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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Corrimento: automedicação pode agravar infecções vaginais que devem ser tratadas conforme o agente causador do problema

Fungos e bactérias presentes na flora vaginal, quando em desequilíbrio, podem causar corrimento. Eles precisam de medicamentos diferentes para o tratamento e a automedicação pode causar resistência ao patógeno. Além disso, as IST´s também têm esse sintoma e não devem ser tratadas sem orientação médica, causando danos à saúde da mulher


Todas as mulheres têm uma secreção fisiológica vaginal normal, que pode ser transparente ou esbranquiçada, composta por muco e micro-orgnismos protetores da flora vaginal. Por isso, é perfeitamente normal a mulher chegar ao final do dia com uma pequena umidade na calcinha.

A flora vaginal da mulher possui lactobacilos, sendo que o predominante é o cristato. Quando a concentração desse lactobacilo fica em menor quantidade, causa desequilíbrio na secreção vaginal e surge o que é chamado popularmente de corrimento, um aumento de líquido, que pode apresentar odor forte e mudança de cor (cinza ou esverdeada). “Nessa hora, é preciso ir ao ginecologista, para checar se há alguma doença e tratá-la”, aconselha a ginecologista, obstetra e mastologista Mariana Rosario.

Segundo ela, dentre os agentes mais comuns causadores das infecções vaginais estão o fungo Candida albicans e a bactéria Gardnerella vaginalis. Ambos são micro-organismos presentes na flora vaginal, que justamente crescem desordenadamente neste desequilíbrio citado acima.

No caso da candidíase, embora o habitat natural desse fungo seja dentro do sistema gastrointestinal, se o sistema imunológico da mulher estiver fraco, esse fungo pode viajar até a vagina e se proliferar por lá. Os sintomas são: coceira na vulva e na vagina, inchaço, ardência ao urinar e na relação sexual e um corrimento esbranquiçado, com odor característico, semelhante a água sanitária.

Já a gardnerella é uma bactéria comum da flora vaginal. Em desequilíbrio, ela causa corrimento amarelado a cinza, de odor desagradável, com bolhas e coceira. Esse desequilíbrio pode vir do uso de determinados medicamentos, estresse, alteração do pH vaginal e sexo praticado com múltiplos parceiros sem uso de preservativo.

O tratamento dos quadros sintomáticos agudos devem ser sempre orientados pelo ginecologista, porque apenas ele consegue identificar qual é o problema e indicar o tratamento correto. “Perceba que eles não são causados pelo mesmo patógeno (o mesmo ‘bichinho’) e, por isso, exigem medicamentos diferentes para serem combatidos. O erro acontece quando as mulheres tomam medicamentos que não combatem o problema e criam ou resistência bacteriana ou destroem a flora vaginal, porque acabam matando também os micro-organismos que protegem a área”, resume a médica.


IST´s e corrimento

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s) também são causadoras de corrimento. Por isso, é imprescindível que se procure um médico quando algo está fora do normal. “Imagine se a mulher decidir tratar um corrimento com um medicamento que tem em casa, achando que tem uma candidíase, e for portadora de gonorreia ou clamídia, por exemplo? As doenças podem não só piorar, como ela ser a transmissora do problema para outras pessoas”, alerta a médica.

Corrimento é coisa séria e merece atenção. “Com o tratamento adequado, a mulher se livra do problema. Não se deve confiar em propagandas de pomadas, que vendem livremente. O correto é procurar um médico”, defende a especialista.

 



Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.


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