A disfunção, potencialmente fatal, requer sensibilidade na detecção precoce dos sinais para uma rápida atuação
Também conhecida como
infecção generalizada, a sepse é caracterizada por um conjunto de manifestações
graves em todo o organismo produzidas em resposta à evolução de um quadro
infeccioso. Geralmente causada por bactérias e vírus, como em alguns casos mais
graves da Covid-19, a disfunção faz com que o sistema circulatório não consiga
suprir as necessidades sanguíneas de órgãos e tecidos, levando a uma condição
potencialmente fatal.
De acordo com Niedja
Curti, Gerente Médica do Hospital Municipal Evandro Freire/ CER-Ilha,
gerenciado pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João
Amorim"), a relação entre a sepse e o coronavírus surge por meio de
estudos recentes sobre os casos clínicos observados desde o início da pandemia.
"Uma pesquisa
feita pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo) revelou
que os mediadores que causam lesões no pulmão e no coração, conhecidos como
NETs (Neutrophil Extracellular Traps) também estão presentes no vírus da
Covid-19", explica. No entanto, segundo a especialista, embora haja a
possibilidade de desenvolvimento da sepse em pacientes com a doença,
informações obtidas até o momento indicam que são poucos os casos que evoluem
nesse sentido.
Ela ainda destaca que
os sintomas de pacientes graves do novo coronavírus podem ser semelhantes aos
causados pela sepse. No entanto, a disfunção pode acometer pessoas portadoras
de outros processos infecciosos, com riscos maiores de complicações clínicas.
Como identificar a
sepse?
A especialista explica
que nosso organismo atua constantemente se defendendo de agentes externos, uma
reação comum e que, em condições normais de saúde, pode ocorrer sem quaisquer
sintomas.
Já quando o corpo não
consegue fazer esse processo, a infecção faz com que o organismo lance
mecanismos de defesa que prejudicam suas funções vitais.
"Nesses casos, o
paciente pode apresentar sintomas como queda de pressão arterial, diminuição na
produção de urina, falta de ar, taquicardia, alteração de consciência, fraqueza
extrema e vômito", frisa Niedja.
Grupos de risco
Embora a probabilidade
seja maior em casos de pacientes que já se encontram hospitalizados, em
tratamento de um quadro infeccioso, a sepse pode se desenvolver em idosos acima
de 65 anos, bebês prematuros ou crianças com menos de um ano de vida e
pacientes com doenças crônicas, como insuficiência renal, cardíaca ou diabetes.
A médica reforça,
ainda, que as causas mais comuns que levam a essa disfunção são infecções nos
pulmões, na pele e no abdômen (no apêndice, nos intestinos, entre outros), além
de infecções renais e urinárias ou meningite.
Prevenção e
tratamentos
Um estudo feito pelo
Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) revelou que, no Brasil, a estimativa
de ocorrência dessa infecção chega a 670 mil casos por ano, sendo 50% fatais.
"A cura da doença
está diretamente ligada ao status clínico do paciente e a expertise da equipe
médica de atuação no caso", salienta a médica. Segundo ela, é necessário
que os profissionais tenham sensibilidade na detecção precoce dos sinais no
paciente para uma rápida atuação.
Além disso, a
disseminação de informação é fundamental. Com o objetivo de conscientizar os
profissionais de saúde e a população sobre os riscos da sepse e sua gravidade,
a Global Sepsis Alliance (GSA) instituiu o Dia Mundial da Sepse, comemorado em
13 de setembro.
A data visa gerar o
debate, fomentando a divulgação de medidas preventivas, tratamento e cuidados
que contribuam para reduzir os índices de letalidade. "A sepse não
acontece apenas no ambiente hospitalar. Por isso, para ajudar na prevenção é
importante evitar a automedicação, cultivar hábitos saudáveis e não fazer uso
desnecessário de antibióticos", finaliza.
Centro de Estudos e
Pesquisas "Dr. João Amorim" (CEJAM)
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