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ChildFund Brasil |
No País, 70% das
crianças não se sentem protegidas contra maus-tratos, índice superior à média
mundial, que é de 40%
A violência contra crianças é um grave problema
nacional que ultrapassa gerações, classe social, cultura, gênero e status
socioeconômico. No Brasil, 67% dos meninos e meninas com idades entre 10 e 12
anos não se sentem suficientemente protegidos contra a violência. O percentual
é superior ao verificado mundialmente, que é de 40%.
É o que revela o estudo
do ChildFund Brasil, agência humanitária internacional de
proteção e assistência a crianças, adolescentes, jovens e famílias em situação
de pobreza no país. O levantamento é um recorte nacional da pesquisa Small
Voices Big Dreams 2019, realizada pelo ChildFund Alliance com quase 5.500
crianças com idades entre 10 e 12 anos de 15 países diferentes.
Para aprofundar a realidade brasileira, o ChildFund
Brasil ouviu a opinião de 722 meninos e meninas nos estados em que atua: Minas
Gerais, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Bahia e Goiás.
Outro dado relevante mostrado pela pesquisa é que,
no Brasil, 90% dos meninos e meninas entrevistados rejeitam a violência física
como um instrumento de educação. No levantamento global, esse percentual é de
69%.
Também há diferença entre os dados mundiais e
brasileiros quanto à percepção sobre as ações de políticos e governantes para
proteger as crianças contra a violência. No Brasil, menos de 3% das crianças
acreditam que eles cumprem seu papel, contra 18,1% no mundo.
“Em regiões socialmente vulneráveis do Brasil, é
possível observar aspectos mais agravantes com relação à prática de
maus-tratos. Compreender todas as dimensões da violência e, principalmente,
ouvir as expectativas e concepções das crianças é fundamental para
erradicá-la”, afirma Águeda Barreto, assessora de Advocacy e Comunicação do
ChildFund Brasil.
É preciso ouvir as crianças
No Brasil, 26% dos meninos e meninas entrevistados
acreditam que as opiniões infantis não são consideradas em questões que lhes
dizem respeito. “O dado é preocupante, tendo em vista que a prevenção e o
combate da violência contra as crianças exigem o reconhecimento e o respeito
pelos direitos delas como indivíduos capazes de agir de forma autônoma e eficaz
diante de situações que os afetam diretamente”, reforça Águeda.
O estudo aponta que, para prevenir e combater a
violência, é essencial que os adultos ofereçam atenção, apoio e carinho às
crianças, reconhecendo os seus direitos.
As principais causas da violência infantil, na
avaliação das crianças brasileiras, são o fato de serem indefesas, a falta de
conhecimento dos direitos que elas possuem e a perda de autocontrole dos
adultos devido ao uso de substâncias.
Algumas das principais conclusões do estudo:
- De acordo com 83% dos entrevistados, os adultos deveriam amar mais as crianças: a oferta de atenção, apoio e carinho às criança, por parte dos adultos, é um fator-chave na prevenção e no combate à violência;
- 52% não concordam com a ideia de que as crianças não podem fazer nada para pôr fim à violência: a atitude delas, seja de denúncia seja de organização, constitui um importante mecanismo para prevenir a violência;
- Mais de 30% acreditam que as crianças não são suficientemente protegidas contra a violência no país em que vivem;
- A maioria das crianças percebe as ruas da vizinhança, praças, parques e transporte público como lugares de maior risco de violência;
- 82% dos respondentes concordam que é mais comum meninas sofrerem maus-tratos ou outras formas de violência do que os meninos.
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