Saúde lança campanha para sensibilizar a população quanto à importância da doação de órgãos. Transplantes são retomados sob protocolos rigorosos para garantir a segurança dos pacientes
O Ministério da Saúde divulgou, nesta
quinta-feira (24), o balanço sobre a doação de órgãos, tecidos e células e
transplantes realizados no país no primeiro semestre de 2020. Na ocasião também
foi lançada a Campanha Nacional de Incentivo à Doação, que este ano traz o
slogan “Doe órgãos. A vida precisa continuar”. A campanha tem como
objetivo sensibilizar a população quanto a importância da doação para salvar a
vida de muitas pessoas que aguardam por um transplante.
Neste momento de pandemia causado pelo coronavírus,
no mundo inteiro e no Brasil têm sido observadas queda nas doações de órgãos e
nas realizações de transplantes, tornando-se um desafio para os
países, tanto pelos esforços para manutenção das doações, quanto para garantir
a segurança das equipes de saúde e dos pacientes. A campanha se tornou ainda
mais necessária, tendo em vista o fato de que o Brasil contabilizava um número
crescente de transplantes nos últimos anos.
“O Ministério da Saúde,
junto aos estados e municípios, está empenhado em encontrar soluções para
superar os obstáculos impostos ao programa de transplante na pandemia. A
retomada dos procedimentos será subsidiada por protocolos rigorosos para
garantir a segurança de todos”, disse o ministro da Saúde, general Eduardo
Pazuello.
De janeiro a julho de 2019
foram realizados 15.827 transplantes. No mesmo período em 2020, o número de
procedimentos foi de 9.952. Alguns centros de transplantes, no entanto,
conseguiram manter suas unidades ativas e livres da Covid-19 e hospitais de
grande porte de transplantes, como o Hospital do Rim, em São Paulo, receberam
pacientes de centros menores para realização do procedimento com maior
segurança. No país, até 31 de julho, existiam 46.181 pacientes aguardando por
transplante.
Importante ressaltar que as
orientações para segurança de todos, fornecidas pelo Ministério da Saúde,
permitiram a continuidade de vários programas e não há relatos, até o momento,
de pacientes infectados durante a realização do transplante.
AÇÕES PARA RETOMADA
O Sistema Nacional de
Transplantes (SNT) incentivou as equipes de transplantes a acompanhar seus
pacientes por meio de consultas em plataforma digital. A medida visa minimizar
a circulação de pacientes portadores de doenças crônicas graves em unidades
hospitalares. Houve um cuidado extra das equipes de transplante na seleção do
paciente, buscando identificar possíveis portadores de Covid-19 assintomáticos
ou outras situações clínicas que pudessem aumentar o risco da cirurgia nesse
momento. Com a instituição deste novo protocolo, pacientes assintomáticos que
testaram positivo na chegada ao hospital não puderam realizar o procedimento, o
que obrigou as equipes a selecionar outro paciente para o transplante.
Outra ação do Ministério da
Saúde é o acompanhamento semanal dos dados junto às Centrais Estaduais de
Transplantes. A situação, no momento, parece ter se estabilizado. Centros
importantes que estavam inativos estão retomando as atividades, e retomamos a
captação de córnea em doador falecido por parada cardíaca.
QUEDA NOS PROCEDIMENTOS
A queda dos transplantes
começou a ser observada na segunda quinzena de março, quando a pandemia começou
no Brasil e seguiu os casos de notificação da Covid-19. Os estados mais
afetados, com sobrecarga no sistema de saúde, foram obrigados a reduzir ou,
algumas vezes, paralisar o programa de transplante. Contudo, à medida que a
situação ficou controlada, o programa foi retomado.
O balanço no período de
janeiro a julho deste ano apontou que aspectos como, logística de transporte de
equipes, órgãos e tecidos entre estados foi fortemente impactada pela redução
no número de voos comerciais. Os transplantes de medula óssea, pelo alto
impacto imunológico, tiveram redução em 25,82%, passando de 2.130 em 2019 para
1.580, em 2020. Os transplantes de coração caíram 25,10%, passando de 231, em
2019, para 173 neste ano, impactado pela dificuldade de logística, redução no
número de doadores e estrutura de UTI livre de Covid-19.
Ranking dos Transplantes mais Realizados |
|
||
Janeiro a Julho |
|
||
Brasil |
2019 |
2020 |
|
Rim |
3.569 |
2.759 |
|
Fígado |
1.282 |
1.169 |
|
Coração |
231 |
173 |
|
Pâncreas Rim |
74 |
55 |
|
Pulmão |
57 |
35 |
|
Pâncreas |
21 |
17 |
|
Intestino Isolado |
2 |
1 |
|
Multivisceral |
1 |
0 |
|
Total de Órgãos |
5.237 |
4.209 |
|
Córnea |
8.460 |
4.163 |
|
Medula Óssea |
2.130 |
1.580 |
|
Total Geral |
15.827 |
9.952 |
|
Fontes dos
Dados: Sistema Informatizado do Ministério da Saúde/ CETs - Centrais
Estaduais de Transplantes/ INCA/ TabWinDatasus |
|||
As doações de órgãos também
tiveram queda de 8,4% em relação aos dados de 2019. De janeiro a julho de 2020,
o país notificou 5.922 potenciais doadores de órgãos. No mesmo período em 2019
foram 6.466 doadores.
O Ministério da Saúde tem
observado tendência ao aumento dos consentimentos familiares para a doação de
órgãos no primeiro semestre de 2020, atribuindo o crescimento ao trabalho
voltado a divulgação de informações. “O aumento na taxa de autorização,
chegando este ano a uma média de 68,2%, é fruto de uma sociedade mais
consciente do seu papel e da importância do gesto de doar. Por isso, é
importante que os parentes e pessoas próximas saibam da vontade do seu familiar
em ser doador”, ressalta Pazuello.
ESTRUTURA
O Brasil possui o maior
programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é
garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de
cerca de 95% dos transplantes no país. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
é formado pelas 27 Centrais Estaduais de Transplantes; 13 Câmaras Técnicas
Nacionais; 594 estabelecimentos de saúde; 1.420 equipes de transplantes; 574
Comissões Intra-hospitalares de Doações e Transplantes; e 68 Organizações de
Procura de Órgãos e Tecidos (OPOs).
O Ministério da Saúde
repassa recursos para estados e municípios apoiando a qualificação dos
profissionais de saúde envolvidos nos processos de doação e transplante. O
orçamento federal para essa área mais que dobrou em 11 anos (2008-2019),
passando de R$ R$ 458,4 milhões para R$ R$ 1,089 bilhão. Os recursos
transferidos para o Plano Nacional de Implantação de Organizações de
Procura de Órgãos e Tecidos (OPO), no período de 2011 a setembro 2020,
foram de R$ 148,1 milhões. O repasse para o custeio do Plano Nacional de Apoio
às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (PNA-CNCDO), no
período de 2014 a setembro 2020, foram de R$ 67,5 milhões.
LOGÍSTICA
O Ministério da Saúde
permanece com a parceria firmada com as companhias aéreas comerciais e com a
Força Aérea Brasileira (FAB), por meio de Acordo de Cooperação Técnica, para o
apoio à logística de transporte aéreo. Juntas, as companhias aéreas e a FAB
transportaram 608 órgãos no primeiro semestre de 2020, sendo 497 por voos
comerciais e 111 pela FAB. Já no primeiro semestre do ano passado foram
transportados 696 órgãos, sendo 626 por voos comerciais e 70 pela FAB.
Essas parcerias são fundamentais para o sucesso do programa que exige uma
logística ágil e confiável para viabilizar a captação e o transplante para as
diferentes partes do país.
CAMPANHA
Todos os anos, no Dia
Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, em 27 de setembro, o Ministério da Saúde
lança uma nova campanha de conscientização sobre a importância da doação de
órgãos. As peças mostram a relação entre a espera da volta da vida ao normal
que vivemos antes da pandemia, com a espera de alguém que aguarda pela doação
de um órgão ou tecido para tornar possível fazer as coisas mais simples, como
respirar, ver e simplesmente viver. A campanha também destaca o fator
fundamental para tornar possível uma doação de órgãos e tecidos: a autorização
da família, estimulando que possíveis doadores conversem com seus familiares e
manifestem esse desejo.
A campanha conta com apoio
de diversos veículos de comunicação, com cessão de espaços publicitários
gratuitos. A veiculação terá início dia 24 de setembro e segue até 23 de
outubro, conta com filme, spot de rádio, peças de mídia exterior, peças de
internet e redes sociais.
Mais informações em www.saude.gov.br/doeorgaos
Lídia Maia
Ministério da Saúde
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