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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Entenda a relação entre a Sepse e a Covid-19

A disfunção, potencialmente fatal, requer sensibilidade na detecção precoce dos sinais para uma rápida atuação

 

Também conhecida como infecção generalizada, a sepse é caracterizada por um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas em resposta à evolução de um quadro infeccioso. Geralmente causada por bactérias e vírus, como em alguns casos mais graves da Covid-19, a disfunção faz com que o sistema circulatório não consiga suprir as necessidades sanguíneas de órgãos e tecidos, levando a uma condição potencialmente fatal.

De acordo com Niedja Curti, Gerente Médica do Hospital Municipal Evandro Freire/ CER-Ilha, gerenciado pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"), a relação entre a sepse e o coronavírus surge por meio de estudos recentes sobre os casos clínicos observados desde o início da pandemia.

"Uma pesquisa feita pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo) revelou que os mediadores que causam lesões no pulmão e no coração, conhecidos como NETs (Neutrophil Extracellular Traps) também estão presentes no vírus da Covid-19", explica. No entanto, segundo a especialista, embora haja a possibilidade de desenvolvimento da sepse em pacientes com a doença, informações obtidas até o momento indicam que são poucos os casos que evoluem nesse sentido.

Ela ainda destaca que os sintomas de pacientes graves do novo coronavírus podem ser semelhantes aos causados pela sepse. No entanto, a disfunção pode acometer pessoas portadoras de outros processos infecciosos, com riscos maiores de complicações clínicas.


Como identificar a sepse?

A especialista explica que nosso organismo atua constantemente se defendendo de agentes externos, uma reação comum e que, em condições normais de saúde, pode ocorrer sem quaisquer sintomas.

Já quando o corpo não consegue fazer esse processo, a infecção faz com que o organismo lance mecanismos de defesa que prejudicam suas funções vitais.

"Nesses casos, o paciente pode apresentar sintomas como queda de pressão arterial, diminuição na produção de urina, falta de ar, taquicardia, alteração de consciência, fraqueza extrema e vômito", frisa Niedja.


Grupos de risco

Embora a probabilidade seja maior em casos de pacientes que já se encontram hospitalizados, em tratamento de um quadro infeccioso, a sepse pode se desenvolver em idosos acima de 65 anos, bebês prematuros ou crianças com menos de um ano de vida e pacientes com doenças crônicas, como insuficiência renal, cardíaca ou diabetes.

A médica reforça, ainda, que as causas mais comuns que levam a essa disfunção são infecções nos pulmões, na pele e no abdômen (no apêndice, nos intestinos, entre outros), além de infecções renais e urinárias ou meningite.


Prevenção e tratamentos

Um estudo feito pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) revelou que, no Brasil, a estimativa de ocorrência dessa infecção chega a 670 mil casos por ano, sendo 50% fatais.

"A cura da doença está diretamente ligada ao status clínico do paciente e a expertise da equipe médica de atuação no caso", salienta a médica. Segundo ela, é necessário que os profissionais tenham sensibilidade na detecção precoce dos sinais no paciente para uma rápida atuação.

Além disso, a disseminação de informação é fundamental. Com o objetivo de conscientizar os profissionais de saúde e a população sobre os riscos da sepse e sua gravidade, a Global Sepsis Alliance (GSA) instituiu o Dia Mundial da Sepse, comemorado em 13 de setembro.

A data visa gerar o debate, fomentando a divulgação de medidas preventivas, tratamento e cuidados que contribuam para reduzir os índices de letalidade. "A sepse não acontece apenas no ambiente hospitalar. Por isso, para ajudar na prevenção é importante evitar a automedicação, cultivar hábitos saudáveis e não fazer uso desnecessário de antibióticos", finaliza.

 

 

Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" (CEJAM)

http://cejam.org.br/

 

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