O Brasil é o país em que mais autoridades possuem foro privilegiado e benefícios na hora de julgamento
Depois de um longo período de investigação, a
Autoridade Policial, função exercida pelo Delegado de Polícia, chegou-se à
conclusão de que a esposa do pastor e deputada Flordelis teria sido a
mandante e a partícipe do bárbaro crime.
Um processo criminal inicia com a
investigação, que é conduzida pela Polícia Civil, na pessoa do Delegado. Ele
coordena os principais pontos e a coleta de provas para instruir uma denúncia
crime. "A autoridade Policial pode expedir ofícios, ouvir
testemunhas, interrogar o acusado. Quando deseja realizar uma busca e apreensão
ou prender alguém que não esteja em flagrante, requer ao juiz
competente com o parecer do Ministério Público, que também pode pedir
diligências. Tanto o Ministério Público como o Delegado trabalham juntos, para
os leigos, as funções muitas vezes se confundem. No caso da Deputada
Flordelis o inquérito investigatório já terminou, agora está
com o Promotor de Justiça decidir pela denúncia ou não" explica Marcelo
Campelo, Advogado especialista em direito empresarial.
Foram decretadas prisões preventivas,
pois deveriam haver indícios de fuga, coação de testemunhas ou
destruição de provas. Provavelmente, diante do poder dos envolvidos e da
possibilidade de influenciar as testemunhas, a Justiça decidiu por decretar a
preventiva, que não tem limite nem data para finalizar. Mas
existe uma regra processual que o processo criminal que possua réu preso
deve findar em seis meses. Terminar significa uma sentença de
primeiro grau. Nesse caso, como se trata de crime
contra à vida, não será possível ter o julgamento pelo tribunal
do júri em seis meses, mas a sentença de pronúncia, na qual um juiz decide
acerca da existência de crime contra a vida, essa decisão
deve ocorrer em seis meses sob pena de os réus serem liberados após esse prazo.
O que estranha a população é que a mandante, Deputada
Flordelis, não foi presa, mas por que? "Explico, porque
ela possui foro privilegiado e só pode ser presa em flagrante
delito ou com autorização do Supremo Tribunal Federal. O Brasil
é o país em que mais autoridades possuem foro privilegiado,
o que significa que possuem benesse em ser julgados por cortes superiores e
responder à processos de outra forma, como, por exemplo, a Deputada
Flordelis não é obrigada a se dirigir à autoridade para depor,
ela pode marcar hora. Um país é medido em sua evolução democrática pelo número
de autoridades com foro privilegiado" comenta.
Neste momento do processo, o Ministério Público
denunciará os acusado pela prática do homicídio qualificado,
provavelmente motivo torpe, de forma a não propiciar a defesa da
vítima, uso de confiança, assim as penas podem ultrapassar os
trinta anos.
Com o recebimento da denúncia
pelo magistrado, os réus são citados e devem apresentar
defesa em 10 dias, através da qual é oportunizado todos os meios de prova,
testemunhal, documental e pericial para demonstrar que não
ocorreu homicídio e que o acusado não teve participação. Neste
momento, se o réu apresentar uma excludente da ilicitude, por exemplo
a legítima defesa, o réu pode
absolvê-lo sumariamente. "Neste caso acredito ser inaplicável a tese, mas
as defesas, com certeza, serão criativas e veremos o duelo de bons advogados
com promotores destemíveis" expõe.
Finalizada esta fase, o juiz profere a sentença de
pronúncia, que precisa ocorrer antes dos seis meses para que os réus
não sejam liberados. Caso o réu não concorde com a decisão do
magistrado ele pode recorrer ao Tribunal de Justiça respectivo, que no caso da
Deputada Flordelis será o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro. Caso, por mais uma vez o réu não concorde com a decisão do
Tribunal de Justiça do Estado, poderá ingressar no Superior Tribunal de Justiça
e no Supremo Tribunal Federal.
Em razão desse longo trâmite processual que os
processos contra levam 10 anos para serem julgado pelo tribunal do júri. Assim
como ocorreu com o caso do Deputado Carli Filho no Estado
do Paraná, quando o julgamento perante o Tribunal do Júri só ocorreu nove anos
após a denúncia.
Pronto para o julgamento no júri, a data é marcada,
os jurados escolhidos, os debates realizado e o membros da sociedade decidem se
o réu é culpado ou não e, se existem qualificadoras. Porém
quem determina a penalidade em anos de cárcere e qual o regime inicial de
cumprimento é o juiz.
"Por isso, posso afirmar com segurança que
esse processo será batido e debatido muito em nossa imprensa, pois com a
quantidade de réus, advogados e promotores, o debate será
longo" finaliza Dr Marcelo.
Dr.
Marcelo Campelo - Advogado especialista em direito empresarial
Rua. Francisco
Rocha, 62, Cj 1903, Batel, Curitiba.
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