Pediatra explica que
achismos disseminados na internet ainda prejudicam e aumentam o receito com as
vacinas
Uma
caderneta de vacinação preenchida corretamente mostra o quanto os pais são
comprometidos com a saúde dos filhos. Apesar de as vacinas serem uma
necessidade básica na vida do ser humano, mitos, dúvidas e processos, e até
mesmo questões emocionais, envolvem esse tema, principalmente no público
infantil.
A
pediatra Ana Fonseca explica que muitos pais ainda têm medo relacionados às
vacinas. Ela comenta que a insegurança começa no modo de aplicação injetável.
“Não é fácil segurar seu filho sabendo que ele sofrerá o desconforto e a dor da
agulhada, embora alguns métodos de aplicação já diminuem esse desconforto”,
diz, chamando a atenção também para o receito dos efeitos adversos e
desinformações espalhadas pela internet. “Nas redes sociais, podemos encontrar dados
que aterrorizam os pais, apesar de já terem sido cientificamente negados.
Achismos, crendices e ‘aconteceu com o amigo do vizinho do meu primo’ tomam
proporções surpreendentes no meio digital e, muitas vezes, são tomados como
verdades.”
A
médica pondera que cada vacina pode apresentar efeitos adversos específicos,
assim como tem contradições, apesar de pouco frequentes. No geral, são
benignos, locais, autolimitados e extremamente de menor relevância do que a
doença. Ela exemplifica o caso clássico que muitos pais trazem no consultório
do resfriado que coincidentemente pode surgir no mesmo dia ou dias seguintes da
vacinação da gripe. Ana destaca ainda que os eventos adversos podem ser
classificados como inesperados e esperados; leves como febre, dor e edema
local, ou mais graves e raros.
Existem
dois calendários vacinais oficiais no Brasil. A pediatra destaca que o ideal é
o preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que não é possível
de ser feito de forma completa gratuitamente na rede pública. “Ambos, o da SBP
e o Calendário Nacional de Vacinação do
Ministério da Saúde, possuem intervalos que precisam ser respeitados
entre doses e idade específica que cada vacina deve ser aplicada. Esses
conceitos estão bem definidos e documentados tanto na rede pública quanto na
privada.”
A
médica explica que, como regra geral, as vacinas dadas em dose única são BCG,
ao nascimento, e a febre amarela, a partir dos nove meses. O número de doses e
a data de início da vacinação variam ao longo do tempo conforme o estado
epidemiológico e disponibilidade da vacina e resposta vacinal. Ana
aconselha aos pais conversarem com o médico pediatra antes da data de vacinação
para que dúvidas sejam esclarecidas. “Assim, é possível ter conhecimento quanto
às vacinas aplicadas, seus possíveis efeitos adversos e as medicações que são
seguras em caso de desconforto e dor. Geralmente, analgésico e antitérmico são
utilizados com eficácia e segurança.”
Ela
destaca também que as vacinas vão além do consultório e a falta delas pode até
mesmo prejudicar viagens. “Alguns países exigem comprovação da vacina de febre
amarela, por exemplo, através do Certificado Internacional de Vacinação ou
Profilaxia.”
Ana
ressalta que a vacina não protege apenas quem a recebe, mas também a população
que ainda não possui idade para se vacinar e a pequena parcela que apresenta
contraindicação formal àquela vacina específica. “Quando deixamos de vacinar
nosso filho que frequenta a escola, creche ou simplesmente a comunidade,
estamos não apenas colocando-o em risco, mas também todas as pessoas que
convivem com ele”, frisa, exemplificando o retorno do sarampo, que era uma
doença considerada erradicada.
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