a
respeito de especificidades da doença.
A epilepsia é
caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são
recorrentes e geram as crises epiléticas. "É como se alguma área do
cérebro tivesse um curto circuito, um desarranjo na parte elétrica",
explica a neurologista Irina Raicher, gerente médica da Zodiac. Um dos sintomas
mais conhecidos, e que costuma assustar quando presenciado, é a convulsão,
marcada por movimentos rítmicos involuntários de membros, braços e pernas,
mordedura da língua e salivação intensa. Mas a neurologista alerta: "não
necessariamente uma pessoa que tem uma convulsão é epiléptica. Para o
diagnóstico, é preciso ter pelo menos duas crises epilépticas não provocadas em
um intervalo maior de 24 horas ou diagnóstico clínico feito pelo médico. Lembrando
que as crises também podem ser sutis, mais fracas, como breves desligamentos
como em uma parada comportamental, na qual a pessoa fica um tempo sem
responder, com o olhar parado, por exemplo".
É justamente a
imprevisibilidade da ocorrência das crises que causa insegurança em quem
apresenta a doença. Esse fator somado ao preconceito e os mitos que existem,
faz com que muitos se privem de ter uma rotina comum. Mas, de acordo com a Liga
Brasileira de Epilepsia, até 70% dos indivíduos com epilepsia têm suas crises
controladas com medicamentos antiepilépticos. "Dessa forma, a qualidade de
vida é preservada, tornando possível acompanhar a escola normalmente, fazer um
curso superior, se desenvolver em uma profissão, como todos os outros",
afirma Irina. "Também existem casos mais graves da doença, em menor
porcentagem".
Além disso,
afirmações como "epilepsia é uma doença contagiosa", "pessoa com
epilepsia não deve praticar atividade física, muito menos dirigir",
"pacientes com epilepsia têm dificuldade mental" são grandes mitos
que precisam ser desconstruídos. No que diz respeito às atividades físicas, por
exemplo, desde que não envolvam esportes radicais, há estudos que comprovam os
efeitos benéficos tanto físicos quanto psicológicos, podendo promover a recuperação
da autoconfiança e eliminando o medo de que novas crises aconteçam.
Tratamento da
epilepsia
Ao contrário do que
muitos dizem, alguns tipos de epilepsia têm cura e os sintomas podem ser
controlados por medicamentos. Para o tratamento ser bem-sucedido, é necessário
existir um comprometimento e um certo rigor do paciente. Segundo Irina, um modo
de garantir uma maior eficácia é envolvê-lo nas tomadas de decisões clínicas,
deixando que ele escolha a opção que melhor se adeque ao seu organismo, dia a dia
e realidade. Entretanto, a construção dessa relação de decisão compartilhada
entre paciente e médico requer que mais informações confiáveis sobre a doença
estejam disponíveis para as pessoas. "Essa questão de participar das
escolhas envolve tudo, desde saber os eventos adversos de cada medicamento até
conhecer o quanto cada um pode proporcionar mais qualidade de vida. As decisões
abrangem também o custo do tratamento, que é um importante fator de adesão ao
tratamento", afirma Irina.
O que fazer
Caso presencie uma
crise, a primeira coisa a se fazer é colocar a pessoa de lado e afastá-la de
possíveis perigos. Se possível, leve-a para um lugar seguro. Se não houver a
presença de traumas, coloque um travesseiro embaixo da cabeça para evitar
ferimentos. Caso identifique algum trauma, não movimente a região da cervical.
Mantenha-se ao lado dela até ela acordar. Se o episódio durar mais que cinco
minutos, chame um serviço de emergência. Não dê nenhuma medicação para a
pessoa, isso deve ser feito por uma equipe de saúde especializada. E o mais
importante, contrariando a sabedoria popular, não introduza nenhum objeto na
boca da pessoa e nem tente segurar a língua.
Zodiac Produtos Farmacêuticos
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